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Como Analisar o Endividamento de uma Empresa?
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A análise dos financiamentos da empresa aponta a origem dos recursos, podendo esses serem provenientes dos lucros gerados pela sua atividade, dos seus sócios, no caso das empresas de capital aberto através da emissão de ações no mercado primário ou secundário e, por último, das dívidas assumidas com terceiros, financiamentos.

Assim, para cada investimento existe um financiamento. Toda aplicação em bens, direitos ou custos que beneficiarão exercícios seguintes é considerada Investimento. O Ativo representa o investimento total. Em qualquer investimento efetuado existe uma origem de recursos, mostrada pelo Passivo. Essa origem constitui o Financiamento. Todos os Índices extraídos do balanço procuram de certa forma medir a adequação entre investimentos e financiamentos.

A composição da estrutura de capital de uma empresa se deve às fontes de financiamentos utilizados. Os fundos aplicados vêm do patrimônio da empresa, o qual pertence aos acionistas (sócios), ou de terceiros (credores), e ambos esperam retorno sobre o valor fornecido. Quando eles são oriundos de seus proprietários são chamados de capitais próprios, representados pelo patrimônio líquido. Quando são oriundos de terceiros são tratados como dívida e se constituem do somatório de todas as obrigações que a empresa tem registrado no seu passivo.

A capacidade de investimento aumenta o potencial de retorno da empresa e a sua correspondente capacidade de endividamento, uma vez que ampliam o volume de ativos e a capacidade de geração de receitas. A composição dos recursos destinados a financiar a empresa deve ser planejada com objetivo de maximizar o valor do seu patrimônio líquido ao longo dos anos. De maneira geral, o uso elevado de capital de terceiros indica uma situação financeira precária, a depender do setor de atividade.

 

"Dinheiro às vezes custa caro...muito caro!"

Ralph Waldo Emersonb

Pode-se afirmar que o desenvolvimento sustentável de uma empresa seria aquele atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade da empresa de atender as suas próprias necessidades no futuro. Quando as metas de lucratividade de curto prazo levam a empresa ao crescimento não sustentável‚ o valor criado torna-se uma armadilha mortal que poderá comprometer os resultados futuros.

Portanto, a dívida por sua vez pode ser boa ou ruim. Quando a empresa tem uma dívida alta mas um lucro alto‚ normalmente isso significa que a dívida foi feita para melhorar a empresa, consequentemente é uma boa dívida. Dívida alta e lucro baixo significam que a empresa está com algum problema ou que os investimentos são para o longo prazo, neste caso‚ podemos dizer que no atual momento é uma dívida ruim.

Empresas financiam o seu crescimento com os ganhos de sua capitalização (venda de suas ações no mercado), com parte de seus lucros e com empréstimos. O retorno aos acionistas ocorre por meio dos proventos recebidos e pela valorização das ações da empresa. O retorno do capital de terceiros ocorre por meio do pagamento das dívidas, dos encargos, dos juros e dos financiamentos contraídos.

As duas opções geram para a empresa retornos e riscos que devem ser analisados de forma cautelosa. Se a empresa for muito dependente de empréstimos para financiar o seu negócio ou o seu crescimento isso pode corroer os seus lucros atuais e futuros, bem como o seu Patrimônio Líquido, em função do crescimento de seu endividamento causado pelo crescente gasto com juros e novos empréstimos. Consequentemente, o aumento de endividamento aumenta a possibilidade de falência de uma empresa.

Em suma, o Ativo (aplicação de recursos) é financiado por capitais de terceiros (Passivo Circulante + Passivo não Circulante) e por capitais próprios (Patrimônio Líquido). Portanto, capitais de terceiros e capitais próprios são fontes (origens) de recursos. O endividamento de empresas que recorrem a dívidas como um complemento dos capitais próprios para realizar aplicações produtivas no seu ativo (ampliação, expansão, modernização, etc.) é considerado sadio, mesmo sendo um tanto elevado, pois as aplicações produtivas deverão gerar recursos para saldar o compromisso assumido.

Por outro lado, o endividamento é ruim quando a empresa recorre a dívidas para pagar outras dívidas que estão vencendo. Por não gerar recursos suficientes para saldar os seus compromissos recorre a empréstimos sucessivos. Permanecendo neste círculo vicioso a empresa será uma séria candidata à insolvência e, consequentemente, à falência.

Quanto maior for a utilização de recursos de terceiros maior será o nível de alavancagem financeira, ou seja, ocorrerá a ampliação conjunta dos níveis de risco e do retorno. Cabe lembrar que no processo de falência a propriedade dos ativos da empresa é legalmente transferida dos acionistas para os credores.

"Por maior que seja o talento ou o esforço‚ algumas coisas exigem tempo: não dá para produzir um bebê em um mês engravidando nove mulheres".
Warren Buffett

Quanto mais uma empresa investe maior é seu potencial de retorno. Para isso‚ ela precisa de caixa. O dinheiro poderá vir do seu patrimônio líquido ou de terceiros. Caso venha de terceiros o dinheiro será considerado uma dívida. Em geral, o uso elevado de capital de terceiros indica uma situação financeira nada saudável, principalmente em alguns setores da economia, como aviação por exemplo. Por outro lado, ao captarem uma dívida os acionistas podem manter o controle da empresa sem aumentar seus investimentos.

Se por um lado um maior endividamento pode se constituir em uma maior produção, venda e lucro, por outro pode significar um aumento do risco financeiro, representado pela pressão dos pagamentos das parcelas da dívida e de juros, que tendem a se tornarem cada vez maiores, principalmente em relação ao lucro líquido. Se as atividades comerciais declinarem em função de uma contração no nível econômico o lucro líquido também declinará, aumentando a probabilidade da empresa não ser capaz de efetuar os pagamentos com os lucros operacionais existentes.

Portanto, lembre-se de que a alavancagem financeira embora possa ser benéfica durante um período cíclico de expansão, é danosa durante uma fase cíclica de contração. Via de regra quanto maior a dívida maior o grau de alavancagem financeira da empresa e, consequentemente, maior o risco apresentado por ela.

De fato, lucros atrelados a endividamentos são muito mais arriscados do que lucros gerados através de patrimônio. Cada vez que o nível de dívida aumenta o risco do negócio também aumenta. Isso porque uma empresa com mais dívida primeiramente aumenta o seu custo financeiro, que é basicamente um custo fixo. Adicionalmente isso torna a empresa mais vulnerável em períodos de desempenho abaixo do esperado e, portanto, aumenta a chance da empresa chegar a falência ou liquidação.

No limite, se a empresa passar por muitas dificuldades e precisar ser liquidada, um valor maior precisará ir para os credores (que emprestaram dinheiro para a empresa) antes que qualquer capital possa começar a ser restituído aos acionistas. Uma empresa com alavancagem financeira baixa sempre será menos arriscada do que uma empresa com alavancagem financeira alta, mantidos constantes os outros fatores de análise.

 

Normalmente, uma companhia que é financiada completamente por patrimônio líquido pode se recuperar de uma crise, mas uma companhia que é financiada por dívidas poderia não se sair tão bem assim na mesma situação.

Em finanças alavancagem é o termo geral para qualquer técnica aplicada para multiplicar a rentabilidade por meio de endividamento. O incremento proporcionado através da alavancagem também aumenta os riscos da operação e a exposição à insolvência. A Alavancagem Financeira nos dá uma medida do nível de endividamento usado pela empresa e, portanto, diferentemente dos Índices de rentabilidade, apesar de aumentar o ROE não é preferível que seja alta e crescente.

Prefira empresas que utilizam capital próprio para gerar lucros, pois o custo deste é significativamente menor, além de ser uma forma de financiamento muito mais segura, podendo ser considerado uma vantagem em relação às empresas que utilizam capitais de terceiros em demasiado.

Ao mesmo tempo, não é necessário que o nível de dívida seja zero. Empresas de Setores que apresentam lucros EBITDAs mais estáveis ao longo dos anos, tais como Elétricas e Saneamento, podem se aproveitar de uma maior alavancagem em razão da constância de seus resultados, assim como instituições financeiras em razão do grande volume de dinheiro que captam e administram, em comparação às Empresas de Setores cujos resultados são menos previsíveis, tais como Varejo e TI.

Sendo assim, a alavancagem financeira é positiva quando capitais de longo prazo de terceiros produzem efeitos positivos sobre o patrimônio líquido. A melhor maneira de se analisar a alavancagem de uma companhia é verificar a tendência de suas dívidas em comparação com o ROE para saber se a companhia está conseguindo aumentar ou pelo menos manter o ROE ao aumentar o seu endividamento.

 
"A economia, que é uma virtude, é uma necessidade na pobreza, um ato de juízo na mediania, e na opulência um vício".
Bernard Fontenelle

A alavancagem financeira visa o crescimento saudável do ativo e do patrimônio líquido da empresa. Para isso é fundamental conseguir balancear os benefícios e os custos da alavancagem. Escolher a melhor maneira de financiar a estratégia de crescimento da empresa diante dos fatores macroeconômicos, setoriais e da situação da empresa, seja através de capital próprio ou de terceiros (empréstimos ou emissão de novas ações no mercado), é fundamental para o seu sucesso. Para isso‚ há de ser analisada a relação entre o custo de oportunidade do capital próprio ou de terceiros e a rentabilidade futura proporcionada pelo aumento do ativo, mensurando a qualidade da alavancagem e a sustentabilidade desta no longo prazo.

Os capitais de terceiros de longo prazo só são vantajosos para uma empresa quando o retorno sobre o patrimônio líquido for superior ao retorno sobre o ativo. De nada adiantaria a uma empresa captar recursos a longo prazo se estes fizessem com que o retorno sobre o patrimônio líquido recuasse à sua posição anterior à da captação. Alavancagem financeira é isso: a "alavanca" que esta captação produz (ou não) no retorno aos acionistas. São formas comuns de gerar alavancagem: tomar dinheiro emprestado, comprar ativos imobilizados, usar derivativos e emitir novas ações no mercado.

A alavancagem tem diferentes implicações para a empresa e para os investidores. O principal fator de retorno do acionista é a valorização do preço de mercado das suas ações. Se o retorno sobre o patrimônio líquido estiver alto, a princípio, o retorno dos acionistas também será maior numa empresa muito alavancada.

 

Contudo, o inverso também é verdadeiro. Quando o ROE está baixo o retorno dos acionistas de uma empresa muito alavancada tenderão também a serem baixos. É interessante observar se o ROE não está sendo mantido alto ou crescente de maneira "artificial" por um aumento excessivo da alavancagem financeira. Se usada de maneira equilibrada e prudente a alavancagem financeira pode melhorar o ROE sem aumentar consideravelmente o risco do acionista.

Assim, os indicadores de alavancagem mostram o relacionamento entre as fontes de capital da empresa, representadas pelo patrimônio líquido, em relação ao capital de terceiros, representado pelo passivo circulante e o passivo não circulante. Portanto, demonstram como o controlador da empresa está mantendo a relação entre o capital próprio e o capital de terceiros e como está conseguindo transformar esses recursos em ativos e, principalmente, em um maior patrimônio líquido para os acionistas. Estes Índices estão relacionados à composição dos capitais (próprios e de terceiro) e medem os níveis de imobilização de recursos, que buscam identificar diversas relações na estrutura da dívida da empresa.

"O aparecimento de uma dessas duas doenças super contagiosas do mercado, o medo e a ganância, sempre ocorrerão no mundo dos investimentos. Embora não possamos precisar exatamente quando estas epidemias irão ocorrer, o investidor deve ter medo quando os outros são gananciosos e ser ganancioso quando os outros têm medo.".

Warren Buffett

Os Índices de endividamento mensuram a qualidade e a quantidade da dívida de uma empresa, ou seja, nos informam se a empresa se utiliza mais de recursos de terceiros ou de recursos próprios e, se os recursos de terceiros têm seu vencimento em maior parte a curto ou a longo prazo, a fim de identificar também se os níveis de endividamento estão saudáveis ou se a empresa está enfrentando dificuldades financeiras, além de avaliar se a companhia está gerando caixa suficiente para pagar suas dívidas e garantir o crescimento sustentável de suas atividades. O endividamento exagerado é o principal empecilho para a recuperação de uma economia ou de uma empresa. Os Índices de estrutura de capital da empresa são:

Grau de Alavancagem Financeira GAF - Avalia o comportamento do endividamento da empresa em relação à rentabilidade do seu patrimônio líquido. A alavancagem financeira pode ser definida como a capacidade que os recursos de terceiros apresentam na empresa para expandir a rentabilidade do seu patrimônio líquido. O GAF mede o quanto o capital de terceiros está contribuindo para gerar resultado para os acionistas, se está melhorando ou piorando a rentabilidade da empresa.

Portanto, quanto maior for melhor, pois o baixo custo do capital de terceiros (credores) atuará como uma alavanca, impulsionando os retornos da empresa. Contudo, maior será o seu endividamento e, assim, maior será o seu risco financeiro no caso de algo dar errado. Geralmente, elevações na alavancagem da empresa resultam em aumentos de riscos e de retornos; reduções na alavancagem resultam em menores riscos e menores retornos.

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A medida do grau de alavancagem financeira (GAF) de uma empresa é um importante indicador do grau de risco a que empresa está submetida. Se existe a presença de capital de terceiros de longo prazo na estrutura de capital, a empresa estará "alavancada", ou seja, corre risco financeiro.

 

Quando o GAF for maior que 1 a alavancagem é favorável. Significa que o capital de terceiros está contribuindo para gerar retorno adicional sobre o patrimônio líquido da empresa, portanto, é uma alavancagem positiva (saudável). Quando for igual a 1 a alavancagem é nula.

Entretanto, quando o GAF for menor que 1 a alavancagem é desfavorável, pois o custo do capital de terceiros (empréstimos) é maior do que o retorno que está gerando, portanto, está consumindo o patrimônio líquido da empresa ao invés de incrementá-lo (alavancagem negativa).

Dessa forma, podemos concluir que só é vantajoso para uma empresa os capitais de terceiros de longo prazo quando o retorno sobre o patrimônio líquido ROE for superior ao retorno sobre o ativo ROA e ao retorno sobre o capital investido ROIC. Assim, o GAF acaba por medir a eficiência da empresa na utilização do capital de terceiros a fim de elevar a rentabilidade do seu capital próprio, aumentando o patrimônio líquido dos seus acionistas.

Contudo, é importante verificar se a empresa ao gerar um ROE alto possui um patrimônio líquido significativo. Como o Patrimônio Líquido é o denominador do ROE, empresas que apresentam baixos patrimônios líquidos e recorrem a empréstimos para se alavancar podem vir a apresentar elevados ROE´s, gerando uma falsa indicação para os investidores.

Apesar do ROE neste exemplo ser alto, o ROA e o ROIC serão baixíssimos, bem como a cobertura dos ativos pelo patrimônio líquido, indicada por um baixo Índice Patrimônio/Ativo, o que implicará num maior risco financeiro tanto para os investidores como para os credores devido à grande alavancagem e ao baixo patrimônio. Assim, a empresa poderá apresentar no momento um GAF maior de 1 em razão do ROE ser alto devido ao baixo patrimônio líquido e em razão do ROA ser baixo em razão da alavancagem.

O problema ao se alavancar uma empresa como uma forma de aumentar o ROE é que depois de um certo ponto os custos da dívida diminuirão as margens e o giro de ativos. Embora existam diversos casos em que o endividamento é positivo, não é algo que a administração queira elevar a valores cada vez mais altos, como é o caso da lucratividade e do giro de ativos, pois lucros atrelados a endividamentos são muito mais arriscados do que lucros gerados através de patrimônio.

Normalmente uma empresa que é financiada completamente por patrimônio líquido pode se recuperar de uma queda, mas uma que é financiada por dívidas pode não se sair tão bem assim na mesma situação. Quanto mais alavancada (endividada) a empresa maior será o seu ROE e menor será o ROA. Contudo, à medida que a empresa contrai mais dívidas o capital próprio remanescente se torna mais arriscado, ficando cada mais comprometido em razão do alto endividamento, pois a alavancagem aumenta a probabilidade de insolvência.

Investidores pagam menos por firmas que geram lucros com alavancagem. Existem boas explicações para isso, o motivo principal é o fato do endividamento aumentar o risco de que a empresa seja afetada por uma queda cíclica. Esse risco é descontado no preço que os investidores estariam dispostos a pagar por lucros futuros. Como as dívidas aumentam as possibilidades de falência, os investidores são mais cautelosos sobre o preço que podem estar pagando pela ação.

O efeito colateral de se maximizar a alavancagem para aumentar o ROE é a desvalorização do preço de mercado das ações da empresa. Dessa forma, a melhor maneira de se analisar a alavancagem de uma empresa é observar a tendência de suas dívidas em comparação com o ROE para saber se a empresa está conseguindo manter o ROE aumentando seu endividamento, examinando assim a qualidade desse retorno.

Diante disso, é importante avaliar se a Empresa tem sido capaz de gerar o crescimento do Patrimônio Líquido e de gerar um GAF acima de 1, indicando uma boa relação entre o retorno do PL e o Retorno do Ativo.

"Eu quero estar apto a olhar para trás e dizer, "Eu fiz tudo o que podia, e fui bem sucedido." Eu não quero olhar para trás e dizer que deveria ter feito isso ou aquilo."
Michael Phelps

Grau de Endividamento - Este Índice revela se uma empresa é muito ou pouco endividada, ou seja, se usa muito ou pouco capital de terceiros  onerosos e não onerosos . Expressa a proporção de recursos de terceiros financiando o Ativo e, complementarmente, a parcela do Ativo financiada pelos recursos próprios (Patrimônio Líquido). Quanto maior o quociente mais endividada está a empresa e maior será o risco dela não conseguir pagar os seus compromissos.

Seu resultado não deve ser maior que 100%, sendo o ideal um valor entre 40% e 60%, com exceção aos bancos que apresentam valores maiores, visto que grande parte dos seus ativos pertencem a credores. Valores acima de 75% indicam alto endividamento e alto risco para os investidores. Um grau de endividamento de 30% significa que a empresa está financiando 30% dos seus ativos através do capital de terceiros (dívidas) e 70% através de recursos próprios (patrimônio líquido).

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A princípio, quanto maior o endividamento maior o risco. Cada setor possui um Índice médio de endividamento, o qual deve ser comparado ao apresentado pela empresa analisada, além de interpretada as tendências de ambos. Logo, os credores preferem Índices de endividamento baixos, pois quanto menor forem maior será a proteção contra prejuízos e a garantia dos empréstimos em caso de falência da companhia.

Mas o fato da empresa ser muito endividada não significa necessariamente algo ruim. Tudo irá depender da composição da dívida. Pode ser que a atividade da empresa seja de curto prazo e exija a geração de grandes volumes de capital de giro no curto prazo para honrá-la e, portanto, além do seu grau de endividamento ser alto o seu risco financeiro também será alto. Da mesma forma, se a sua atividade for estável pode haver maior nível de endividamento porque há capacidade de prever o fluxo de geração de recursos futuros os quais honrarão essas dívidas. Se for instável haverá um maior risco de inadimplência e falência porque os resultados são menos previsíveis.

Um grau de endividamento de 100% indica que os ativos da empresa são suficientes apenas para cobrir as dívidas, portanto, esta não possui patrimônio líquido. Valores acima de 100% indicam uma situação de insolvência, quando as dívidas são superiores aos ativos e, portanto, a empresa não possui ativos suficientes para cobrir suas dívidas (passivo a descoberto). Assim, quanto menor for o endividamento menor o risco que a empresa estará oferecendo aos capitais de terceiros (credores).

Entretanto, deve-se considerar que determinadas empresas convivem muito bem com endividamento relativamente elevado, principalmente quando o endividamento tiver um perfil de longo prazo ou quando o Passivo de Curto Prazo não for oneroso, mas resultado de uma administração coerente do capital de giro. Assim, caso a despesa financeira seja menor que o retorno auferido pela utilização no negócio dos recursos captados via empréstimos, o endividamento, apesar de elevado, será considerado favorável para a empresa, pois aumentará o seu ROE e ao mesmo tempo apresentará um risco menor em razão disso.

Uma forma de avaliar a situação econômica é observar o Patrimônio Líquido da empresa e a sua variação. Evidentemente, o crescimento real do Patrimônio Líquido vem a fortalecer a situação econômica. O fortalecimento do Capital Próprio (PL) em relação ao Capital de Terceiros propicia à empresa uma posição mais sólida. O aumento do endividamento é apropriado somente quando o lucro e o ROE aumentam numa proporção maior que o próprio endividamento da empresa e a sua margem líquida é mantida.

Ou seja, desde que os lucros sejam suficientes para pagar as parcelas das dívidas e os juros e ainda incrementem o patrimônio líquido. O perigo ocorre quando os lucros e a margem de lucro começam a diminuir em razão do crescimento do endividamento. Esse contexto leva a degradação do patrimônio líquido da empresa com o passar do tempo, sendo claramente representado por um patrimônio líquido que diminui com o passar do tempo e um ROE decrescente, além da perda de liquidez financeira.

Por isso, deve-se acompanhar ao longo dos anos as variações na relação entre ativo total e passivo total. Se o endividamento está aumentando numa escala maior do que os lucros aumentam, a tendência será a redução do patrimônio líquido ao longo dos trimestres. Isso é péssimo tanto para o futuro da empresa como para a expectativa que o mercado tem sobre ela. É de se esperar uma expectativa negativa a respeito da performance e dos resultados futuros da empresa enquanto ela se mantiver nessa situação "deficitária".

Diante disso, é importante avaliar se a Empresa consegue manter bons níveis no seu Grau de Endividamento à medida que o Passivo cresce ao longo dos trimestres, indicando uma boa relação entre os Passivos e os Ativos.

 

"Não sou jovem o bastante para saber tudo".

Oscar Wilde

Composição do Endividamento - Indica o quanto a empresa está comprometida com dívidas de curto prazo em relação ao total das suas dívidas. Sua finalidade é identificar o perfil do endividamento, ou seja, que percentual das obrigações totais correspondem a dívidas de curto prazo. De forma geral, quanto menor for este Índice melhor. Valores elevados (acima de 50%) indicam um perfil da dívida mais arriscado. Quanto menor for o quociente menor será a concentração de dívidas de curto prazo. Uma composição do endividamento de 40% significa que 40% das dívidas da empresa são de curto prazo e vencerão num período inferior a um ano.

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Se o grau de endividamento revelou qual é a participação dos capitais de terceiros no empreendimento é preciso identificar o percentual de longo prazo e o percentual de curto prazo que a empresa será obrigada a restituir. A composição do endividamento é uma medida da qualidade do Passivo da empresa, em termos de prazo, pois compara o montante de dívidas no Curto Prazo com o endividamento total. Admite-se que quanto mais curto o vencimento das parcelas maior será o risco oferecido pela empresa.

Assim, quanto menor o resultado melhor, pois as dívidas a curto prazo referem-se às que precisam ser pagas com recursos já disponíveis ou que venham a ser gerados a curto prazo. De outra forma, empresas com endividamento concentrado no longo prazo, principalmente decorrente de investimentos efetuados, oferecem uma situação mais tranquila no curto prazo e um menor risco financeiro, visto que além de possuírem prazos superiores a um ano para quitar essas obrigações os investimentos realizados em ativos financiados por esses empréstimos gerarão maiores lucros no futuro, caso o resultado dessa alavancagem seja positivo.

Faz-se necessário então prestar atenção ao endividamento de curto e de longo prazo, pois a empresa pode ter boa situação financeira hoje, mas estar comprometida no futuro por altos empréstimos de longo prazo. Uma coisa é ter dívidas de curto prazo que precisam ser pagas com os recursos possuídos hoje mais aqueles gerados a curto prazo (e nós sabemos as dificuldades em gerar recursos a curto prazo); outra coisa é ter dívidas a longo prazo, pois a empresa dispõe de tempo para gerar recursos para pagar essas dividas.

As dívidas a curto prazo (passivo circulante) são aquelas cujos vencimentos ocorrem dentro do exercício seguinte (menor que 1 ano). Já as dívidas a longo prazo (passivo não circulante) têm vencimentos após o término do exercício seguinte (maior que 1 ano), dando uma maior folga para a empresa. Por via de regra, o endividamento a curto prazo normalmente é utilizado para financiar o ativo circulante e o endividamento a longo prazo normalmente é utilizado para financiar o ativo imobilizado.

Na maioria das vezes é mais favorável uma maior participação de dívidas a longo prazo, propiciando à empresa tempo maior para gerar recursos que saldarão os compromissos, ou mesmo, renegociá-los. Expansão e modernização devem ser financiadas com recursos a longo prazo e não pelo passivo circulante, pois os lucros a serem gerados pela expansão e modernização virão a longo prazo. Além disso, é ideal que a empresa apresente um ativo circulante superior ao seu passivo circulante, de forma que ainda possa financiar parte do passivo não circulante.

Se a composição do endividamento apresentar uma significativa concentração no Passivo Circulante (curto prazo) a empresa poderá ter dificuldades num momento de reversão de mercado, o que não aconteceria se as dívidas estivessem concentradas no longo prazo. Na crise ela terá poucas alternativas: vender seus estoques na base de uma liquidação forçada a qualquer preço; assumir novas dívidas a curto prazo, que certamente terão juros altos, o que aumentará ainda mais as despesas financeiras de dívidas no curto prazo.

Sendo assim, é muito mais conveniente para a empresa que suas dívidas sejam de longo prazo, pois assim ela terá mais tempo para buscar ou gerar recursos para saldá-las, sem a necessidade de adquirir empréstimos em condições desfavoráveis ou liquidar seus estoques a qualquer preço. Porém, se os recursos no curto prazo forem mais baratos a interpretação de quanto menor melhor pode inverter-se.

Por outro lado, se uma empresa depende cada vez mais de empréstimos de longo prazo para mover seu negócio os lucros irão diminuir a cada ano em função do seu endividamento crescente, podendo chegar ao ponto da empresa não poder pagar dividendos em razão de ter que pagar juros e empréstimos anteriores, evoluindo até mesmo para uma situação em que a empresa passe a necessitar de empréstimos para financiar o seu ativo circulante. Todo esse processo pode ser observado por um patrimônio líquido, uma margem líquida‚ e um ROE decrescentes ao longo dos trimestres, bem como a piora dos Índices de liquidez.

Assim, a administração da empresa deve ter como meta o alongamento de suas dívidas, visando aliviar a pressão sobre o seu caixa para honrar compromissos a curto prazo, melhorando assim a sua liquidez corrente. Ressaltamos que o endividamento não deve ser visto como algo necessariamente ruim, desde que o retorno auferido pelo negócio seja superior ao custo financeiro dos empréstimos, o que pode ser observado por um ROE alto, crescente e superior ao ROA ao longo dos trimestres.

Diante disso, é importante avaliar se a Empresa consegue manter bons níveis na sua Composição do Endividamento à medida que o Passivo cresce ao longo dos trimestres, indicando uma boa relação entre os Passivos Circulantes e os Passivos não Circulantes. Quando as contas do Ativo Circulante crescem num percentual acima do crescimento das contas do Passivo Circulante ao longo dos trimestres a empresa tem gerado mais caixa e melhorado a sua liquidez, gerando uma melhor situação financeira, a qual será mais favorável ainda caso o giro dos ativos e/ou a sua margem líquida aumentem. Uma situação contrária indicaria uma piora na sua situação financeira e, consequentemente, um aumento do risco.

 

"Para se tornar rico o primeiro passo é evitar a pobreza".

Capital e Valor

Participação de Capitais de Terceiros PCT - Este Índice mostra o quanto as obrigações da empresa (passivos) representam em comparação ao Patrimônio Líquido, retratando a dependência da empresa em relação aos recursos externos. Indica quanto a empresa tomou de capitais de terceiros em relação ao seu capital próprio.

Quanto menor dependência melhor. Um PCT de 50% significa que a empresa possui obrigações com terceiros equivalentes a 50% do seu patrimônio líquido, ou seja, para cada R$100,00 de patrimônio líquido a empresa possui R$ 50,00 de obrigações (passivos onerosos e de funcionamento). Normalmente valores superiores a 200% indicam um perfil de dívida mais alavancado, o que não necessariamente será ruim desde que a alavancagem seja positiva (GAF superior a 1), ou seja, desde que o retorno sobre o PL (ROE) gerado por ela seja maior do que os custos das dívidas assumidas.

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O resultado da conta acima indicará qual é o percentual de capital de terceiros frente o patrimônio líquido da empresa. Quanto maior for o seu valor maior será a participação de capitais de terceiros no financiamento das operações, o que pode indicar além de uma maior alavancagem e, consequentemente, um maior risco, baixa rentabilidade, baixa geração de patrimônio líquido e alto custo com juros e parcelas de financiamentos.

Empresas que se financiam predominantemente através de patrimônio líquido ao invés de empréstimos e dívidas com terceiros (endividamento) apresentam um menor risco de insolvência e tendem a apresentar maiores ROE´s, pois o custo do capital próprio é menor do que o custo do capital de terceiros, os quais acarretam juros e parcelas que consumirão parte do lucro e, nos piores casos, gerarão prejuízo em razão dos custos das dívidas serem maiores do que o lucro.

O Índice de Participação de Capitais de Terceiros relaciona, portanto, as duas grandes fontes de recursos da empresa, ou seja, Capitais Próprios e Capitais de Terceiros. É um indicador de risco ou de dependência ao capital de terceiros por parte da empresa. A análise desse indicador por diversos exercícios mostra a política de obtenção de recursos da empresa. Ou seja, indica se a empresa vem financiando o seu Ativo predominantemente com recursos próprios ou com recursos de terceiros (alavancagem), e em que proporção.

Já através da composição das dívidas saberemos se os recursos de terceiros têm seu vencimento em maior parte no Curto Prazo (passivo circulante) ou a Longo Prazo (passivo não circulante). Obviamente, o endividamento elevado composto em maior parte por dívidas de curto prazo se mostra um cenário muito arriscado e desafiador.

De maneira geral o aumento no PCT da empresa é benéfico quando este gera um aumento do ROE numa proporção maior e a liquidez corrente da empresa e a composição do seu endividamento são pouco afetados. Ou seja, o aumento do endividamento é saudável, pois está gerando um crescimento proporcionalmente maior do lucro e, consequentemente, do patrimônio líquido da empresa, sendo que as dívidas assumidas têm um perfil menos arriscado, pois vencem no longo prazo (superior a um ano).

Por outro lado, o aumento no PCT da empresa é ruim quando vem acompanhando de uma diminuição no ROE e na liquidez corrente da empresa juntamente com um aumento na composição do endividamento. Ou seja, o endividamento é ruim, pois está prejudicando o crescimento do patrimônio líquido da empresa, reduzindo a sua liquidez e aumentando a proporção das dívidas de curto prazo, o que são péssimos sinais para o futuro, mostrando claramente uma deterioração financeira e o aumento risco de insolvência.

Quanto maior for a relação entre capitais de terceiros e o patrimônio líquido maior será a participação de capital de terceiros na empresa e, consequentemente, maior será a dívida da empresa (alavancagem), menor será a sua liberdade de decisões financeiras e maior será a sua dependência ao capital de terceiros, o que torna a empresa vulnerável a qualquer intempérie e dificulta a obtenção de financiamentos. Por outro lado, quanto menor for a dependência de capital de terceiros melhor será a liquidez da empresa e, portanto, menor será o seu risco financeiro, o que proporcionará melhores condições na obtenção de financiamentos. Deve-se comparar o resultado à média do setor a fim de verificar se a empresa está muito alavancada.

Se a empresa apresentar um histórico desse Índice consistentemente e acentuadamente maior que 200% indicaria uma dependência exagerada de recursos de terceiros (alavancagem). A tendência crescente deste Índice se conjuga, em geral, com uma tendência declinante no Índice de liquidez geral. Este é um sintoma típico das empresas que vão à falência, apresentam alto Índice de recursos de terceiros durante um longo período, ROE declinante e uma geração de caixa insuficiente (alavancagem negativa), resultando na deterioração do patrimônio líquido em razão de prejuízos recorrentes e em último caso a insolvência e posteriormente a falência.

Contudo, do ponto de vista da obtenção de lucro pode ser vantajoso para a empresa trabalhar com capitais de terceiros se a remuneração paga a esses capitais for menor do que o lucro gerado com a sua aplicação nos negócios, o que consequentemente aumentará o ROE (alavancagem positiva).

 

Sendo assim, é importante medir o quanto de capital de terceiros (passivos) existe em relação ao capital próprio (patrimônio líquido), que acima de 200% implica grande alavancagem, e o percentual de dívidas de curto prazo no total do endividamento, que se muito elevado (acima de 50%) pode comprometer o caixa da empresa. O crescimento do Capital Próprio (PL) em relação ao Capital de Terceiros melhora a situação econômica e a liquidez da empresa. Portanto, quanto menor for o grau de endividamento e o PCT maior será a capacidade financeira da empresa no longo prazo.

Diante disso, é importante avaliar se a Empresa consegue manter bons níveis na sua Participação de Capitais de Terceiros à medida que o Passivo cresce ao longo dos trimestres, indicando uma boa relação entre Passivos e Patrimônio Líquido e, principalmente, se consegue gerar o crescimento do Patrimônio Líquido.

 
"Não importa o quão ruim a vida possa ser, há sempre alguma coisa que você pode fazer e ter sucesso. Enquanto há vida, há esperança".
Stephen Hawking

Patrimônio/Ativo - Este Índice indica qual percentual dos ativos está coberto pelo patrimônio líquido, mostrando indiretamente o nível de alavancagem da empresa. Portanto, quanto maior melhor. Valores baixos indicam que uma pequena parte dos ativos está atrelada ao capital próprio da empresa e uma grande parte está atrelada a capitais de terceiros (dívidas), implicando maiores riscos e despesas com empréstimos e financiamentos. Um Patrimônio sobre Ativo de 40% significa que a empresa está financiando 40% dos seus ativos através de recursos próprios (patrimônio líquido) e 60% através do capital de terceiros (dívidas).

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Assim, níveis altos de exposição a capitais de terceiros (grande endividamento) podem deteriorar a saúde financeira e o patrimônio líquido, podendo até mesmo comprometer a sustentabilidade da empresa. Caso parte dos ativos se torne podre, ou seja, caso a empresa não consiga convertê-los em dinheiro em razão da inadimplência de clientes, ou caso a rentabilidade dos ativos ROA e o giro dos ativos diminuam, uma empresa que apresenta um Índice PL/Ativo baixo terá sérios problemas de liquidez e até mesmo de solvência, o que pode ser observado em baixos Índices de liquidez e um baixo grau de solvência, além de um baixo e declinante GAF.

Contudo, desde que o ROE gerado através da alavancagem seja alto e superior ao custo dos empréstimos e financiamentos será vantajoso para a empresa se financiar com capitais de terceiros, ainda que em quantidades elevadas, visto que a alavancagem é positiva e a empresa apresenta um GAF acima de 1.

É importante observar que empresas que apresentam baixos patrimônios líquidos e recorrem a empréstimos para se alavancarem podem vir a apresentar elevados ROE´s em razão dos seus patrimônios líquidos serem baixos, gerando uma falsa indicação para os investidores. Apesar do ROE neste exemplo ser alto, o ROA e o ROIC serão baixíssimos, bem como a cobertura dos ativos pelo patrimônio líquido, indicada por um baixo Índice Patrimônio/Ativo, o que implicará num maior risco financeiro tanto para os investidores como para os credores devido à grande alavancagem e ao baixo patrimônio.

Não existe um valor ideal para este indicador, pois cada setor possui seu próprio padrão de estrutura de capital, porém valores abaixo de 25% de maneira geral são considerados ruins, implicando um perfil de endividamento muito arriscado (exceto para bancos e financeiras, visto que grande parte dos seus ativos pertencem a credores). O crescimento deste indicador ao longo dos trimestres indica melhora de liquidez e, obviamente, crescimento de patrimônio líquido.

Valores elevados do Índice PL/Ativo indicam que a empresa apresenta uma estrutura de capital mais segura e conservadora e, possivelmente, de baixo risco, visto que a maior parte dos ativos apresentam baixa alavancagem, ou seja, são financiados por capital próprio e estão sob o controle da empresa e também em razão da sua baixa necessidade de empréstimos e financiamentos para a realização de suas atividades, o que ainda facilita a obtenção de crédito e em condições mais favoráveis.

Diante disso, é importante avaliar se a Empresa consegue manter bons níveis de Patrimônio/Ativo à medida que o Ativo e o Passivo crescem, indicando uma boa cobertura dos Ativos pelo Patrimônio Líquido.

"Se você não der valor ao seu tempo, ninguém vai dar. Pare de entregar seu tempo e talento. Dê valor àquilo que conhece e comece a cobrar por isso."
Kim Garst

Dívida Bruta - O conceito da dívida bruta de uma empresa é a soma apenas daqueles passivos que geram despesas financeiras, tanto de curto como de longo prazo (passivos onerosos). As dívidas com fornecedores, controladas, obrigações fiscais e demais passivos ligados ao ciclo operacional da empresa não são levados em consideração. Constitui-se da soma do total de empréstimos e financiamentos de curto e longo prazo, incluindo-se os títulos emitidos pela empresa (debêntures).

Dívida Bruta = Empréstimos e Financiamentos do Passivo Circulante + Empréstimos e Financiamentos do Passivo Não Circulante

É importante interpretar as características da dívida de uma empresa, a parcela onerosa e a não-onerosa. As dívidas onerosas são caracterizadas pelo ônus dos juros e encargos (empréstimos e financiamentos). As dívidas não-onerosas representam os Passivos do ciclo operacional (folha de pagamento, encargos tributários e trabalhistas, fornecedores). Quanto maior o volume de dívidas onerosas, menor será a liquidez da empresa e maior o risco, principalmente se a maior parte dos empréstimos tiver vencimento no curto prazo (menos de 1 ano).

O endividamento saudável ocorre quando a empresa se utiliza do endividamento para realizar investimentos que acabam por gerar mais receita, mais lucro, boas margens e bons retornos, de forma que compensem os juros e os custos do endividamento. Se isso não acontecer, os juros e a dívida irão corroer os lucros e o patrimônio da empresa. Isso inevitavelmente tornará a empresa menos valiosa refletindo essa condição no preço de suas ações no decorrer do tempo.

Entretanto, uma empresa que apresenta uma dívida onerosa baixa, especialmente se for baixa em comparação às demais empresas do setor, pode não estar usando adequadamente a alavancagem que poderia aumentar sua lucratividade através de investimentos em expansão, estoques e produção que poderiam ser proporcionados através da obtenção de empréstimos ou da emissão de títulos de dívida e ações, desde que em condições vantajosas para a empresa.

Existem casos de empresas que fazem empréstimos para investir no seu crescimento, seja através da emissão de debêntures ou de novas ações no mercado ou assumindo financiamentos, e de empresas que buscam a reestruturação de seu passivo buscando alongar as suas dívidas através dessas mesmas estratégias. Essa situação é comum numa empresa que faz o uso intensivo de capital de terceiros e que poderá se tornar insolvente, ou que já está, caso haja uma queda acentuada no seu lucro operacional, o que dificultará o pagamento dos juros e a amortização do principal, além de desequilibrar a estrutura de capital da empresa enquanto suas margens são corroídas por perdas financeiras.

Quando uma empresa emite ações, obtém recursos estáveis cuja devolução não é compulsória. O lançamento de ações é uma operação de aumento do patrimônio líquido da empresa. O investidor que adquirir essas ações será beneficiado pelos pagamentos de dividendos e pela valorização do papel, caso ocorram. Já no caso da emissão de uma debênture a empresa está contraindo uma dívida de longo prazo sobre a qual incide juros através de um indexador.

Portanto, os acionistas buscam um bom retorno para seu capital investido e os titulares da dívida esperam o retorno do seu capital emprestado e dos juros acordados no prazo pactuado. Via de regra, quanto maior for a necessidade da empresa em captar recursos ou quanto maior for a dificuldade financeira e/ou operacional dessa empresa, maior será a rentabilidade da debênture, a qual estará atrelada, contudo, a maiores riscos associados, já que há indicativos de que a empresa está atravessando dificuldades que poderão impactar o pagamento das debêntures.

No caso das debêntures emitidas pela companhia é importante verificar se as mesmas são do tipo conversíveis em ações, como forma de garantia do título emitido pela empresa e a redução do seu risco para os credores. Ou seja, se esse tipo de debênture apresenta a possibilidade de converter o que antes era uma dívida em ações da empresa.

Numa situação em que a empresa não consiga efetuar os pagamentos dessas debêntures as mesmas podem ser convertidos em ações da empresa, o que resultará numa diluição da participação dos acionistas, visto que o patrimônio da empresa passa a ser dividido por um número maior de ações.

Em uma empresa que utiliza debêntures ou subscrições de novas ações para reestruturar o seu passivo, a diluição do capital será prejudicial ao acionista apesar de permitir a sobrevivência da empresa no curto prazo. E o prejuízo será maior ainda caso o preço de conversão fixado para cada ação seja inferior ao seu valor de mercado ou, pior ainda, caso seja inferior ao seu valor patrimonial, pois implicaria numa transferência de reservas acumuladas dos antigos acionistas para os novos, e, obviamente, quanto maior o volume da dívida convertida em ações maior será o impacto para os acionistas.

Ao contrário, no caso de uma empresa que utiliza debêntures ou a subscrição de novas ações para financiar seus projetos de investimentos, os quais gerarão resultados positivos e aumento do patrimônio líquido, a diluição do capital decorrente da conversão de debêntures em ações da empresa ou da emissão de novas ações poderá ser favorável ao acionista no longo prazo, visto que a alavancagem gerada pelos recursos captados possivelmente será positiva, ou seja, os investimentos realizados com os valores recebidos através da emissão de debêntures ou de novas ações poderão gerar o crescimento do lucro e do patrimônio líquido da empresa, contrabalanceando a diluição do capital num número maior de ações.

Em suma, o princípio básico de todo investimento é buscar o crescimento do patrimônio e as consequências do uso de subscrições de ações e emissão de debêntures para refinanciar dívidas, alavancagem negativa, é a diluição numa quantidade maior de ações do lucro por ação, do valor patrimonial por ação e dos proventos (dividendos e JCP) pagos por ação.

A situação ideal é que a empresa use o capital de terceiros para aumentar o retorno para seus acionistas, porém, buscando uma relação dívida/capital próprio limitada ao ponto em que uma queda elevada do fluxo de caixa operacional não torne a empresa insolvente. Logo, deve-se avaliar o quanto a dívida bruta representa no total do passivo. Uma grande proporção de dívida bruta no passivo da empresa indica grande alavancagem e, consequentemente, maiores riscos, além de maiores encargos de juros, o que prejudica a sua liquidez e pode comprometer a sua rentabilidade. De maneira geral valores de dívida bruta superiores a 40% do passivo total indicam alto risco.

Além disso, ao acompanhar a evolução da dívida bruta da empresa ao longo dos anos torna-se fundamental compará-la à evolução do lucro líquido e do patrimônio líquido de forma a avaliar se a alavancagem vem contribuindo para incrementá-los (alavancagem positiva).

"A ambição universal dos homens é viver colhendo o que nunca plantaram".

Adam Smith

Dívida Bruta / EBITDA - Este indicador relaciona a capacidade da empresa de gerar lucros operacionais em relação aos seus passivos onerosos (Dívida Bruta). Pode ser usado como medida da capacidade da empresa em gerar lucros para pagar os seus empréstimos e financiamentos de curto e de longo prazo. Seu valor indica, teoricamente, quantos anos a empresa levaria para gerar lucro operacional suficiente para pagar todos os seus empréstimos. Portanto, quanto menor melhor, pois maior será o potencial da empresa de geração de lucro EBITDA a partir da sua dívida.

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O endividamento bem planejado e executado, deve possibilitar investimentos os quais a partir de certo momento passam a gerar um caixa extra suficiente para começar a diminuir a razão entre a dívida bruta e o EBITDA. Portanto, é importante que a dívida seja paga predominantemente com a geração de caixa da empresa ao invés de serem renegociadas ou roladas para frente através de novos empréstimos de maneira recorrente, situação extremamente perigosa principalmente durante períodos de crise.

A redução desse indicador ao longo dos trimestres pode ser visto como um bom sinal, pois indica que a empresa está reduzindo a sua dívida e/ou obtendo lucros operacionais maiores, seja a através do aumento do volume de vendas ou da sua eficiência operacional, o que consequentemente aumenta o seu ROE.

 

De forma inversa, um crescimento desse indicador ao longo dos trimestres implica que a empresa está se endividando numa razão maior do que o crescimento dos lucros operacionais, o que no longo prazo reduzirá o seu patrimônio líquido, os lucros e o ROE, aumentando o risco de que eventualmente os lucros não sejam suficientes para honrar os pagamentos das suas dívidas.

Diferentes setores apresentam diferentes estruturas de capital, necessidades de financiamentos e exposição à alavancagem, portanto, este indicador não deve ser usado para comparar empresas de setores diferentes. Logo, não é possível precisar um valor ideal em razão das características de cada setor.

 

Em razão dos juros altos e do maior risco oferecido pelo Brasil, valores abaixo de 4 de uma maneira geral são bons indicativos, valores acima de 4, quando recorrentes, normalmente indicam endividamento excessivo ou baixa lucratividade, ou ambos, implicando que a empresa futuramente possa necessitar a recorrer a novos empréstimos para cobrir as suas dívidas, correndo até mesmo o risco de se tornar insolvente. ♦ Recomenda-se comparar a evolução deste indicador em relação à sua média histórica e em relação ao das demais empresas do setor no intuito de avaliar se a performance atual da empresa é promissora ou não.

Além disso, empresas que apresentam valores muito elevados de Dívida Bruta/EBITDA têm mais dificuldade em obter crédito, cujo custo acaba sendo mais alto em razão do grande endividamento da empresa e sua baixa lucratividade. De modo contrário, empresas que apresentam valores muito baixos poderiam se beneficiar de uma maior alavancagem devido às facilidades e melhores condições para captarem empréstimos para expandirem os seus negócios e aumentarem os seus retornos.

Diante disso, é importante avaliar se a Empresa tem conseguido manter uma relação Dívida Bruta/EBITDA menor do que 4 à medida que os Passivos crescem ao longo dos trimestres, indicando uma boa relação entre o Lucro EBITDA e a Dívida Bruta.

 
"Eu acho que os objetivos nunca devem ser fáceis, eles devem forçar você a trabalhar, mesmo se eles forem desconfortáveis no momento."
Michael Phelps

Dívida Líquida - No conceito de dívida líquida são abatidas da dívida bruta as disponibilidades da empresa, ou seja, são descontados o caixa e equivalentes e suas aplicações financeiras, os ativos que podem ser liquidados em dinheiro muito rapidamente. Representa a quantidade de dinheiro que a empresa necessita gerar para pagar todo o seu passivo que gera despesa financeira.

Dívida Líquida = Empréstimos e Financiamentos do Passivo Circulante + Empréstimos e Financiamentos do Passivo Não Circulante - Caixa e Equivalentes de Caixa - Aplicações Financeiras do Ativo Circulante - Aplicações Financeiras do Ativo não Circulante

 

Quando a diferença entre a dívida líquida e a dívida bruta é grande isso indica que o caixa e as aplicações financeiras são significativos em comparação aos empréstimos (dívida bruta), uma situação ideal. Há inclusive casos em que o caixa e as disponibilidades da empresa superam a sua dívida bruta, situação em que o indicador dívida líquida ficará negativo, indicando uma situação financeira de baixo risco e confortável, estando o passivo oneroso sobre controle.

Uma empresa pode ter uma dívida grande desde que possua um fluxo de caixa forte, ou seja, desde que seu EBITDA seja alto e crescente ao longo dos anos. Nesta situação torna-se vantajoso assumir mais dívidas para financiar um projeto de expansão alavancando o seu crescimento, mas esses investimentos precisam gerar maiores receitas no futuro, caso contrário os juros e encargos irão corroer o lucro e prejudicar a liquidez da empresa e o crescimento do seu patrimônio líquido.

Assim, desde que o ROE seja alto, e esteja sendo mantido alto ao longo dos trimestres, e o grau de alavancagem financeira esteja sendo mantido acima de 1 essa alavancagem será positiva para a empresa, pois o endividamento estará gerando retornos maiores e, portanto, estará aumentando o seu EBITDA e o seu patrimônio líquido.

Por outro lado, uma empresa pode usar esses novos empréstimos para pagar ou refinanciar dívidas assumidas anteriormente, o que é um sinal ruim, pois essa alavancagem é negativa. Caso o grau de alavancagem financeira estiver abaixo de 1 e a empresa estiver apresentando um ROE baixo e em tendência de queda ao longo dos trimestres essa alavancagem será ruim para a empresa, pois o seu endividamento oneroso estará consumindo mais recursos do que gerando receitas e, portanto, estará depreciando o seu patrimônio líquido.

 

Uma dívida líquida que segue uma tendência de alta é um sinal negativo quando se tem em conjunto uma receita líquida e margem líquida em queda. No longo prazo, uma empresa que vende e lucra cada vez menos e se endivida cada vez mais terá problemas. Logo, uma situação em que a dívida líquida é crescente ao longo dos trimestres sendo o EBITDA e o ROE decrescentes é ruim, principalmente se o GAF estiver abaixo de 1.

 
"Não há nada de errado em correr riscos; desde que não se arrisque tudo".
George Soros

Dívida Líquida / Patrimônio Líquido - Este indicador mostra o quanto a dívida líquida representa em relação ao patrimônio líquido da empresa. Um valor de 40% indica que a empresa possui uma dívida líquida equivalente a 40% do seu patrimônio líquido, portanto, quanto menor melhor.

 

Em média valores até 50% são considerados níveis de endividamento saudáveis e aceitáveis, contudo, cada setor possui um determinado perfil de endividamento médio. Valores acima de 100% indicam que a empresa não possui a totalidade dos recursos necessários para pagar todos os seus empréstimos e financiamentos, o que é um péssimo sinal, pois indica que as dívidas são superiores ao capital dos acionistas e que a empresa está financiando parte do seu ciclo operacional através dos recursos de terceiros, o que aumenta o risco e reduz a sua liquidez.

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Quando a empresa frequentemente utiliza as reservas em seu patrimônio líquido para pagar as suas dívidas isso pode indicar que a mesma não está gerando caixa suficiente para arcar com seu endividamento ou que realizou investimentos que se tornaram pouco eficientes para aumentar a rentabilidade da empresa, ou ambos.

 

Se a empresa se endividou para investir em ativos e crescer, e esse investimento foi bem feito, a geração de caixa resultante desse investimento deve começar a diminuir a relação entre a Dívida Líquida e Patrimônio Líquido, bem como entre a Dívida Líquida/Bruta e EBITDA, sendo o contrário também verdadeiro.

Empresas que aceitam trabalhar com uma elevada relação de endividamento sobre o patrimônio possuem uma estratégia agressiva de financiar o seu próprio crescimento. Geralmente, práticas de alavancagem agressivas são frequentemente associadas a altos níveis de risco. Contudo, o fato de uma empresa possuir uma dívida maior em relação à outra não significa necessariamente uma pior situação financeira.

Ao financiar as suas operações e/ou o crescimento destas com o capital de terceiros, ou seja, através do aumento do endividamento, a empresa acredita que no futuro os investimentos realizados poderão gerar receitas superiores aos custos deste, sendo suficientes para pagar os juros e as parcelas dessa dívida. Caso essa alavancagem seja positiva haverá aumento do EBITDA e do ROE, gerando consequentemente um aumento do patrimônio líquido. Contudo, caso essa alavancagem seja negativa os custos dessa dívida irão reduzir o EBITDA e o ROE, depreciando consequentemente o patrimônio líquido.

"Se os experts do mercado de ações fossem tão espertos, eles estariam comprando ações e não vendendo conselhos".
Norman R Augustine

Dívida Líquida / EBITDA - Este indicador mostra quantos anos a empresa levará para gerar lucros operacionais suficientes para pagar toda a sua dívida líquida proveniente de empréstimos e financiamentos. Mensura a capacidade de geração de lucro operacional da empresa em relação aos empréstimos que contraiu.

 

Portanto, quanto menor melhor, pois maior será o potencial da empresa de geração de lucro EBITDA a partir de sua dívida líquida. Em média valores até 3 são considerados aceitáveis. Valores acima de 3 indicam que empresa se encontra em uma situação de geração de caixa operacional bastante desafiadora em relação aos seus compromissos financeiros, o que implica num risco maior.

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Quanto menor for esse indicador maior será a capacidade da empresa em honrar seus compromissos junto a seus credores. Nos casos em que o seu valor fica abaixo de 1 o EBITDA anual gerado pela empresa supera a sua dívida líquida, indicando uma situação financeira de baixo risco e confortável, estando o passivo oneroso sobre controle.

 

Por outro lado, valores acima de 3 indicam alavancagem excessiva e/ou dificuldade de geração de caixa, o que implica em riscos financeiros maiores devido a baixa capacidade de geração de lucro EBITDA em relação à dívida líquida que a empresa possui. A redução desse indicador ao longo dos trimestres pode ser visto como um bom sinal, pois indica que a empresa está reduzindo a sua dívida onerosa e/ou obtendo lucros operacionais maiores o que aumenta a sua capacidade de cobertura de dívida.

Contudo, empresas que possuem resultados financeiros estáveis, demanda inelástica e baixa concorrência, como as empresas do setor elétrico, frequentemente possuem esse indicador acima de 3 e isso não é visto como preocupante pelos investidores. E para empresas de países cujas economias são desenvolvidas valores abaixo 4 são considerados ideais.

Diante disso, é importante avaliar se a Empresa tem conseguido manter uma relação Dívida Líquida/EBITDA menor do que 3 à medida que os Passivos crescem ao longo dos trimestres, indicando uma boa relação entre o Lucro EBITDA e a Dívida Líquida.

 

"O dinheiro não modifica o homem, apenas o desmascara".

Henry Ford

Imobilização do Patrimônio Líquido (IPL) - O Índice de imobilização do Patrimônio Líquido indica quanto do Patrimônio Líquido da empresa está aplicado no Ativo Imobilizado, ou seja, o quanto do Ativo Imobilizado da empresa é financiado pelo seu Patrimônio Líquido, evidenciando dessa forma uma maior ou menor dependência de recursos de terceiros para manutenção do negócio.

 

Quanto menor o percentual melhor. Para indústrias e outros setores que necessitam grandes investimentos em estoques, matérias primas e outros ativos, valores até 70% podem ser aceitáveis. Contudo, para setores como o de serviços, TI e varejo, o ideal são valores abaixo de 50%.

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Assim, se uma empresa apresenta um IPL de 40% isso significa que a cada R$ 100,00 em seu patrimônio R$ 40,00 estarão investidos em bens que não possuem uma liquidez imediata, ou seja, imobilizado em imóveis, veículos, materiais, etc. Quanto menor for o Índice de Imobilização maior agilidade e capacidade a empresa terá para usar seu patrimônio a fim de honrar seus compromissos sem haver a necessidade de recorrer a empréstimos e, consequentemente, ser obrigada a pagar juros e parcelas, o que aumentaria a sua alavancagem financeira, ou seja, aumentaria ainda mais o seu endividamento.

O ideal é que as empresas imobilizem a menor parte possível de seus recursos próprios. Quanto mais a empresa investir no Ativo Imobilizado mais ela se torna dependente de capitais de terceiros para o seu capital de giro. Havendo a real necessidade de investimentos no ativo imobilizado, a empresa deverá buscar financiamentos a longo prazo, cujas taxas de juros tendem a serem menores em razão dos bens financiados servirem como garantia. Assim, o Ativo Imobilizado deve ser financiado pelo Patrimônio Líquido, pois são recursos próprios que também estão "permanentes" na empresa, ou por Financiamentos de Longo Prazo.

Convém observar que um elevado grau de imobilização do capital próprio pode comprometer a liquidez da empresa. O ideal em termos financeiros é a empresa dispor de Patrimônio Líquido suficiente para cobrir o Ativo Imobilizado e ainda sobrar uma parcela suficiente para financiar o Ativo Circulante (capital circulante próprio).

 

Por suficiente entende-se que a empresa deve dispor da necessária liberdade de comprar e vender sem precisar recorrer o tempo todo a financiamentos de curto prazo. Quanto mais a empresa investir no Ativo Imobilizado menos recursos próprios sobrarão para o Ativo Circulante e, consequentemente, maior será a dependência de Capitais de Terceiros para o financiamento do Ativo Circulante. Todavia, o endividamento de longo prazo não deve superar o total do patrimônio líquido.

Portanto, quando o Patrimônio Líquido é menor do que o Ativo Imobilizado, as imobilizações absorvem integralmente o capital próprio, consumindo ainda o capital de terceiros, pois o capital de giro necessário para o ciclo operacional da empresa fica descoberto e dependente do capital de terceiros, os quais oneram a empresa. É uma situação que além de arriscada torna o ciclo operacional mais caro, reduz a liquidez da empresa e tende a diminuir o ROE e os lucros.

Quanto maior o grau de imobilização do patrimônio líquido maior é a alavancagem financeira da empresa. O melhor é que as empresas imobilizem a menor parte possível de seus recursos próprios. Assim, não dependerão tanto de capitais alheios para a movimentação de seus negócios.

 

Deve-se ficar atento para os casos em que a empresa possuir financiamentos de longo prazo para novos investimentos como, por exemplo, expansão e modernização de seu parque. Nesses casos o Índice IPL poderá apresentar-se em níveis muito elevados, contudo, tais investimentos poderão render maiores retornos no futuro, podendo ser considerados positivos caso aumentem o ROE e proporcionem um GAF maior que 1. A política de obtenção das fontes de financiamentos revela a decisão administrativa correta dos empresários, desde que a maior partes desses investimentos sejam financiados por capitais de terceiros amortizáveis a longo prazo.

É importante avaliar se a Empresa consegue manter baixos níveis de IPL à medida que o Passivo cresce ao longo dos trimestres, indicando uma boa relação entre o Ativo Permanente e o Patrimônio Líquido.

"Assim como Buffett, eu tinha paixão pela riqueza. Mas não para andar de Ferrari; eu queria mesmo a independência."
George Soros

Imobilização dos Capitais Permanentes (ICP) - Indica o grau de imobilização dos recursos permanentes (de longo prazo) da empresa, isto é, o percentual desses recursos que está financiando o ativo imobilizado, evidenciando, dessa forma, uma maior ou menor dependência de recursos de terceiros para manutenção dos negócios. Se o resultado desse Índice for 65%, isso significa que 65% do capital de longo prazo está alocado no ativo imobilizado, estando o restante financiando o capital de giro (ativo circulante).

 

Se o Índice apresentar um resultado superior a 100% indica que o Patrimônio liquido e o passivo não circulante não são suficientes para cobrir os investimentos em ativos imobilizados. Nessa situação conclui-se que o passivo circulante (dívidas de curto prazo) está financiando uma parte dos investimentos permanentes, o que revela um sinal de desequilíbrio financeiro e problemas de liquidez. O ideal são valores abaixo de 50%.

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Os elementos do Ativo Imobilizado têm vida útil que pode ser de 2, 5, 10 ou 50 anos. Assim, não é necessário financiar todo o Imobilizado com Recursos Próprios. É perfeitamente possível utilizar recursos de Longo Prazo, desde que o prazo seja compatível com o de duração do Imobilizado, ou então que o prazo seja suficiente para a empresa gerar recursos capazes de resgatar as dívidas de Longo Prazo.

Logo, para uma empresa é prejudicial possuir investimentos em ativos permanentes superiores aos recursos disponíveis de longo prazo, ou seja, recursos de passivo não circulante e patrimônio líquido. Valores acima de 100% significam que a empresa está investindo em bens de capital, os quais são utilizados na produção de bens e têm retorno no longo prazo, com financiamentos que vencerão no curto prazo (dentro de 12 meses), um sinal de alavancagem financeira ruim e de alto risco que prejudica a liquidez e a rentabilidade.

É importante avaliar se a Empresa consegue aumentar seu Patrimônio Líquido e ao mesmo tempo manter bons níveis de ICP ao longo dos trimestres, indicando uma boa relação entre Ativo Permanente e Passivos não Circulantes e PL.

 

"A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita".

Mahatma Gandhi

Ao analisar o endividamento é primordial observar se a empresa está recorrendo a dívidas como um complemento sobre os capitais próprios para realizar aplicações produtivas no seu ativo (ampliação, expansão, modernização, etc.), o que pode ser considerado um endividamento sadio, ainda que elevado, pois as aplicações produtivas deverão gerar recursos para saldar os compromissos assumidos e aumentar o ROE, ou, se a empresa por não conseguir gerar recursos suficientes vem recorrendo a dívidas para pagar outras dívidas que estão vencendo e para financiar o seu capital de giro, situação deficitária em que o endividamento é prejudicial e deteriora o patrimônio líquido.

Investidores pagam menos por firmas que geram lucros com alavancagem. Existem boas explicações para isso, a mais plausível é que o endividamento aumenta o risco de que a companhia seja afetada por uma queda cíclica. Esse risco é descontado no preço que os investidores estariam dispostos a pagar por lucros futuros. Colocando isso de uma maneira mais clara, com o aumento das dívidas aumentam as possibilidades de falência, logo, os investidores são mais cautelosos sobre o preço que estão dispostos a pagar por esse papel.

Os principais indicadores de uma situação pré-falimentar, ou mesmo, de falência iminente de uma empresa são um elevado nível de endividamento, principalmente de curto prazo e oneroso, dificuldade de gerar caixa com as atividades operacionais, ou seja, lucro operacional e lucro líquido baixos e/ou em tendências decrescentes ao longo dos trimestres, expressiva perda de participação de mercado (tendência de queda na receita líquida e margem líquida), baixos ROE e ROA, patrimônio líquido declinante e envolvimento em grandes escândalos de fraudes, de corrupção e de desvios.

Buffett deixa claro a sua antipatia por dívida, sua aversão por endividamento excessivo. Ele considera que "sem a ajuda de alavancagem (grande dependência do capital de terceiros) boas decisões, tanto de investimento quanto no gerenciamento do negócio, resultarão em um desempenho perfeitamente satisfatório". Sua antipatia por dívida vem do altíssimo risco corrido por companhias altamente alavancadas em épocas de retração econômica.

Embora ele não sugira quais seriam os níveis de endividamento aceitáveis, a posição do Buffett se resume na afirmação de que uma boa empresa deveria ter a capacidade de produzir um bom retorno sem contrair uma grande dívida. Em contrapartida, companhias que dependem de endividamento significativo para obter um bom retorno deveriam ser tratadas com suspeição.

Conforme fora dito anteriormente, a maioria dos investidores acredita que o crescimento é sempre bom para uma empresa por mantê-la competitiva, expandir seus lucros e sua participação no mercado. Mas é preciso entender que o crescimento da empresa implica no crescimento de seu endividamento, o qual deve ser mantido sobre controle para que os lucros e o patrimônio líquido não sejam erodidos com o passar do tempo e seu futuro seja comprometido. Assim, o crescimento também deve acontecer de maneira controlada e sob constante planejamento. Um crescimento rápido traz vários problemas para a empresa além do endividamento.

 
"Cada fracasso ensina ao homem algo que ele precisava aprender".
Charles Dickens

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