Indicadores do Comércio Exterior

Risco País – São índices que avaliam a capacidade de uma nação honrar seus compromissos financeiros e dívidas, ou seja, a probabilidade de insolvência de um país frente aos investidores estrangeiros. É um conceito econômico-financeiro que diz respeito à possibilidade de que mudanças no ambiente de negócios de um determinado país impacte negativamente o valor dos ativos de indivíduos ou de empresas estrangeiras naquele país, bem como os lucros, dividendos ou royalties que esperam obter dos investimentos que lá fizeram, sobretudo em momentos de grande incerteza.
Por meio da análise das finanças de governos e empresas as agências produzem índices e classificações/ratings que indicam a segurança oferecida pelo governo e pelas empresas de cada país aos investidores estrangeiros que aplicam seu dinheiro em títulos da dívida daqueles governos e empresas. Essas agências se dedicam à análise do risco-país associado a investimentos em ativos financeiros, tais como títulos e ações.
Emerging Markets Bond Index Plus (EMBI+) - Índice que abrange títulos de crédito emitidos por 19 países emergentes e é utilizado para mensurar o desempenho dos títulos emitidos por esses mercados, sendo usado para a avaliar o risco-país. No caso do Brasil (EMBI +Br).
Devido ao maior risco de crédito, a tendência é que esses países ofereçam uma rentabilidade maior. Assim, o indicador verifica o spread entre o retorno dos títulos desses mercados e dos papéis livres de risco. Por exemplo, aqueles emitidos pelo tesouro dos Estados Unidos.
Um EMBI Brasil de 500 implica num prêmio de risco é de 5%. Logo, Quanto maior ele for, mais arriscado é o investimento. Além disso, taxas de juros elevadas implicam num maior risco-país e num maior custo da dívida. O gráfico abaixo mostra a evolução do EMBI +Brasil, mostrando a sua elevação durante períodos de crise como em 2008, a recessão e crise de 2015 e a pandemia de 2020.

Um importante fator levado em conta pelo mercado em geral ao analisar a situação econômica, política e jurídica de um país é o nível de confiança dos empreendedores e dos consumidores no presente e no futuro da economia deste país. Num ambiente em que o governo sinaliza claramente qual é e qual será a política econômica adotada, quando as suas ações são previsíveis, este adota regras claras, bem como as cumpre, mantém a inflação de preços sob controle e no centro da meta, é comprometido com um orçamento equilibrado e combate os déficits buscando superávits, ele consegue gerar o mínimo de confiança necessário para manter a economia nos trilhos, atrair investimentos e estimular a produção e o consumo.
Por outro lado, a incerteza gerada pela falta de previsibilidade e pela descontinuidade das políticas fiscais e econômicas desestimula tanto o consumo quanto os investimentos das empresas, das famílias e estrangeiros, bem como a busca por crédito para empreender, o qual em razão da incerteza ainda se torna mais caro e escasso, visto a maior cautela dos bancos em conceder empréstimos num cenário de maior risco e incerteza que influencia negativamente as expectativas nos ambientes de negócios. Todo esse cenário negativo acaba por elevar os juros de longo prazo, gerar a fuga de capital estrangeiro e depreciar ainda mais a moeda, tendo efeito também no aumento da inflação.
Com um risco-país alto, o país tem uma menor capacidade de atração de investidores estrangeiros, o que diminui a entrada de capital. E essa situação é agravada pela migração de capital de brasileiros e de estrangeiros, que já estavam alocados no país, para outro lugar. Sendo assim, havendo menos demanda pela moeda local e, consequentemente, havendo mais demanda por moedas mais fortes como forma de proteção, a moeda local se desvaloriza em relação as outras, pressionando ainda mais a inflação.
E sempre que a capacidade dos produtores de riqueza é restringida, afetando a produção e a consequente geração de renda e de poupança real, o crescimento econômico é prejudicado. O caminho tanto para a recuperação quanto para o crescimento econômico sustentável é a formação de poupança real através da renda gerada pela produção de bens e serviços.
Essa formação pode ser feita apenas por geradores de riqueza, e não por elevados gastos governamentais, protecionismos, elevadas cargas tributárias ou pela consequente perda do poder de compra da moeda gerada por uma política monetária expansionista que resulta em inflação e desvalorização cambial, os quais apenas prejudicam o processo de formação de riqueza e impedem o desenvolvimento socioeconômico do país.
"Nenhuma nação foi arruinada por comercializar."
Benjamin Franklin
Credit Default Swap CDS - É um título derivativo que garante a troca ou a compensação do risco de crédito com outra pessoa física ou jurídica. Seu funcionamento é similar ao de um seguro, cujo objetivo é evitar a inadimplência nas operações de crédito. Sendo assim, quanto maior o risco, maior a demanda por ele, o que faz com que o preço dos títulos aumente. E quanto maior o valor, maior o risco do investidor.
Dessa forma, esse indicador também é utilizado para analisar o risco na economia, especialmente no que se refere aos investimentos internacionais, pois ele estima o risco de determinado país não honrar as dívidas, sendo um medidor do risco-país.
O CDS é medido com base na instabilidade política, déficit fiscal, crescimento econômico e a relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto) de um país. Quanto maiores as incertezas em relação ao futuro e às contas públicas, mais alto o CDS. A redução do CDS brasileiro também representa um sinal positivo para investidores estrangeiros que buscam investimentos em renda variável como as ações negociadas na Bolsa brasileira. Ao final de 2022 o México apresentava um risco de 138,62 pontos. A Índia, 107,14 pontos. Já a Argentina, um país que passa por uma forte crise econômica, registrava um risco de 1030,95 pontos.

"Onde se falta estrutura se sobra oportunidade."
Percival Farquhar
Rating - Um rating é uma nota que as agências internacionais de classificação de risco de crédito atribuem a um emissor (país, empresa, banco) de acordo com sua capacidade de pagar uma dívida. Serve para que investidores saibam o grau de risco dos títulos de dívida que estão adquirindo. Assim, a visão do mercado financeiro sobre um determinado país pode ser expressa através da nota da sua dívida externa. Quando um país tem um bom desempenho sua nota melhora. Mas quando aumenta o risco desse país não pagar as suas dívidas sua nota piora.
Em geral, são três grandes níveis: grau de investimento (país seguro de investir), grau especulativo (risco de inadimplência) e default (quando o país declara moratória). As principais agências no mundo são a Standard & Poor’s (S&P), a Fitch e a Moody’s, as quais levam em conta indicadores como gastos do governo, dívida externa e política monetária.
Resumo Geral das Opiniões Refletidas pelos Ratings da Standard & Poor’s.
‘AAA’— Capacidade extremamente forte para honrar compromissos financeiros. Rating mais alto.
‘AA’— Capacidade muito forte para honrar compromissos financeiros.
‘A’— Forte capacidade para honrar compromissos financeiros, porém é de alguma forma suscetível a condições econômicas adversas e a mudanças circunstanciais.
‘BBB’— Capacidade adequada para honrar compromissos financeiros, porém mais sujeito a condições econômicas adversas.
‘BBB-‘— Considerado o nível mais baixo da categoria de grau de investimento pelos participantes do mercado.
‘BB+’— Considerado o nível mais alto da categoria de grau especulativo pelos participantes do mercado.
‘BB’— Menos vulnerável no curto prazo, porém enfrenta atualmente grande suscetibilidade a condições adversas de negócios, financeiras e econômicas.
‘B’— Mais vulnerável a condições adversas de negócios, financeiras e econômicas, porém atualmente apresenta capacidade para honrar compromissos financeiros.
‘CCC’— Atualmente vulnerável e dependente de condições favoráveis de negócios, financeiras e econômicas para honrar seus compromissos financeiros.
‘CC’— Atualmente fortemente vulnerável.
‘C’— Um pedido de falência foi registrado ou ação similar impetrada, porém os pagamentos das obrigações financeiras continuam sendo realizados.
‘D’— Inadimplente em seus compromissos financeiros.

"O melhor programa econômico do governo é não atrapalhar aqueles que produzem, investem, poupam, empregam, trabalham e consomem."
Barão de Mauá
Essas notas influenciam decisões de investimentos no mercado internacional e a tendência é que ao receber uma boa classificação o país atraia mais recursos estrangeiros. Além disso, cai o custo do governo e até mesmo das empresas privadas para captar recursos no exterior, reduzindo o custo do capital. Este por sua vez é usado para descontar a riqueza que será gerada por cada empresa. Quanto menor o custo do capital maior o valor da empresa.
Dessa forma, quando o rating de um país ou de uma empresa é elevado, seu custo para emitir dívida reduz, visto que um menor prêmio será exigido para o menor risco que seus títulos apresentam, logo, a taxa de retorno dos seus títulos é reduzida ao passo que seu valor de mercado aumenta (marcação a mercado) decorrente do aumento da demanda por eles.
E haverá a valorização da moeda do país em relação às moedas mais fortes, além de uma maior entrada de capital e um maior investimento estrangeiro, pelo mesmo motivo, a redução do risco. Esse cenário ocorreu no Brasil no período entre 2007 e meados de 2014, período em que o rating do Brasil foi elevado para grau de investimento e o Real continuou se valorizando, havendo grande entrada de capital e de investimento estrangeiro no país.
O oposto ocorre quando o rating de um país ou de uma empresa é rebaixado. O seu custo para emitir dívida aumenta, visto que um maior prêmio será exigido para o maior risco que os seus títulos apresentam, logo, a taxa de retorno dos seus títulos aumenta ao passo que seu valor de mercado diminui, decorrente da redução da demanda por eles.
Além disso, haverá a depreciação da moeda do país em relação às moedas mais fortes, além da fuga de capital e de investimentos estrangeiros, pelo mesmo motivo, o aumento do risco. Esse cenário vem ocorrendo no Brasil desde 2014, quando o rating do Brasil foi rebaixado para nível especulativo e o Real continuou se desvalorizando e houve grande saída de capital e de investimento estrangeiro no país.

Um cenário de permanente crescimento do déficit público, decorrente do aumento excessivo dos gastos públicos, gera um cenário de imprevisibilidade e de deterioração das contas públicas, gerando a desconfiança dos investidores não apenas na política fiscal do Governo, mas na economia do país em geral e, principalmente, nos seus títulos de dívida e na sua moeda.
Neste cenário, o Governo fica obrigado a oferecer um prêmio maior para conseguir vender seus títulos de dívida no mercado, o que se resume à uma taxa de juros elevada, tal como a Grécia em 2011, quando o retorno do seu título de 10 anos atingiu 35% após seus títulos de dívida serem rebaixados para junk bond pelas agências de risco em decorrência da crise fiscal e econômica do país, bem como do elevado endividamento público.
Isso acaba sugando para os gastos do Estado grande parte do capital disponível na economia, asfixiando o financiamento de investimentos privados, aniquilando a economia produtiva e ampliando o déficit público, a inflação, o desemprego e a desvalorização cambial. Além disso, observa-se que as notas atribuídas aos países possuem uma grande correlação com o Índice de Percepção da Corrupção, além do risco regulatório. Isto significa dizer que países mais corruptos e/ou que sofrem com excessiva intervenção do governo na economia geralmente são aqueles que recebem as piores notas.
De uma maneira geral, o Brasil não é bem visto pelas agências de rating em razão de ter passado por diversas crises econômicas, políticas e fiscais e por ser o país mais endividado dentre os países de igual porte no mundo, especialmente em relação à perspectiva dos gastos públicos, quando as medidas do governo sinalizam para o seu aumento ao longo dos anos. Ter o governo como sócio acaba por aumentar o risco e as incertezas futuras, o que geralmente não traz bons resultados para os acionistas.
O gráfico acima mostra a evolução do rating do Brasil pela agência S&P, indicando a perda do grau de investimento em 2015 como decorrência do país passar a apresentar déficits fiscais, do crescimento excessivo da dívida pública, da inflação elevada, da desvalorização cambial e de todo um cenário econômico recessivo e de um cenário político de crise e de incerteza.

"O Livre Mercado, uma das maiores bênçãos que o Governo pode possibilitar para o seu povo, é impopular em quase todos os países."
Lord Thomas Macauley
Além disso, as interferências governamentais nas gerências das empresas, a corrupção e a ampla participação do Estado em seus capitais sociais geram receios para os investidores estrangeiros, o que por sua vez acaba depreciando o valor de mercado e as avaliações destas empresas.
A burocracia excessiva no Brasil exige que uma grande quantidade de tempo, energia, esforço e dinheiro seja gasta apenas para se certificar de que o empreendimento está cumprindo todas as ordens determinadas pelo governo, muitas das quais são impostas apenas proteger da concorrência as empresas já consolidadas e cartelizadas, favorecendo a criação de monopólios ou oligopólios ao dificultar a entrada de novas empresas no mercado, sendo portanto um custo artificial imposto àqueles que produzem que sufoca a economia e impede o surgimento de novos empreendimentos, a geração de empregos e de renda.
Já no campo jurídico os contratos muitas vezes não são respeitados pelas partes resultando num elevado volume de ações judiciais e, além da morosidade e do congestionamento dos processos nos tribunais, as decisões judiciais são difíceis de se prever devido à falta de segurança jurídica, sem contar o grande número de recursos em instâncias superiores que prejudicam ainda mais a execução das leis e o cumprimento das sentenças, contribuindo ainda mais para a insegurança jurídica e para os elevados custos de cobrança e de execução jurídica dos contratos.
Dado a complexidade das leis e, muitas vezes, da contrariedade destas, tem-se no Brasil uma legislação extremamente complexa, extensa e um processo judicial ineficiente e lento, fatores que são considerados nos cálculos dos juros de financiamentos e dos preços de seguros e de outros produtos financeiros, encarecendo-os e dificultando a sua obtenção, o que consequentemente faz reduzir as vendas desses produtos, bem como consome recursos que poderiam ser usados pelas pessoas e pelas empresas para o consumo, para o investimento e para a geração de renda e de empregos.
Esse cenário acaba impactando negativamente a avaliação das empresas brasileiras, principalmente sobre o risco percebido nos negócios. Num modelo como o fluxo de caixa descontado isto significa uma maior taxa de desconto. Maior taxa de desconto, por sua vez, implica em menores valores de empresas.
As políticas públicas devem buscar a estabilidade monetária e a responsabilidade fiscal, bem como a preservação do livre mercado, evitando que grupos de interesse capturem e corrompam os processos de mercado. São necessárias medidas que encorajam o investimento, o crescimento de capital, a competição e a geração de renda. Economias de livre mercado precisam ser protegidas de atores privados — empresas, sindicatos, lobbies agrícolas — que pretendem manipular o sistema político a seu favor, fortalecendo cada vez mais a intervenção governamental e o planejamento central da economia e todos os efeitos prejudiciais decorrentes disso.
A demagogia clássica afirma ser necessário proteger o produtor nacional da concorrência porque determinado setor gera milhares de empregos e responde por boa parte do PIB. Assim, parece superficialmente plausível que restringir ou banir a importação de um bem simplesmente resultaria em um aumento da produção nacional e, portanto, os subsídios, a desvalorização cambial, as tarifas e cotas de importação e as barreiras regulamentares e tributárias visando favorecer as vendas do setor, a criação de reservas de mercado e a impedir a entrada de novos concorrentes seriam necessários para o desenvolvimento do país.
Contudo, tanto a realidade atual quanto a história mostram que existe uma correlação entre a facilidade de fazer negócios e de produzir e a maior geração de empregos e prosperidade econômica e social. Portanto, as medidas citadas acima geralmente reduzem o bem estar econômico geral. O isolacionismo comercial é considerado o principal fator para que o Brasil seja apenas o 61º colocado entre 63 países do ranking de competitividade global.
Além disso, ao fechar sua economia, o governo obriga os consumidores brasileiros a pagarem mais caro por produtos de pior qualidade, além de gerar escassez e estimular o mercado negro. Diminuir essas barreiras e os subsídios facilita o acesso a uma maior quantidade de insumos e de bens de capital mais eficientes. Os argumentos favoráveis ao protecionismo — empregos, produção nacional, patriotismo — são apenas cortina de fumaça a fim de defender privilégios e obter vantagens, muitas delas indevidas e ilegais.
O País ocupa a 104ª posição no levantamento da Transparência Internacional entre 180 países listados, estando atrás mesmo de países como Argentina, Bielorrússia, África do Sul, China e Colômbia, e ainda mais longe da média dos países do G20 (53 pontos) e da OCDE (66 pontos).

Existe uma correlação entre o nível de corrupção numa sociedade e o grau de intervenção do seu governo no mercado. Quanto mais o governo interfere na liberdade do mercado, por exemplo, por meio de controles de preços e dos meios de produção, de protecionismo, de exigências regulamentares excessivas ou de uma tributação alta, complexa e arbitrária, maior será a necessidade e incentivo dos grupos econômicos subornarem os que estão no poder para libertar ou reduzir a mão pesada do governo sobre suas atividades, bem como para auferir benefícios.
Por outro lado, quanto menor o leque de atividades do governo menos os políticos ou burocratas se vendem ou cedem para eleitores e grupos econômicos. O negócio do estado intervencionista, portanto, é a compra e venda de favores e privilégios, invariavelmente levando à corrupção, à cleptocracia e à pobreza, quando o poder político para beneficiar alguns prejudica aos demais.
Logo, quanto maior o grau de liberdade comercial menor o tamanho e a intrusividade do governo no mercado e maior o ambiente de mercado competitivo aberto no país e no comércio exterior. Assim, maior a probabilidade de a sociedade experimentar prosperidade crescente e padrões mais elevados de vida ao longo do tempo.
A profundidade de uma análise econômica está em procurar todas as consequências de uma política, ao invés de apenas dirigir o olhar para as que são imediatamente visíveis. A história nos mostra que nenhum país pobre após adotar um governo inchado, dispendioso, centralizador e intervencionista se desenvolveu e se tornou rico e próspero. Esse modelo só consegue ter longa duração em países ricos, cuja população é extremamente produtiva e possui alta renda per capita, podendo assim suportar uma elevada tributação e uma elevada dívida pública por mais tempo.
"O Brasil está tão distante do liberalismo - novo ou velho - como o planeta Terra da constelação da Ursa Maior!"
Roberto Campos
Taxa de Câmbio – É uma relação entre moedas de dois países que resulta no preço de uma delas medido em relação à outra. Exprime a quantidade de moeda nacional necessária para comprar uma unidade de moeda estrangeira. Além de expressar quantitativamente a condição de troca entre duas moedas, a taxa de câmbio expressa as relações de troca entre dois países. O câmbio é uma das variáveis macroeconômicas mais importantes, sobretudo para as relações comerciais e financeiras de um país com o conjunto dos demais países.
No Brasil com câmbio flutuante, a exemplo da maioria dos países, a taxa de câmbio não é livremente determinada apenas pelas forças de mercado, uma vez que os bancos centrais costumam ter influência sobre os valores, ao variarem suas reservas de divisas, vendendo e comprando no mercado, além de variarem as taxas de juros.
Logo, a taxa de câmbio é afetada pela política monetária, de forma que uma política de expansão monetária, através da redução da taxa de juros, gera a saída de capital do país, uma vez que os investidores estrangeiros, e até mesmo os locais, preferirão investir em países que oferecem menores riscos e/ou maior remuneração.
Como resultado gera-se a desvalorização da moeda local frente as demais, além do aumento da inflação de preços em decorrência tanto da redução dos juros quanto da desvalorização cambial. Já uma política de contração monetária, através do aumento da taxa de juros, atrai investimentos estrangeiros para o país, os quais geram a valorização da moeda local frente as demais, além da redução da inflação de preços em decorrência tanto do aumento dos juros quanto da valorização cambial.
Com a desvalorização da moeda nacional a taxa de câmbio aumenta. O país gastará mais moeda nas importações desestimulando-as. Assim, verifica-se que com a desvalorização do câmbio as importações tendem a diminuir. Existe um corrente que argumenta que, por outro lado, os outros países preferirão comprar produtos deste país, pois ficaram mais baratos em relação às suas moedas, o que teoricamente estimula as exportações, aumentando-as. Contudo, na prática não é o que se observa.
A desvalorização cambial tende a desestimular tanto as importações quanto as exportações, pois a perda do poder de compra gera retração da atividade econômica. E um cenário de contínua desvalorização cambial afeta toda a estrutura de preços da economia, desestimula os investimentos produtivos internos, pois os custos de produção aumentam, e gera fuga de capital estrangeiro. Portanto, se a moeda do país se torna instável, sua economia também se torna instável.
No gráfico abaixo é possível observar que a expressiva desvalorização do real frente ao dólar nos últimos 10 anos, de cerca de 60%, teve pouco efeito no crescimento das exportações brasileiras, as quais aumentaram cerca de 10%.

O oposto ocorre com a valorização da moeda nacional. As importações tendem a aumentar em razão do aumento de poder aquisitivo da moeda local assim como da atividade econômica, gerando um consequente aumento das exportações também, mesmo apesar do câmbio mais barato. A explicação para isso é o fato da taxa de câmbio afetar praticamente todos os preços da economia, sendo uma valorização cambial muito mais efetiva em controlar a inflação de preços do que aumentos da taxa de juros.
Uma taxa de câmbio estável pode gerar um prolongado período de crescimento econômico, ao passo que uma taxa de câmbio instável é capaz de reverter qualquer processo de crescimento. Num cenário de desvalorização cambial, a única maneira do governo manter a inflação de preços num nível relativamente tolerável é gerando uma brutal recessão (por meio de juros e impostos crescentes) que eleve acentuadamente o desemprego, reduza salários e prejudique a renda, o que consequentemente acaba com a demanda (consumo).
Obviamente, nesse cenário os consumidores, as empresas e os empreendedores ficam asfixiados. São obrigados a pagar cada vez mais caro pelas importações, insumos e bens de capital, mas não podem repassar esses custos para os preços. Consequentemente, vão se tornando cada vez mais descapitalizados, o que afeta sua capacidade de investimento e de contratação de mão-de-obra. Já os consumidores perdem o poder de compra e/ou se endividam para poder comprar, logo, consomem menos, o que piora ainda mais a crise.
Mesmo através de políticas de expansão do crédito, de redução de juros e de estímulo ao consumo, cujos resultados são de curto prazo, o consequente aumento do endividamento juntamente com o cenário recessivo e a desvalorização cambial prejudica a geração da renda, consequentemente prejudicando também a formação de poupança e o investimento na produção, os quais poderiam gerar maior renda e, consequentemente o fortalecimento da moeda e o crescimento econômico.

"O dinheiro não é tudo, mas sem ele você não terá nada!"
Capital e Valor
Por outro lado, uma moeda forte permite às indústrias que adquiram bens de capital, máquinas e equipamentos de qualidade e insumos e serviços importados a preços baixos. Isso as torna mais produtivas e eficientes, aumentando a quantidade e a qualidade dos seus produtos, bem como reduz os seus custos de produção e, consequentemente, os preços finais dos seus produtos, fazendo com que sejam mais demandados no exterior, impulsionando assim as exportações de bens e serviços com maior valor agregado e/ou com maior competitividade.
Isso também gera mais confiança para os empresários e investidores nacionais e internacionais, tornando o país mais atrativo para que empresas estrangeiras se instalem aqui, visto o aumento do crescimento econômico e do poder de compra da moeda e, consequentemente da população e das empresas.
Por representar a metade de toda e qualquer transação econômica, a estabilidade do valor da moeda de um país permitirá o cálculo dos custos de todos os empreendimentos, investimentos e despesas, bem como das previsões futuras dos rendimentos e dos prejuízos.
Consequentemente, a estabilidade dessa moeda irá determinar a estabilidade e a força de toda a economia. Portanto, uma moeda instável e que perde valor ao longo do tempo faz com que toda e qualquer transação se torne incerta, pois não há como calcular e estimar com certo grau de confiança nenhum daqueles fatores, logo, as estimativas quanto aos seus valores futuros se tornam imprevisíveis.
Assim, a taxa de câmbio acaba sendo muito mais efetiva em determinar a inflação de preços do que as taxas de juros, pois afeta praticamente todos os preços da economia. E se os agentes econômicos acreditam que a inflação de preços em um determinado país será baixa ou que sua situação política e econômica é boa, sua moeda irá se valorizar em relação às outras.
Por outro lado, se eles acreditam que a inflação está alta ou que ela será alta, ou que há instabilidade monetária, econômica ou política no país, sua moeda irá se desvalorizar em relação às outras. E junto com a desvalorização cambial vem inflação de preços, juros futuros altos e a queda do crescimento econômico e do padrão de vida dos cidadãos.
Além da capacidade de um governo de realizar um efetivo controle da inflação, mensura-se a estabilidade de uma moeda pelo comportamento do seu preço em relação às outras moedas estrangeiras ao longo do tempo. Para que investidores (nacionais ou estrangeiros) invistam capital em atividades produtivas, eles têm de ter um mínimo de certeza e segurança de que terão um retorno que lhes traga mais poder de compra no futuro do que possuem hoje.
Se um investidor não faz a menor ideia de qual será o valor da moeda do país em relação às demais no futuro, sabendo apenas que seu poder de compra certamente será bem menor, dado o cenário de desvalorização cambial, o mínimo que ele irá exigir serão retornos altos em um curto espaço de tempo ou então não investirá.
Cabe ressaltar que o hedge cambial em investimentos produtivos de longo prazo são raros, sendo normalmente feitos por importadores e exportadores em períodos inferiores a um ano. Portanto, uma moeda instável desestimula investimentos produtivos e, consequentemente, prejudica o crescimento econômico.

Conforme fora dito, considerando que o IPCA acumulado no período de setembro de 1995 a setembro de 2021 foi de praticamente 400%, algo que valia R$ 100,00 naquela época hoje vale R$ 500,00. Sob outro ponto de vista, o Real perdeu 80,44% do seu poder de compra, ou seja, R$ 100,00 naquela época hoje equivalem a R$ 19,56.
Além disso, o Dólar se valorizou 466% frente ao Real, ou seja, o Real perdeu 82,4% do seu valor frente ao Dólar. Neste mesmo período a base monetária foi expandida em mais de 6400%, as operações de crédito cresceram 1800%, a dívida líquida do setor público DLSP aumentou em 3100%, passando de 153,7 bilhões para 4,918 trilhões, e o endividamento das famílias em relação à renda praticamente triplicou, enquanto que o PIB Real cresceu 156% e o PIB per capita 40%.
Em casos extremos, a instabilidade monetária pode fazer com que o governo tenha dificuldade em se financiar emitindo dívida no mercado, sendo obrigado a oferecer elevados juros sobre os seus títulos, bem como a emitir sua dívida predominantemente através de títulos de curto prazo em razão da aversão dos investidores ao risco da dívida, assim como o Brasil no auge da hiperinflação no anos 90 em que os juros bateram um pico 1600% ao ano e a inflação 2500%, desestabilizando toda a economia, ou a emitir títulos em moeda estrangeira, mais forte, mais estável e fora do controle deste governo, o qual na prática passa a assumir os custos da desvalorização cambial futura sobre seus títulos.
O exemplo mais extremo disso foi o bolívar venezuelano e o peso argentino, em que o estado emitiu moeda de forma extrema para financiar seu déficit e pagar sua dívida, perdendo sua a soberania do ponto de vista monetária e se tornando insolvente.
Portanto, as políticas econômicas, monetárias e creditícias que buscam a desvalorização cambial e o crédito subsidiado são simplesmente benefícios que o governo dá para determinados setores exportadores, tais como agronegócio e mineração, e para os consumidores externos à custa e em detrimento dos exportadores de outros países, os quais perdem espaço para os exportadores locais beneficiados por esses subsídios, e de todo o resto do país (população e demais empresários), o qual perde seu poder de compra e tem sua produtividade prejudicada, sendo obrigado a recorrer ao endividamento, o que consequentemente prejudica ainda mais a sua capacidade de geração de renda e de empregos, bem como a sua capacidade de investimento e de consumo.
Ou seja, beneficia-se determinados grupos que têm influência no governo empobrecendo todos os demais, ao mesmo tempo em que ainda os obrigam a arcar com os custos e efeitos prejudicais decorrentes dessas políticas de favorecimento, dentre eles o baixo crescimento econômico, a inflação de preços, a redução da renda e o desemprego.
O que determina o poder de compra de uma moeda não é apenas a sua oferta, ou seja, a aceleração/desaceleração da expansão monetária realizada pelo Banco Central e pelos Bancos Privados, mas também a demanda por esta moeda, a qual por sua vez depende diretamente do nível de abertura econômica, de divisão do trabalho, de acesso a bens de capitais, de estabilidade política e fiscal, de responsabilidade com gastos públicos, além de uma carga tributária em nível não confiscatório, bem como um baixo nível de protecionismo, de intervencionismo, de regulações abusivas e um alto grau de confiança dos consumidores e empresários.
Quanto maior o crescimento de uma economia, maior tende a ser a demanda por sua moeda. E para manter a moeda forte, além de todos esses aspectos, é fundamental a combinação de uma baixa expansão do crédito e da dívida pública com um contínuo crescimento econômico (vide Alemanha e Suíça).
Exposto isso, fica claro que a variação cambial influencia diretamente nos resultados das empresas exportadoras, nos custos das empresas que importam insumos e bens de capital e no valor das ações de empresas que possuem elevado endividamento em moeda estrangeira, impactando a rentabilidade e o desempenho desses ativos. Períodos de valorização cambial, de uma maneira geral, resultam na valorização do preço das ações, além de reduzirem as pressões inflacionárias e aumentarem a expectativa de crescimento econômico.
Esse cenário ainda estimula o aumento dos investimentos estrangeiros, gerando um aumento no fluxo de dinheiro para o país, acarretando no aumento da demanda por moeda doméstica e, finalmente, numa maior valorização da taxa de câmbio. Portanto, de uma maneira geral no médio e longo prazo existe uma relação inversa entre a taxa de câmbio e o Ibovespa por exemplo.
Neste cenário, os custos das empresas que dependem muito de insumos e bens de capital importados são reduzidos, assim como é reduzido o valor da dívida das empresas que possuem elevados passivos em moeda estrangeira, e o mercado tende a precificar isso aumentando o valor de suas ações. Contudo, para as empresas cujas receitas proveem predominantemente de exportações, a valorização cambial reduz o valor das suas receitas, e o mercado tende a precificar isso reduzindo o valor de suas ações.
Logo, períodos de desvalorização cambial tendem a ser favoráveis para estas últimas, aumentando tanto o valor quanto a quantidade das suas exportações, o que é refletido na valorização de suas ações pelo mercado. Porém, desfavoráveis para aquelas primeiras em razão de gerarem o aumento dos seus custos e/ou das suas dívidas, principalmente quando a desvalorização é acentuada pela fuga de capital do país, pois o mercado desconta dos preços dos ativos a perspectiva ruim atual e futura da economia.
Assim, a taxa de câmbio afeta a economia como um todo e, por consequência, a dinâmica do mercado de capitais como um todo, afetando as cotação das ações das empresas, especialmente nos países cuja moeda é mais fraca, os quais tendem a sofrer variações mais bruscas.
"Os piores males que a humanidade já teve de suportar foram infligidos por maus governos."
Ludwig von Mises
Taxa de Investimento - A formação bruta de capital fixo (FBCF) registra a ampliação da capacidade produtiva futura de uma economia por meio de investimentos correntes em ativos fixos, ou seja, bens produzidos factíveis de utilização repetida e contínua em outros processos produtivos por tempo superior a um ano sem, no entanto, serem efetivamente consumidos pelos mesmos.
A FBCF apura ao total do investimento da produção, ou seja, tudo o que se investe em máquinas, bens duráveis, aumento da capacidade produtiva, construção civil, infraestrutura, além de produtos de propriedade intelectual como pesquisa e desenvolvimento, software e banco de dados. Esta taxa advém da relação entre FBCF e o PIB anual. O avanço deste componente do PIB é considerado fundamental para que o país consiga acelerar a retomada econômica e um crescimento mais sustentável e contínuo.

Observa-se que o Brasil sempre esteve no grupo dos países que menos investem, em comparação com o resto do mundo. Nas décadas de 1980 e 1990, por volta de 70% dos países investiram mais do que o Brasil, número que aumentou para 90% em 2018. O Brasil apresentou uma taxa de investimentos média durante o período 2010-2014 de 20,5% do PIB, portanto quase 5% a mais do que o dado de 2020. Porém, com a recessão que se iniciou no segundo trimestre de 2014 a taxa de investimento desabou.
Em 2020 o mundo apresentou, em média, uma taxa de investimentos 10% maior do que o Brasil. Já quando a comparação é com os países emergentes, estes investiram, em média, mais que o dobro do Brasil. Estamos há 4 décadas em queda, e a cada ano o investimento diminui ainda mais, sendo que o Brasil nunca teve uma taxa de investimento alta como em outros países, tanto emergentes quanto desenvolvidos. Menos investimentos significa menor crescimento econômico, menos oferta de bens e serviços, menos emprego, menores salários e queda na renda de toda a população.

Houve mais investimento, por exemplo, entre 2010 e 2014, porque o governo optou por produzir o superinvestimento (PAC) para superar a crise de 2008. Contudo, de maneira geral essa política de investimentos não deu certo, pois houve o superendividamento. Foram construídos ativos que não deram retorno, sem contar os enormes desvios de recursos. Portanto, a crise do investimento é na verdade uma crise de credibilidade e de excesso de endividamento público.
E a dívida pública não para de aumentar, se aproximando cada vez mais de 100% do PIB. E quanto mais o governo deve, menos espaço há no orçamento público para fazer investimentos, especialmente a partir do momento em que o Governo passar a incorrer em déficits orçamentários. A taxa de investimentos públicos caiu quase que pela metade ao longo da última década, passando de 4,56 do PIB% em 2010, para 2,58% em 2020. Em 2017, atingiu a 1,75% (nível mais baixo já registrado no país).

Um déficit governamental implica uma obrigação para o povo, como contribuintes, de reembolsar em algum momento futuro uma quantia idêntica ao governo, visto que o Governo irá emitir mais dívida para cobrir esse déficit, a qual vencerá no futuro e, portanto, consumirá parte da arrecadação futura ou implicará na emissão de mais dívida pelo governo apenas para pagar a dívida que vencerá, resultando no aumento exponencial da dívida pública com o passar do tempo enquanto os déficits governamentais se acumularem. A situação ainda é pior porque essa conduta ainda vai contra a "Regra de Ouro" das finanças públicas, que afirma que um governo só deve tomar emprestado para financiar investimentos e não para custear os seus gastos como ocorre no Brasil.
O governo investe apenas uma fração do que toma emprestado. Apenas 1,27% do orçamento de 2025 ou R$ 74,3 bilhões, serão destinado a investimentos, de um total de R$ 5,86 trilhões de orçamento, o equivalente a 0,6% do PIB, o mínimo estabelecido pelo novo arcabouço fiscal. Portanto, o aumento da dívida pública para cobrir os gatos do Governo reduz o tanto os investimentos realizados pelo setor produtivo quanto a capacidade de investimento do Governo, reduzindo como um todo a perspectiva de crescimento econômico futuro.
Em 2020, os gastos obrigatórios (salários, aposentadorias, pensões e custeio da máquina pública) corresponderam a 92,6% do gasto total pelo Governo, sendo o teto de limite 95%. A dívida pública atingiu em 2020 R$ 6,6 trilhões, e o percentual dessa dívida que vence num curto prazo (até 12 meses) aumentou de 18,7%, em 2019, para 27,6%. Para cada real a mais aplicado em título público é um real a menos investido na economia real.
Como resultado, a taxa de investimentos públicos caiu quase que pela metade ao longo da última década, passando de 4,56% do PIB% em 2010, para 2,58% em 2020, explicado principalmente pelo colapso dos orçamentos governamentais e, por consequência, pela redução também dos investimentos do setor privado gerada pela falta de segurança fiscal e política e de confiança na economia.

Além disso, problemas estruturais que se arrastam há décadas, como a baixa produtividade brasileira e o histórico de instabilidade política e de recessões nas últimas décadas, também são fatores que afugentam investidores, sobretudo estrangeiros.
A incerteza é inimiga dos investimentos e o histórico do Brasil de inflação descontrolada, juros elevados, desvalorização cambial, descontrole fiscal e excesso de endividamento público, mudanças de políticas econômicas, insegurança política e baixa produtividade, justamente pela dificuldade de acesso à bens de capitais e insumos, tanto em razão do protecionismo como da perda do poder de compra da moeda, cria um ambiente de risco que em muito prejudica o investimento nacional e estrangeiro, pois aumenta as incertezas futuras, eleva os juros dos empréstimos e sinaliza um cenário de deterioração.

Portanto, reverter esse quadro e aumentar as taxas de investimentos é de fundamental importância para que o país consiga crescer mais e, com isso, gerar mais empregos, mais renda e, consequentemente uma maior poupança, possibilitando maiores investimentos e o aumento sustentável do consumo.
Quanto maior a poupança, maior a capacidade de consumo futura da população e assim maior será a demanda para os investimentos produtivos de longo prazo. Assim sendo, como a FBCF envolve investimentos em máquinas, equipamentos, construção e outros itens ligados à produção bruta de capital, para que haja o crescimento progressivo da economia de um país, a FBCF deve ter uma participação cada vez maior no PIB.
Logo, para uma economia crescer e melhorar o padrão de vida das pessoas, ela precisa ser intensiva em capital, o qual depende do aumento da poupança, a qual por sua vez depende do crescimento da geração de renda. E para que a economia faça tudo isso, o governo não pode atrapalhar, portanto, não pode obstruir a livre iniciativa consumindo através dos seus gastos os recursos disponíveis e não pode tributar num nível confiscatório o capital privado acumulado.
"A solução do governo para um problema geralmente é tão ruim quanto o problema."
Milton Friedman
Investimento Estrangeiro Direto (IED) - É a movimentação de capitais internacionais para propósitos específicos de investimento, quando empresas ou indivíduos no exterior criam ou adquirem operações em outro país. O IED engloba "fusões e aquisições, construção de novas instalações, reinvestimento de lucros auferidos em operações no exterior e empréstimos intercompany (entre empresas do mesmo grupo econômico)".
Já o investimento indireto é feito mediante empréstimos e financiamentos de longo prazo. Tanto o capital estrangeiro quanto o nacional buscam ambientes em que há mais liberdade econômica, ou seja, ambientes de menor regulação, de menor intervenção estatal, de menor tributação e de maior solidez cambial.

O mercado financeiro brasileiro é diretamente influenciado pelo fluxo de investimento estrangeiro. Havendo o aumento do investimento estrangeiro a tendência é que o mercado de ações se valorize juntamente com a moeda local e que os juros futuros baixem. Por outro lado, havendo a fuga do capital estrangeiro o efeito é contrário, desvalorização do mercado de ações e da moeda local, bem como o aumento do juro futuro.
Um fluxo positivo e crescente de investimento estrangeiro gera uma melhora econômica, que ocasiona um crescimento na geração de empregos, na arrecadação, na renda, no consumo, nas exportações e no desenvolvimento de projetos produtivos e de infraestrutura não atrelados a maiores dívidas, pois em geral o investimento estrangeiro não é vinculado a compromissos de pagamentos e de juros assim como empréstimos.
Como nossa poupança interna sempre foi baixa, os investimentos ocorrem predominantemente através da expansão do crédito via redução artificial dos juros, os quais colapsam quando o endividamento das empresas e das famílias atingem níveis muito elevados ou quando o BC eleva os juros para conter a inflação, o que restringe o crédito e, portanto, os investimentos. Portanto, havendo um baixo IED, resta apenas a manipulação dos juros e a expansão monetária para incentivar os investimentos.
Já através do IED os investimentos produtivos aumentam e a economia cresce sem que haja a necessidade de manipulação de juros e expansão monetária através da concessão de crédito mais barato, política que gera uma série de problemas, tais como períodos de expansão econômica seguidos por períodos de recessão.
E, obviamente, para aumentar o IED torna-se necessário a redução drástica das tarifas de importação, visto que os estrangeiros terão de importar insumos e serviços de fora, bem como a redução de regulamentações que limitam, ou mesmo, impedem o investimento estrangeiro, assim como firmar um maior número de acordos comerciais, melhor inserindo o país na economia mundial.

Além disso, para viabilizar a entrada e o crescimento do investimento estrangeiro além da segurança jurídica e política é preciso haver a confiança de que o capital estrangeiro investido no país não será confiscado, os bens e patrimônio pertencente às empresas estrangeiras não serão expropriados e as dívidas com os investidores estrangeiros não serão calotadas.
Torna-se necessário também uma estabilidade econômica, fiscal e cambial, de forma que essa expropriação não venha a ocorrer indiretamente como decorrência da desvalorização cambial, dos juros altos, da inflação descontrolada, do aumento de impostos ou por meio da imposição de barreiras tarifárias e/ou burocráticas que inviabilizam as importações.
Ou seja, basicamente um governo que não ceda ou se venda para determinados grupos (fazendeiros, industriais, sindicatos, etc) cujos desejos são obter privilégios e benefícios às custas do restante do país e que as políticas comerciais e econômicas internas e externas, bem como os gastos do governo, girem a seu favor.
A redução dos gastos e, consequentemente, dos déficits orçamentários do governo, em conjunto com a redução da carga tributária, reduziria o nível de incertezas em toda a economia, criando assim um ambiente favorável que estimula os investimentos estrangeiros e nacionais.
No gráfico abaixo é possível observar que o IED no Brasil vem diminuindo desde 2012 como decorrência da falta de confiança gerada pela crise fiscal, política e econômica que resultou na perda do grau de investimento, bem como pelo cenário inflacionário, recessivo e de desvalorização cambial, estando em 2021 num valor abaixo da metade do que era há 10 anos atrás.

Para haver o crescimento dos investimentos produtivos é necessário um mínimo de estabilidade política e econômica (inflação baixa e superávit nas contas públicas), o que gera previsibilidade e confiança. Contudo, na última década o governo criou insegurança e se transformou no maior inibidor dos investimentos, cuja ausência restringe a oferta e pressiona os preços para o alto.
O custo do protecionismo para a sociedade, seja através de monopólios, de subsídios, de financiamentos públicos ou de tarifas, barreiras ou regulamentações abusivas, é uma menor produção de bens e serviços, maiores preços cobrados por estes, bem como a menor qualidade destes, visto que os beneficiados com o monopólio ficam protegidos da concorrência e da eficiência de novas empresas e de produtos mais sofisticados, com maior qualidade e mais baratos.
Tudo isso acaba por reduzir a capacidade de consumo, o investimento, a inovação e a geração de empregos, prejudicando toda a economia e, consequentemente o social, em benefício de determinados grupos econômicos que apoiam o regime.
"Aqueles que estão pedindo mais interferência do governo estão pedindo, em última instância, mais coerção e menos liberdade."
Ludwig von Mises
Balança comercial - É um termo econômico que representa a diferença entre as importações e as exportações de bens entre os países. Quando as exportações são maiores que as importações registra-se um superávit na balança, e quando as importações são maiores que as exportações registra-se um déficit. Este é um dos indicadores econômicos mais importantes. Seu valor pode desencadear mudanças duradouras na política externa e monetária. Nos Estados Unidos esse indicador se chama International Trade.

Teoricamente, se diz que a balança comercial de um determinado país está favorável quando este exporta (vende para outros países) mais do que importa (compra de outros países). Quando o total de exportações de bens e serviços for superior ao total de importações registra-se um superávit no saldo da balança comercial.
Isso é um fator positivo na economia de um país, pois o resultado positivo da balança comercial gera um lucro que pode ser utilizado para investir no próprio sistema econômico do país. Do contrário, se diz que a balança comercial é negativa ou desfavorável. O déficit da balança comercial mostra que o mesmo está exportando (vendendo) menos bens e serviços do que está importando (comprando).

Há contudo uma importante ressalva. Investimentos na produção feitos a partir da importação de serviços, de bens de capital, bem como a importação de insumos para a produção de bens de maior valor agregado, podem gerar déficits na balança comercial que, contudo, serão favoráveis à economia no longo prazo, especialmente no caso de países em que produtos de baixo valor agregado são predominantes em sua pauta de exportações.
Investimentos estrangeiros e o déficit na balança comercial que eles geram representam acumulação de capital para o país, pois investimentos produtivos precisam da importação de bens de capital. Países ricos apresentam um amplo acesso à bens e serviços produzidos pelo resto do mundo, pois têm liberdade para importar, por outro lado, é exatamente nas economias pobres que as importações são baixas ou inexistentes.
Portanto, o comércio exterior não pode ser visto como uma negociação em que o lado vendedor ganha e o lado comprador perde, principalmente quando o livre comércio, o investimento e a produção são restringidos por barreiras governamentais que visam estimular exportações e restringir importações para proteger determinados setores em detrimento do aumento da produção e da renda em toda a economia do país, prejudicando o crescimento do próprio comércio exterior.
E no caso do Brasil em que o setor exportador tem menor peso na economia, respondendo por 12% do PIB em 2019, historicamente as medidas governamentais para desvalorizar a moeda, destruindo seu poder de compra para beneficiar esses grupos, estão associadas à redução da atividade econômica e inflação de preços, gerando um prejuízo muito maior do que os retornos do setor exportador para a maior parte da economia do país.
Além disso, a desvalorização cambial não estimula as exportações no longo prazo e também é prejudicial para a economia interna, pois afeta a demanda interna pelos bens industriais e afeta também os custos de produção da indústria, pois os serviços, os bens de capital e os insumos importados ficam mais caros.
Como resultado, frequentemente resultará em uma redução das exportações, em uma estagnação, ou mesmo, em uma contração do setor industrial e, pior ainda, na deterioração do poder de compra da população como um todo, reduzindo seu padrão de vida. Esse efeito pode ser observado no gráfico acima entre 2011 e 2016, período de forte desvalorização do Real, aumento dos juros, inflação alta e consequente retração das exportações e das importações.

"A grande virtude do sistema de livre mercado é que ele não liga para a cor das pessoas, não liga para a religião da qual elas fazem parte; ele se importa apenas se elas podem produzir algo que você quer comprar. Esse é o sistema mais eficiente que já descobrimos para permitir que pessoas que se odeiem negociem para ajudar umas às outras."
Milton Friedman
Essa política econômica e comercial também faz com que a participação das exportações e das importações em relação ao PIB seja baixa. Exportar mais e importar menos não necessariamente gera crescimento econômico, principalmente quando os produtos exportados apresentam baixo valor agregado e a política econômica aposta na desvalorização cambial para estimular as exportações, o que é simplesmente um subsídio para exportadores e consumidores externos em detrimento do crescimento econômico do país.
O que gera crescimento econômico é uma maior produtividade e um maior volume de comércio exterior, os quais necessitam do aumento das importações de insumos e bens de capital e de um livre mercado, ou seja, um ambiente de negócio sem barreiras de importações, subsídios e tributação excessiva. Portanto, no longo prazo a facilidade de importar contribui positivamente para a economia em geral e para as exportações.
Dessa forma, o fortalecimento da moeda local estimula o aumento na importação de bens, o que faz com que os preços caiam para os consumidores do país em questão à medida que a concorrência estrangeira aumenta e gera uma maior variedade de bens e serviços disponíveis para a população, reduzindo as pressões inflacionárias e aumentando o poder de compra. Uma economia em rápido crescimento pode importar mais produtos e serviços à medida que se expande, de modo que seus residentes possam consumir mais do que o país pode produzir.
Consequentemente, um déficit comercial pode indicar que há uma economia em crescimento. Ao mesmo tempo, uma moeda forte estimula também as exportações, como decorrência dos benefícios decorrentes da valorização cambial, tais como um maior acesso à insumos, bens de capitais e serviços importados a um custo mais baixo, um aumento do poder de compra da população e das empresas e o consequente aumento da produção. Esse efeito pode ser observado no gráfico acima entre 2003 e 2010, período de forte valorização do Real e consequente crescimento das exportações e das importações.

Desvalorização cambial, juros altos, inflação, alta tributação, déficit fiscal, dívida pública crescente e barreiras governamentais impedem a concorrência, prejudicam a produção e a oferta de bens e serviços, reduzindo a renda e, por sua vez, a poupança e os investimentos necessários para aumentar a produção, criando assim um quadro econômico recessivo.
Ainda que o governo estimule o crédito para o consumo, ou seja, a demanda através do endividamento, apesar de gerar efeitos no curto prazo, no longo prazo prejudicará ainda mais a poupança e o investimento caso não hajam efetivos ganhos de produção e de renda. Portanto, o consumo só é sustentável no longo prazo quando é possibilitado pelo aumento da renda através da produção.
Medidas protecionistas, tais como subsídios, políticas de desvalorização cambial, isenções fiscais e tarifas de importação, desestimulam ou restringem a importação de bens e serviços do exterior, cujos preços são mais baixos, impedindo que concorram com a indústria nacional, sendo claramente uma prática de capitalismo de estado.
Além de reduzirem a oferta e variedade de produtos no mercado interno, tais medidas garantem a reserva de mercado para determinadas empresas com poder de lobby sobre o governo, servindo como um subsídio às custas da população e demais empresas, as quais ficam obrigadas a pagar preços mais altos do que aqueles praticados por produtores estrangeiros e limitadas a uma gama reduzida de produtos.
Empreendimentos ineficientes são ruins para uma sociedade, pois consomem recursos escassos e não entregam valor, ou seja, na prática subtraem valor da sociedade. E quanto mais medidas protecionistas esses setores receberem, maior será o prejuízo para a sociedade.

Além disso, haverá menos trabalhadores produzindo com menos bens de capital a partir de menos matéria-prima, visto a existência de barreiras de importação. Consequentemente, haverá também menos produtos finais produzidos pelas empresa no mercado. Ou seja, tais medidas geram a redução na oferta de bens e serviços. E sempre que a oferta cai, os preços sobem, restringindo o consumo.
Por outro lado, o fim da proteção dada pelo governo aos cartéis e monopólios, a permissão da competição real em todos os setores da economia e o fim das barreiras comerciais possibilitariam o desenvolvimento dos mercados e o estímulo à competição, gerando maior produtividade, maior consumo, menores preços e maior geração de renda e de riqueza e uma melhor qualidade de vida para as pessoas.
Portanto, independentemente do saldo da balança comercial ser positivo ou negativo, obviamente todo Governo deve buscar o aumento do comércio exterior, o que implica tanto no aumento das importações quanto das exportações. A obtenção de saldos positivos na balança comercial decorrentes de medidas intervencionistas para impedir ou desestimular as importações, além de não gerar o crescimento econômico sustentável, acaba por gerar enormes prejuízos econômicos e, consequentemente sociais, devido à desaceleração do volume de comércio exterior que acaba prejudicando também as exportações no longo prazo.
"A expansão de políticas estatizantes e intervencionistas destroem a capacidade produtiva e a capacidade de iniciativa de um povo, degenera os regimes políticos, cria corrupção e destrói os sistemas econômicos."
Friedrich Hayek
Saldo de Transações Correntes - É um dos principais resultados computados no balanço de pagamentos. Reúne a balança comercial (exportações e importações) e a balança de serviços (transportes, seguros, remessas e recebimento de juros e lucros, rendas e transações unilaterais), o investimento direto e os créditos financeiros provenientes do exterior. Basicamente, indica a entrada (no caso de um superávit) ou a saída de capitais de um país (no caso de um déficit) via comércio exterior, aumentando ou reduzindo suas reservas internacionais.
O saldo de Transações Correntes aponta quantitativamente se o país está exportando ou importando capital do exterior. O superávit na Balança de Pagamentos indica a entrada de capitais do exterior. Ou seja, o país está aumentando suas reservas internacionais recebendo moeda estrangeira para sua economia. Com isso, a moeda local se valoriza. Por outro lado, o déficit em conta corrente costuma ser considerado como uma das principais restrições ao crescimento econômico, pois implicam no aumento da dívida externa.
O Brasil historicamente tem saldo negativo na conta corrente internacional, ou seja, há uma constante saída de recursos do país para o exterior, mas no período entre 2003 e 2007 houve um contínuo saldo positivo, quando as reservas internacionais aumentaram de 50 bilhões de US$ para 375 bilhões de US$.
Contudo, a partir de 2007 o país voltou a apresentar déficits. Esse cenário é uma decorrência direta da perda de confiança gerada por uma política fiscal e monetária inflacionária do Governo que busca financiar o crescente déficit público através da emissão de dívida e, consequentemente, de moeda, bem como de uma política cambial que busca a desvalorização do Real para beneficiar determinados setores exportadores.

A saída de recursos do país para o exterior além de prejudicar o investimento pressiona a taxa de câmbio, pois a moeda local é convertida em moeda estrangeira para ser enviada para fora, aumentando assim a demanda por dólares e demais moedas fortes o que deprecia a moeda local e ainda eleva a inflação de preços e o custo da dívida externa. A inflação desestimula a poupança e estimula o consumo do capital que poderia ser direcionado para investimentos produtivos numa velocidade ainda maior.
Outro fator prejudicial ao investimento é o aumento dos gastos e, consequentemente, do endividamento público, juntamente com a elevada carga tributária do país, os quais consomem recursos que poderiam ser direcionados para investimentos produtivos, obstruindo a formação de capital, o que impede o aumento da oferta de bens e serviços na economia, prejudicando a geração de renda e de poupança.
Por fim, a renda dos investimentos de estrangeiros no Brasil, os quais remetem seus lucros para fora do país, também gera déficit nas transações correntes, pois existem mais estrangeiros investindo no Brasil do que brasileiros investindo no estrangeiro e remetendo seus lucros em moeda estrangeira para o Brasil.
Recentemente, em razão da expressiva desvalorização do Real frente as moedas fortes do mundo, da alta nos preços das commodities e da queda nas importações, o país voltou a apresentar superávit na conta de transações correntes predominantemente pela balança comercial, ou seja, pela exportação de commodities tais como minérios, petróleo e grãos em maior parte e pelo desestímulo à importação decorrente da grande desvalorização do Real e da recessão econômica.
É preciso deixar claro que uma elevada relação déficit em conta corrente/PIB gera a perda de confiança dos investidores e a reversão do fluxo de capitais, ou seja, estimula a saída de capital do país.

A posição de investimento internacional líquida contabiliza os ativos e os passivos externos do país. Em outras palavras, enquanto o balanço de pagamentos registra fluxos de capitais, bens e serviços e ativos financeiros, a PII apura o resultado líquido dos estoques de ativos e de passivos internacionais de um país.

Quando o país tem passivos internacionais muito superiores aos seus ativos internacionais, como no caso do Brasil, tem-se um saldo negativo na conta corrente do país, sendo no caso brasileiro de 843 bilhões de dólares em 2023. Isso decorre principalmente pelo fato de que há uma maior posição dos investimentos de estrangeiros no país do que de investimentos do Brasil no exterior, tanto aqueles alocados em participação de capital em empresas quanto aplicações em ações e títulos, o que implica num maior fluxo de juros, lucros e dividendos enviados ao exterior em relação aos que são recebidos do exterior.
Além destes investimentos, o passivo espelha a posição dos empréstimos tomados no exterior pelos setores público e privado. Em 2021 os EUA respondiam por cerca de 29% do investimento estrangeiro no país e a China por 5%.

Contudo, o déficit na posição de investimento internacional também indica uma situação deficitária que mostra a vulnerabilidade da economia brasileira, bem como sua grande exposição a choques externos e cambiais assim como a dependência dos financiamentos externos, principalmente para pagar as rendas desse enorme passivo externo líquido.
Apesar da balança comercial ter sido positiva nas últimas duas décadas, quanto ao exame do restante das contas de transações correntes, as contas seguintes à balança comercial apresentaram graves déficits que comprometem sobremaneira o balanço de pagamentos.
"Só uma crise, real ou percebida, produz mudança real."
Milton Friedman
O Brasil vive há séculos um auto embargo econômico. Como um gigante acorrentado, o Brasil é um país com um enorme potencial, porém, amarrado por todos os lados. Nossos políticos decidem quem ganha e quem perde, o que é produzido e para onde é vendido, onde e em que quantidade. A expansão de políticas estatizantes destrói a capacidade produtiva e a capacidade de iniciativa da população.
O estatismo degenera os regimes políticos, cria corrupção e oportunidades de desvio, além de destruir os sistemas econômicos ao longo do tempo, especialmente através de processos inflacionários criados pelos bancos centrais como forma de financiar a dívida e os crescentes gastos públicos.
Independentemente da época, do partido ou da vertente política (esquerda, direita ou centro), todos os governos ao longo da história do Brasil impuseram sobre os pequenos e médios empresários restritos controles e regulamentações, bem como uma rígida e excessiva tributação, ao mesmo tempo em que proporcionaram trânsito livre para os grandes empresários e latifundiários, os quais, em troca de propinas e doações de campanha, usufruem a liberdade de fazer conluio com políticos e burocratas e, com isso, auferem de inúmeras flexibilizações, benefícios fiscais, regimes tributários mais favoráveis, subsídios e demais privilégios e favores, os quais seriam simplesmente inalcançáveis em um livre mercado sem a intervenção estatal na economia.
Os privilégios mais comuns são contratos privilegiados com o governo, restrições de importação, subsídios diretos, tarifas protecionistas, empréstimos subsidiados feitos por bancos estatais, e agências reguladoras criadas com o intuito de cartelizar o mercado e impedir a entrada de concorrentes estrangeiros, bem como os privilégios ilegais, como as fraudes em licitações e o superfaturamento em prol de empreiteiras, cujas obras são pagas com dinheiro público.
Ao invés de buscar superar seus concorrentes no mercado através de investimentos em processos mais produtivos para oferecer produtos de melhor qualidade a melhores preços, esses grandes grupos econômicos buscam através de lobby, propinas e pressão política se favorecer através desses benefícios, bem como através de medidas regulatórias protecionistas que criam reservas de mercado e barreiras à concorrência.
Além disso, sempre que o governo aumenta os gastos públicos e incorre em déficits orçamentários ele aumenta os lucros de alguns empresários privilegiados (ou ineficientes) à custa dos pagadores de impostos que ficarão com o ônus da dívida e dos juros. Ou seja, neste sistema que perdura há séculos no Brasil quem realmente arca com a fatura são os pequenos e médios empresários e os trabalhadores assalariados da classe média e das classes mais baixas. Segundo o Sebrae, os pequenos negócios geram uma renda de 420bi por ano, o equivalente a 1/3 do Pib brasileiro, valor que aumenta a cada ano.
O estado não pode controlar a produção, muito menos gerenciar diretamente o setor empresarial. É impossível que tal sistema leve algum país à prosperidade. Por outro lado, por meio do desenvolvimento do livre mercado e do estímulo à competição, os países conseguem aumentar sua produtividade e gerar riqueza e prosperidade através dos processos espontâneos de inovação empreendedorial.
A competição é o principal fator de evolução das empresas. Em uma sociedade livre, as companhias lutam entre si para conquistar e manter seus clientes. Isso só pode ser feito por meio de investimentos em melhor qualidade dos processos, dos produtos, das pessoas, o que leva à redução de custos e aumento da eficiência, possibilitando à empresa oferecer produtos com menores preços tornando-a mais competitiva. Esses processos provêm a população de melhores produtos, com melhores preços, e que geram maior satisfação.
Contudo, tais processos somente serão viáveis e eficazes num ambiente sem privilégios, sem protecionismos, sem imposições, sem limitações e sem tarifas de importação abusivas, ou seja, sem que hajam subsídios à ineficiência e às más práticas empresariais. Se houverem barreiras legais à entrada de concorrentes, então há um grave problema, pois um produtor está auferindo um privilégio, e esse privilégio será explorado à custa do público consumidor e/ou dos demais produtores, em geral dos pequenos e médios, e em algum momento futuro a economia irá retroagir para o empobrecimento.
A desestatização da economia exige o fim da proteção dada pelo governo aos cartéis e monopólios, a permissão da competição real em todos os setores da economia e o fim das barreiras comerciais.
"O homem comum não especula sobre os grandes problemas. Ampara-se na autoridade de outras pessoas, comporta-se como um sujeito decente deve comportar-se, como um cordeiro num rebanho. E é exatamente essa inércia intelectual que caracteriza um homem como homem comum."
Ludwig von Mises