Comprar Opções a Seco

Mais do que em qualquer outro investimento disponível no mercado, as operações de compra ou de venda de derivativos tendem a produzir resultados que são várias vezes maiores do que as variações nos preços dos ativos objetos nos quais estão referenciados.
São operações alavancadas que permitem assumir grandes posições com um capital investido relativamente pequeno se comparado ao que seria necessário para assumir uma posição similar no ativo objeto. A posição alavancada está associada a um risco maior em relação às demais operações no mercado. Quanto menor a margem, maior o potencial de alavancagem numa dada operação. Assim, a possibilidade de obter retornos mais altos exige a disposição de assumir riscos maiores.
Consequentemente, as variações do preço do ativo objeto geram um alto potencial de volatilidade nas posições com derivativos, tanto para cima quanto para baixo. A elevada volatilidade dos mercados derivativos mostra claramente que as operações envolvem riscos muito maiores do que as operações no mercado à vista do ativo objeto. E sendo assim, é fundamental para todo investidor que opera com derivativos conhecer os riscos aos quais suas operações o expõem, devendo refletir a respeito da relação entre o risco e o retorno da estratégia.
“Quem conhece a sua própria ignorância revela a mais profunda sapiência. Quem ignora a sua própria ignorância vive na mais profunda ilusão”.
Lao-Tsé
Opções permitem que o investidor “alavanque” sua posição aumentando o retorno potencial sobre um investimento sem aumentar o montante do capital investido, pois o capital investido inicialmente para comprar uma opção é relativamente pequeno em comparação com o retorno potencial.
É difícil para a maioria das pessoas compreender como e porque em razão de minutos, ou mesmo segundos, uma posição no mercado de opções pode sofrer variações tão grandes, possibilitando ao especulador auferir grandes lucros, ou grandes prejuízos, num período de tempo relativamente curto. Isso é algo que a maioria das pessoas dificilmente irá experienciar em suas vidas, pois tradicionalmente fazer uma grande quantidade de dinheiro requer tempo e muito esforço.
Uma opção é então uma maneira de alavancagem financeira, pois se controla uma quantidade X do ativo objeto por uma fração de seu preço no mercado à vista. Contudo, quando dois investidores se comprometem em uma operação a ser realizada no futuro, os riscos são evidentes.
Provavelmente, a estratégia mais simples e intuitiva para operar com opções é comprando-as. É assim que a maioria inicia nesse mercado, comprando principalmente opções de compra atraídos pelo potencial de retorno ilimitado das calls e diante de um prejuízo limitado ao valor investido (risco máximo). Muitos fazem isso em razão do seu capital inicial não ser grande o suficiente para que obtenham, imediatamente, lucros significativos comprando ações.
Comprar opções de compra a seco é uma forma alavancada de ganhar com uma alta, mas que pode trazer grandes prejuízos se a alta não ocorrer ou demorar para ocorrer, especialmente aos compradores compulsivos que realizam compras após períodos de grande volatilidade no preço do ativo objeto, quando o valor extrínseco das opções tende a ser depreciado em razão da lateralização do preço do ativo objeto. Ou seja, acabam comprando opções que estão carregadas com muito valor extrínseco em momentos desfavoráveis, o que além de aumentar o risco, diminui o potencial de retorno.
"Muitas vezes nossas jaulas somos nós mesmos, que vivemos polindo as nossas grades ao invés delas nos libertarmos".
Adolpho Bloch
Exposto isso, opções não são “ações baratas”. Toda opção tem um preço de exercício, se o preço do ativo objeto não valorizar/desvalorizar, ultrapassando significativamente o preço de exercício de uma CALL/PUT até a data de exercício, a opção irá expirar e o comprador perderá o que pagou por ela (prêmio).
Apesar do retorno potencial para quem compra calls ser ilimitado, pois seu prêmio aumenta de valor conforme o preço do ativo objeto se valoriza, e, para quem compra uma put ser limitado ao preço de seu exercício, pois seu prêmio aumenta de valor conforme o preço do ativo objeto se desvaloriza, investidores que não conseguem ganhar dinheiro comprando ações estarão condenados ao comprarem opções a seco.
Por não estarem protegidos por algum tipo de hedge, assim como nas operações de spread, há pouquíssima margem para erro. O lucro de uma sequência de operações de sucesso com opções pode ser facilmente perdido diante de uma operação perdedora neste mercado.
Assim, de uma maneira geral, é extremamente mais difícil ganhar dinheiro comprando opções do que investindo em ações. Além dos requisitos padrões que investimentos em ações requerem, tais como selecionar a empresa certa, analisar o preço, os fundamentos, as expectativas de mercado e definir o momento de abrir e fechar uma posição, é preciso também levar em consideração outros aspectos.
O especulador de opções deve preocupar-se com o quão rápido o preço do ativo objeto irá atingir o valor que ele espera. Por exemplo, se você compra uma ação esperando uma alta para os próximos dias e o papel demorar 3 meses realizá-la, você pode ser dar ao luxo de manter a posição e aguardar que tal alta ocorra. E ainda assim, fará uma operação vencedora. Faça o mesmo ao comprar uma opção e esta irá expirar sem valor algum, pois o tempo terá depreciado quase todo o seu valor.
“Uma pessoa inteligente resolve um problema, um sábio o previne”.
Albert Einstein
Todo o comportamento do preço de uma opção está diretamente ligado ao comportamento do preço do ativo objeto ao qual uma opção garante o direito de compra (call) ou de venda (put). É claro que às vezes as opções podem se comportar de uma maneira “descolada” do comportamento do ativo, o que pode decorrer em razão de fatores tais como a expectativa do mercado sobre o futuro do ativo, a manipulação de “robôtraders” de investidores institucionais e, principalmente, em razão da volatilidade no preço do ativo objeto e do tempo que resta até o seu vencimento.
Opções oferecem aos compradores a possibilidade de rapidamente fazer muito dinheiro quando estão certos. Mas se o preço do ativo objeto reverter, ou mesmo, se lateralizar, podem sair do mercado sem nada. Para que uma compra a seco de opção gere lucro é preciso que a variação no preço do ativo objeto seja grande o suficiente para vencer a depreciação do VE pela passagem do tempo.
Comprar uma opção de compra é apostar que um determinado ativo irá alcançar ou exceder determinado preço até um determinado período de tempo. Perceba que ao realizar a “aposta” o investidor deve acertar em três aspectos, escolher o ativo certo, predizer a extensão do seu movimento e quanto tempo levará para que ocorra. Se errar em apenas um deles irá perder dinheiro.
Ao comprar uma CALL ITM o investidor poderá obter lucro com uma alta no preço do ativo objeto relativamente pequena se comparada à que seria necessária para que o mesmo obtivesse lucro comprando uma CALL OTM, visto que o delta da CALL ITM é muito maior em relação ao delta da CALL OTM. Contudo, terá que desembolsar um capital bem maior para comprar a CALL ITM do que para comprar a CALL OTM. Logo, caso a operação dê errado seu prejuízo será maior.
Assim, quanto mais OTM estiver a opção maior será a variação necessária no preço do ativo objeto para que a sua compra gere algum lucro. Portanto, apesar de requer menos capital em relação à compra de uma opção ITM, oferecendo assim maior alavancagem sobre capital disponível, o risco da compra de uma opção OTM será muito maior para o investidor, pois esta não tem o suporte do valor intrínseco que a opção ITM possui, e muitas vezes nem mesmo da liquidez de mercado. Assim, as chances de perder todo o capital investido serão muito maiores.
"Quando se navega sem destino nenhum vento é favorável".
Séneca
Para muitos especular comprando opções a princípio parece algo maravilhoso que em pouco tempo pode possibilitar a qualquer investidor iniciante um rápido crescimento de seu capital. Isso porque a rentabilidade de uma posição em opções pode em um dia alcançar a casa dos 2, 3 ou até mesmo 4 dígitos.
Isto mesmo! Nas raras vezes em que o preço do ativo objeto sofre grande valorização quando próximo do dia do vencimento de opções as CALLs que estão fora do dinheiro podem chegar a subir mais de 1000%, o mesmo acontecendo com as PUTs que estão fora do dinheiro no caso de uma expressiva desvalorização no preço do ativo objeto. E isso pode acontecer em um único pregão, ou mesmo, em um gap na abertura.
O problema é que existe o outro lado da história. Na compra de opções a seco deve-se levar em consideração que as variações no preço do ativo objeto contrárias à posição comprada na opção, somadas a depreciação do prêmio pela passagem do tempo, proporcionam uma perda de valor bastante expressiva nas opções, pois estes dois fatores afetam exponencialmente o preço dessa opção.
Dessa forma, também não é incomum que opções dentro do dinheiro virem pó num único pregão. CALLs que estão dentro do dinheiro podem chegar a cair mais de 95% caso ocorra uma expressiva queda no preço do ativo objeto quando próximo ao dia do vencimento, o mesmo acontecendo com uma PUT que está dentro do dinheiro no caso de uma expressiva valorização do preço do ativo objeto. Basta uma queda de 5% no preço do ativo objeto na semana anterior ao vencimento da opção para que a desvalorização de uma CALL chegue a 80% ou mais.
Caso o ativo objeto caia de preço, caso demore a realizar o movimento de alta, ou mesmo, caso a extensão deste seja menor do que o investidor precisa, este poderá perder todo ou quase todo o capital investido na opção de compra.
Em razão disso, todo capital aplicado na compra de opções pode vir a ser perdido e o investidor (comprador) deve estar ciente desse risco. E por sua vez, o lançador de uma opção a descoberto deve ter capacidade financeira para cobrir eventuais prejuízos potencialmente vultosos, bem como dispor de garantias suficientes para atender às exigências de margem.
“Dentre os perigos envolvidos na especulação, o acontecimento do inesperado, e eu diria até mesmo daquilo que é improvável, figura no topo da lista”.
Jesse Livermore
Iniciantes se acham as pessoas mais espertas do mundo quando conseguem ganhar 50%, 100%, 300% numa compra a seco de opções. Resultado esse que não lhes ajuda a compreender o risco a que estão expostos e a irresponsabilidade da forma como estão operando. Subestimar o mercado de derivativos é, no curto prazo, arriscar-se a ser liquidado do mercado por falta de recursos, ou mesmo, ficar devendo à “banca”.
A ganância é o motor primário que alimenta o especulador de opção. Mesmo após consecutivos prejuízos ele não consegue simplesmente parar e repensar sua estratégia, ou sequer desistir dela, dado que a mesma não mais lhe traz retorno algum.
Diante de uma operação que deu errado o iniciante age como um masoquista anestesiado. Fica sentado esperando que seu dinheiro dobre de valor num dia. Mas muitas vezes ao invés de ver seu dinheiro dobrar o coitado se vê diante de um prejuízo de 50% sobre o seu capital, enquanto o tempo passa e o dia do vencimento se aproxima. E assim, observa agonizadamente o preço de suas opções depreciar até que virem pó.
Para esse tipo de especulador não há prejuízo que seja grande o suficiente para fazê-lo desistir. Irá operar até o momento em que o seu saldo financeiro acabar. E quando conseguir juntar mais dinheiro, seja trabalhando, pedindo emprestado ou liquidando investimentos vencedores, irá novamente injetá-lo em compras de opções a seco seguindo a sua estratégia autodestrutiva para o fundo do poço.
Portanto, não se iluda. Se existe um risco máximo para a sua operação é porque este pode vir a acontecer. Logo, para que a implementação desta valha a pena tal risco deve ser menor do que o potencial máximo de lucro da operação. E esta por sua vez, deve ser montada em momentos que sejam mais propícios, de forma que o retorno seja otimizado. Isso quer dizer que o investidor deve avaliar fatores como a volatilidade histórica e o tempo restante até o exercício.
Contudo, a dinâmica do mercado de opções sempre induzirá o especulador a tentar fisgar um centavo a mais, o último centavo. Não é raro histórias de especuladores que compraram opções de “centavinho”, cotadas a menos de R$ 0,30, e que quando se valorizaram, algumas vezes passando dos R$ 2,50, ao invés de vendê-las e realizarem o lucro, seguraram a posição acreditando que iriam subir mais, apenas para observá-las caírem de preço voltando para R$ 0,30 e, posteriormente, virarem pó. Mesmo sabendo que está errado e o que deve ser feito o especulador é perseverante e tem esperança que suas opções voltem a subir da forma como fizeram antes.
“Um dos privilégios do homem rico é poder se dar ao luxo de ser insensato por muito mais tempo que o pobre.”
Ludwig Von Mises
Muitas pessoas que perderam dinheiro investindo em ações tentam recuperar seus prejuízos especulando com opções, ao invés de encararem suas dificuldades e refletirem sobre os motivos que as levaram a perder. Ao lançarem opções no mercado, os investidores institucionais estão vendendo esperança para esses amadores que compram opções para tentar dobrar seu dinheiro num dia. Mas no final deste dia acabam observando-as “derreterem” diante de seus olhos. Ao invés de dobrarem seu capital saem do mercado com prejuízos de 50%, ou mesmo, de 100%.
De uma maneira geral, as chances de sucesso realizando compras a seco são as mais baixas dentre todas as estratégias com opções, ainda mais para aqueles que compram opções OTMs. Para o day trader as opções são nada mais que esperança. Oferecem um bilhetinho barato para o “jogo do mercado” da mesma forma com que fazem as loterias e cassinos.
Como vimos acima, o investimento no ativo objeto exige uma maior disponibilidade de capital. Mas por outro lado, ele não tem “prazo para expirar”. Opções nascem com uma data marcada para “morrer”, e a partir desse dia não possuirão valor algum. Isso limita toda operação com opção ao seu prazo de validade. No dia do exercício o investidor pode exercê-la ou vendê-la, caso contrário ela deixará de existir.
Se a operação não produzir resultados positivos nesse prazo o investidor terá que assumir o prejuízo, o qual pode chegar a 100% do capital alocado, no caso de uma compra, e indeterminado, no caso de uma venda a descoberto.
Além disso, o valor de mercado de uma opção sofre depreciação do tempo. A chamada gordura (valor extrínseco) é maior quanto mais longe do vencimento a opção se encontra. Com o passar do tempo, à medida que a opção se aproxima do vencimento ela vai perdendo o seu valor extrínseco. Isso pode ocorrer até mesmo num intervalo de minutos.
Por exemplo, supondo que o preço do ativo objeto esteja em R$ 50,00 e o preço de uma call com exercício em R$ 50,00 esteja em R$ 2,40. Caso o preço do ativo caia para R$ 49,80 e volte a subir para R$ 50,00 durante um mesmo pregão, não seria incomum o preço da opção cair para R$ 2,25 e, quando o preço do ativo objeto voltar a subir, fique em torno de R$ 2,35, ao invés de R$ 2,40 como estava antes do preço do ativo objeto cair. Ou seja, ainda que o ativo objeto volte para o preço que estava, o preço da opção não voltará para o valor que estava anteriormente.
Portanto, são três fatores que fazem com que operações a seco em opções sejam extremamente arriscadas. Em primeiro lugar a altíssima volatilidade causada pela alavancagem. Em segundo o fato de que as opções expiram. E em terceiro a depreciação do valor das opções pela passagem do tempo.
“Conhecer as regras te ajudará a concentrar nos pontos fortes, aproveitar as oportunidades, reconhecer as fraquezas e proteger-se contra as ameaças”.
Sun Tzu
Isso não quer dizer que seja improvável que se obtenham ganhos com essa estratégia. Mas é extremamente difícil obter ganhos no longo prazo operando dessa forma, pois a tendência é que os prejuízos, os quais também são alavancados, acabem com os lucros das operações anteriores.
É muito raro encontrar investidores que conseguem manter esse tipo de estratégia por um longo período, dado o alto nível de stress e a grande dedicação que isso requer, além dos enormes e consecutivos prejuízos. Os poucos que conseguem algum lucro acabam reinvestindo-o em estratégias mais conservadoras, ou mesmo, ainda que invistam-no em operações alavancadas, passam a fazê-lo com o risco coberto (spreads).
Cada um deve decidir o que deseja antes de montar sua estratégia com opções, operando dentro das suas expectativas e possibilidades financeiras, sempre tendo consciência da relação entre o risco máximo e retorno possível. Todo investidor deseja uma estratégia de baixíssimo risco e enorme retorno. Infelizmente isso não existe. Toda vez que se opera com maior alavancagem na expectativa de maior retorno o risco aumenta.
Ao escrever esse conteúdo adoraríamos poder oferecer uma estratégia miraculosa com altíssimo índice de certo e baixíssimo risco. Algum “setup gráfico” ou informação privilegiada que de alguma forma pudessem lhe propiciar ganhos enormes, ao mesmo tempo em que lhe expusessem a riscos triviais. Entretanto, o tempo de vida que uma opção possui é muito curto para que se tenha alguma certeza neste mercado. Conforme dito anteriormente, quanto menor o período de tempo analisado menor a probabilidade de acerto. E, portanto, a panaceia simplesmente não existe.
Todas as estratégias que oferecem enormes potenciais de ganho também envolvem enormes potenciais de risco, implicando em maiores drawdowns e uma performance bastante volátil. Não se iluda com métodos de “trades” revolucionários que funcionam muito bem quando o mercado está em alta, mas que quando numa tendência de baixa trazem enormes prejuízos ou vice versa. Em toda operação que realizar com derivativos esteja ciente das regras, dos riscos aos quais estará expondo o seu capital e, principalmente, do momento de liquidar a operação.
Dificilmente um investidor sobreviverá no mercado de opções operando sem conhecer os riscos de suas estratégias, sendo quase impossível que sobreviva quando estiver se expondo a riscos ilimitados ou realizando compras compulsivas. Portanto, não se iluda com os ganhos rápidos que terá, nem se torne orgulho.
Tampouco seja arrogante o suficiente para perder tudo ou mais do que possui. Seja sempre realista e objetivo, pois o mercado de derivativos não perdoa amadores e fanfarrões. É lugar para estratégia, matemática, risco coberto e responsabilidade. Se você não quer se dedicar a aprender o seu funcionamento e as suas estratégias, talvez o mais coerente seja não operar com opções.
“O que mais importa não é o quanto você tem, mas o que você faz com o que tem e, acima de tudo, o quanto você gera de retorno sobre o que tem”.
Capital e Valor
Considerações Finais Sobre Investimentos e Bibliografia

Uma vez que as opções são instrumentos derivativos sobre ativos de renda variável, não há garantia de retorno sobre o investimento feito nesse mercado. O retorno vai depender basicamente do comportamento do preço do ativo objeto.
À medida que seu preço se move para cima ou para baixo, o lançamento de novas séries de opções, com strikes mais altos no caso de alta e mais baixos no caso de queda, será autorizado pela Bolsa, de forma que as novas opções serão negociadas com preços de exercício próximos ao preço de mercado do ativo objeto. No caso de futuras alterações o lançamento de opções a novos preços de exercício poderá ser novamente autorizado.
É importante compreender que o número de ações de uma empresa é fixo, mas as opções podem ser literalmente criadas a qualquer momento, sem nem mesmo haver a necessidade de se possuir lotes do ativo objeto. Para lançar uma opção no mercado é necessário apenas possuir margem, seja em dinheiro, em ativo objeto ou qualquer outro ativo financeiro aceito. Para quem as compra com intuito especulativo, as opções são nada mais do que a esperança de que o preço do ativo se mova para cima (CALL) ou para baixo (PUT) rápido o bastante para que seja possível obter lucro com a valorização delas.
Se o especulador acreditar na alta do ativo objeto comprará opções de compra (calls), pois estas se valorizam num percentual muito maior em relação à valorização do ativo. Se acreditar na queda do ativo objeto comprará opções de venda (puts), as quais se valorizam num percentual muito maior em relação à desvalorização do ativo.
Mas caso suas expectativas não aconteçam a tempo, ou mesmo ainda que aconteçam, não ocorram rápido o bastante, o investidor terá grande prejuízo em razão da alavancagem e da depreciação do valor do prêmio das opções pela passagem do tempo, podendo perder a totalidade do capital investido.
“O homem que tenta ficar rico em um dia acabará enforcado em menos de um ano”.
Leonardo da Vinci
Operações com opções estão intimamente ligadas a estratégia. O maior trunfo de uma opção para o investidor está na proteção do seu capital (hedge) e na limitação do risco de suas operações (spreads). Já para o especulador está na alavancagem que as opções lhe proporcionam, maximizando os seus lucros quando suas operações dão certo.
Por isso, tenha sempre em mente que ao contrário do titular de uma opção, cujo prejuízo máximo é limitado, o lançador de uma opção tem uma posição bem mais arriscada. Quando o preço do ativo objeto se movimenta em direção contrária às expectativas do lançador, ou seja, se aumenta para uma posição vendida em opção de compra ou diminui para uma posição vendida em opção de venda, o prejuízo potencial referente à posição vendida em opção de venda será igual ao preço de exercício da opção, e no caso de uma posição vendida a descoberto em opção de compra será ilimitado.
Essa situação pode ser modificada quando a posição vendida é coberta. O investidor abre posição vendida em uma opção de compra com uma posição comprada no ativo objeto ou uma posição vendida em uma opção de venda com uma posição vendida no ativo objeto.
Esse tipo de combinação é conhecido como lançamento de opção “coberta”. O lançamento coberto de uma put em razão do grande valor de margem necessário tanto para abrir a posição vendida na ação quanto para lançar a opção de venda, torna essa estratégia proibitiva para o pequeno investidor.
O lançador de uma opção de compra “descoberta”, que vende opções sobre um ativo objeto que não possui, encontra-se em posição extremamente arriscada. Ele pode sofrer grandes prejuízos se o valor do ativo objeto superar o preço de exercício da CALL lançada, pois será obrigado a vender o ativo objeto a um preço abaixo do preço de mercado.
O lançador de uma opção de venda, por sua vez, assume o risco de prejuízo se o preço do ativo objeto cair abaixo do preço de exercício, pois se designado para o exercício deverá comprar o ativo objeto a um preço acima do preço de mercado.
De acordo com o comportamento do preço do ativo objeto o lançador de opções a descoberto, assim como lançador de opções de venda, poderão ser chamados a recompor o nível de garantia (chamada de margem) e terão que depositar mais dinheiro ou outros ativos aceitos pela CBLC.
“No final é só dinheiro, você tem o resto da vida para fazer mais”.
Capital e Valor
O objetivo do lançamento de uma opção descoberta é ganhar o prêmio sem precisar investir no ativo objeto. Entretanto, o lançador de opções descobertas deve dispor de garantias suficientes para atender a um eventual exercício das opções que vendeu, as quais podem aumentar de valor substancialmente se o preço do ativo objeto se movimentar na direção contrária à sua posição.
Assim, o risco para quem vende opções a descoberto é muito alto, o que não justifica o pequeno retorno obtido nos casos em que essas operações dão certo, o qual se limitará ao valor recebido pela venda da opção (prêmio).
Para muitos essa relação entre o enorme risco e o pequeno retorno só fica clara quando visualizada num exemplo prático. Nos últimos anos a última “estourada” de um papel com opções líquidas foi em 2007 quando a Petrobras anunciou a descoberta do pré-sal e suas ações subiram 17% num só dia. Opções de compra fora do dinheiro se valorizaram mais de 5000% num só dia. Isso mesmo, esse foi o efeito que a valorização do papel causou nas opções de “centavinho” que ninguém acreditava que dariam exercício.
Logo, um especulador que vendesse 10000 opções da PETR4 com valor de R$ 0,15 receberia R$ 1500,00 de lucro potencial caso suas opções vendidas expirassem. Mas para a infelicidade dele o improvável aconteceu. Num só dia essas opções se valorizaram para mais de R$ 5,00 deixando-o com um prejuízo em torno de R$ 48.500,00 (R$ 50.000,00 – R$ 1.500,00).
Percebemos que o pequeno potencial de retorno da venda a descoberto não compensa o prejuízo potencial que o investidor expõe seu capital, e se caso no exemplo o papel tivesse subido mais seu prejuízo seria ainda maior.
“Se há possibilidade de várias coisas darem errado, todas darão; ou a que causar mais prejuízo”.
Murphy
O fato de que os preços das opções tendem a se depreciar com o passar do tempo, aliado à sua grande volatilidade, a qual tem o potencial de fazer com que uma opção dentro do dinheiro vire pó num só dia, induz os especuladores a venderem a descoberto e a operarem a seco. Este último nada mais é do que comprar calls por simplesmente apostar numa valorização rápida no preço do ativo objeto ou comprar puts apostando numa desvalorização rápida deste.
Para o especulador de opções, o qual tem a audácia e a ousadia de destinar parte significante de todo o seu capital para operar opções a seco ou para vendê-las a descoberto, o erro é um luxo que sempre lhe custará caro, caro até demais. Qualquer “pequena” variação no preço do ativo objeto poderá causar uma grande perda em seu capital, ou mesmo, caso não haja variação qualquer, pois a “gordura” da opção que fora comprada é perdida com o passar do tempo e em função de mudanças na expectativa dos investidores institucionais e na sua atuação neste mercado, os quais mantêm a liquidez desses ativos.
O mercado de derivativos é extremamente manipulado por investidores institucionais. Há pouco tempo atrás, antes de começarem a serem utilizados com tanta frequência e com alto volume financeiro robôs que monitoram todas as séries de opções, buscando ajustar o preço de mercado de acordo com a estratégia e expectativa dos investidores institucionais, de uma maneira geral, o especulador de opções possuía maiores chances e maiores margens para erro.
Hoje em dia o mercado de derivativos está extremamente automatizado por robôtraders. Isso significa que de maneira geral esse mercado está cada vez mais “travado” e manipulado e as oportunidades de lucro estão mais difíceis de serem identificadas, ocorrendo rapidamente quando menos esperado.
Isso tem dificultado aos especuladores obter retornos consistentes através das estratégias descritas acima, fazendo com que percam todo ou parte dos movimentos de preço das opções, assim como os melhores momentos para liquidarem suas operações. Da mesma forma, os rápidos movimentos contrários à tendência do preço estão cada vez mais comuns, o que os obrigam a stoparem suas posições com maior frequência.
Nossa intenção ao escrever este conteúdo não foi de apenas assustar e traumatizar aqueles que nunca operaram com derivativos. Mas deixar claro que os derivativos são excelentes instrumentos de proteção de capital e de controle de risco, não apenas instrumentos alavancados de especulação.
“Não tenho a menor dúvida de que nove em cada dez pessoas que possuem contas de opções em corretoras são especuladores. Minha única desavença com esse quadro é que todos eles foram estimulados a acreditar que são investidores, o que não é verdade.”
Benjamin Graham
Investidores operam opções com estratégia (spread) e as utilizam para proteger as suas operações e as suas carteiras de ações (hedge). Mas para os especuladores as opções são esperança. Esperança de que o preço do ativo reagirá muito e rapidamente na direção de sua posição. Esperança que não possui valor real, apenas preço, definido “à mercado” pela ação dos investidores institucionais e vendido por um alto valor aos especuladores que têm expectativas de lucros rápidos.
A alavancagem e alta volatilidade das opções são fatores de risco que devem ser considerados pelo investidor. Qualquer um pode virar um grande estrategista e conhecer muito sobre opções, mas nem todos serão grandes investidores. O aprendizado do gerenciamento do risco e da proteção do capital depende de muito estudo e muito treino.
Existem diversas maneiras diferentes para a utilização de opções, das mais especulativas às mais conservadoras. Muitos iniciam no mercado de opções apenas operando a seco e acabam perdendo parte substancial de seu capital, se não todo ele, enquanto aprendem sobre esse mercado e tentam construir um “método” de sucesso. Existem diversas histórias tristes nesse mercado, assim como raros casos de sucessos incríveis.
O verdadeiro significado de uma opção para um investidor é estratégia. Esse é o diferencial que lhe afastará dos riscos aos quais os especuladores se expõem. É através disso que você realizará ganhos regulares e progressivos, construindo e consolidando o seu patrimônio.
Essa será a sua estratégia de longo prazo, proteger o que você tem, lucrar de forma responsável e operar com o risco coberto e de acordo com as circunstâncias e com as suas possibilidades financeiras. Portanto, se chegando até este ponto você ainda não tiver compreendido como o mercado de opções funciona, não opere com opções! Simples assim.

“O especulador de opções, com raríssimas exceções ou desiste, ou fica louco, ou fica pobre”.
Bastter