O Papel do Dinheiro na Vida de Cada Um

“Hoje a maioria dos indivíduos pode direcionar suas energias para satisfazer necessidades que vão além de comida e abrigo, mas para isso precisam de dinheiro. O dinheiro evoluiu para ser o objeto de nossas necessidades porque ele representa a maneira como nós podemos nos expressar como indivíduos. Todo comportamento é uma forma de auto-expressão e praticamente todas as maneiras para alguém se expressar na sociedade requerem algum dinheiro. No nível mais profundo da existência social e cultural, o dinheiro representa liberdade de expressão”.
Mark Douglas
Dinheiro é símbolo de liberdade. O investimento e a utilização correta do dinheiro lhe permitirão desfrutar de uma vida mais confortável e prazerosa. Por isso, é melhor se preocupar em ganhar dinheiro hoje do que deixar para se preocupar com isso depois. O “depois” pode ser tarde demais, restando apenas arrependimentos em sua consciência caso você não reconheça o valor de aproveitar as oportunidades enquanto elas ainda estiverem disponíveis. Enquanto ainda há tempo.
Contudo, o dinheiro servirá pouco para aquele que não souber administrar seu tempo, pensar com inteligência, ter liberdade e se satisfazer com os prazeres da vida. Para as pessoas ricas o tempo pode ser mais um aliado, um catalisador no processo de geração de renda ao induzir o seu crescimento através do poder dos juros compostos.
Muitas dessas pessoas buscam ainda um melhor aproveitamento de seu tempo, pois sabem que o tempo é mais que dinheiro, e não perdem muito dele com investimentos que não gerem resultados. São pessoas que não desistem facilmente e que exercem ativamente o seu poder de criação e a sua inteligência financeira.
O tempo é a maior riqueza de nossas vidas, pois é irrecuperável. E quando gastamos o dinheiro estamos na verdade gastando o tempo que fora ou que será necessário para ganharmos esse dinheiro. Portanto, não há tempo a perder, seja com despesas desnecessárias e investimentos ruins ou com esforços que não gerem resultados. Para a maioria das pessoas à medida que o tempo passa o dinheiro diminui, trazendo a sensação de se estar correndo atrás do mesmo o tempo todo, fadadas à escravidão assalariada.
Cada vez mais presa em uma rotina estressante e sem perspectiva de mudança a maioria das pessoas não enxerga outra saída a não ser vender a sua força de trabalho, ainda que seja por um salário ínfimo, permanentemente aflita com a angústia de não saber se conseguirá dinheiro suficiente ao final do mês para cobrir os seus gastos e pagar as suas dívidas. O medo do chicote fora substituído pelo medo da falta de dinheiro.
"Não tenho tempo a perder com quem tem tempo a perder".
Anônimo
A maioria das pessoas é pobre e continua pobre porque não tem tempo e nem é estimulada para pensar no motivo de estar nessa condição. Sua luta é para sobreviver e não para viver. Trabalham para pagar as contas e se alimentar, e não para quebrar as correntes que as prendem à pobreza. Assim, é preciso refletir se a sua vida está te levando junto a uma "manada" que caminha cegamente sem ter noção de onde está indo a fim de receber uma recompensa mínima por seu esforço e por seu tempo.
Essas pessoas dificilmente conseguirão ter uma vida abundante e feliz, uma vez que foram escravizadas fisicamente e mentalmente. A perseverança é a capacidade de continuar aplicando esforços flexíveis mesmo frente a sucessivos desafios ou obstáculos. E, como disse, Jim Rohn, "se você não elaborar o seu próprio plano de vida, você terá grandes chances de acabar nos planos de vida de outras pessoas. E adivinhe o que elas têm planejado para você? Nada demais.”
Entretanto, a maioria das pessoas também tem o poder para mudar a realidade em que vive. O problema é que hoje em dia muitas pessoas simplesmente prejudicam aquele que é a maior fonte de aporte para os seus investimentos, os seus salários. São poucas as pessoas que nunca ficaram angustiadas em razão de não conseguirem fazer com que o salário durasse até o final do mês, ainda que apenas em alguns momentos da vida.
Vivemos um momento de estímulo ao consumo e, consequentemente, ao endividamento, em que a maioria das pessoas está fazendo a maior parte de suas compras a prazo, financiando seus gastos em dezenas de prestações e tomando empréstimos consignados. Cada uma dessas prestações que aparecem na fatura de seu cartão de crédito é mais um item que prejudicará o seu plano de construção de riqueza, pois a capacidade de seu salário para com os seus investimentos fica comprometida à medida que você se endivida.
Esse oportunismo de curto prazo deve ser encarado com desconfiança e muito cuidado. Afinal, o endividamento não produtivo é a principal causa de empobrecimento das famílias brasileiras, sendo que 80% das dívidas assumidas são no cartão de crédito e no cheque especial, onde são cobrados os maiores juros do mercado e, portanto, devem ser as primeiras a serem quitadas, ou mesmo, evitadas, visto que grande parte dessas dívidas são decorrentes de despesas não essenciais, as quais poderiam ser cortadas sem causar grande desconforto ou perda significativa de qualidade de vida, gerando uma maior independência e segurança financeira no longo prazo.

"A pobreza jamais foi desfeita com o ócio ou com a preguiça.“
Miguel de Cervantes
Contudo, além de gastarem tudo que o ganham, em geral, as pessoas têm o hábito de assumir dívidas para adquirir itens que na maioria das vezes são supérfluos e desnecessários, os quais não lhes gerarão riqueza alguma, ou para entrar em negócios e investimentos insensatos cujos resultados são desastrosos. Ao invés de usarem seus recursos financeiros de forma inteligente para lhes gerar riqueza, se afundam cada vez mais num ciclo permanente de empobrecimento através do endividamento excessivo. Não é sensato ostentar uma vida de rico no presente e acabar vivendo como pobre no futuro.
É importante entender que, se voltadas para o consumo, dívidas são alavancas de empobrecimento. Gastar mais do que se ganha implica em trabalhar mais para pagar parcelas e juros, e quanto maior a dívida maior será o tempo e o esforço necessário para pagá-la, visto que quanto maior o tempo que se leva para quitar uma dívida maior será a incidência dos juros compostos sobre você, consumindo uma maior parte da sua renda ativa proveniente do seu trabalho, inversamente ao que ocorre num investimento, em que quanto maior o tempo maiores serão os retornos dos juros sobre o seu patrimônio, aumentando a sua renda passiva proveniente dos seus investimentos, situação em que os juros compostos atuam em seu benefício. Portanto, dívidas são alavancas de riqueza quando se é o credor, e não quando se é o devedor.
Isso mostra que o modelo baseado no consumo e no crédito está atingido o seu limite, tornando a estagflação a regra, quando a economia cresce pouco, ou retrai, e a inflação e a desvalorização cambial se mantém elevada. Para aqueles que ainda lembram do Brasil da década de 80 fica claro o grande perigo de se tentar combater crises econômicas através da impressão monetária, o que tem como resultado o aumento da inflação e a desvalorização monetária.
Os salários de uma maneira geral se assemelham aos soldos dados para os escravos das carvoarias, os quais apenas custeiam as necessidades básicas da maioria e não permitem que paguem suas dívidas em razão dos juros altos e da desvalorização monetária, ou mesmo, que realizem alguma espécie de investimento.

"Muitas pessoas gastam o dinheiro que ganharam para comprar coisas das quais não precisam para impressionar pessoas das quais não gostam".
Will Rogers
Tudo isso faz parte de um complexo sistema social, político e econômico que, juntamente com um sistema educacional tecnicista voltado apenas para a produção de bens e de serviços, tem por objetivo manter o povo em seu devido lugar, longe das decisões importantes e perto das máquinas fabris, adestrando as massas para o trabalho ao mesmo tempo em que as aliena, o que facilita a aceitação por parte delas dessa realidade maligna. É um mecanismo que força as pessoas a se concentrarem primordialmente no aspecto da sobrevivência animal em detrimento aos aspectos intelectuais e sociais.
Como resultado a maioria das pessoas — as quais por sinal são pobres por natureza — tem uma dificuldade enorme para prosperar na vida. A maioria apenas reclama da vida e não faz nada para melhorá-la, até o momento em que desiste, por acreditar que por mais que se esforce o máximo que conseguirá será um "bom" salário e uma "boa" aposentadoria.
São aqueles que só se preocupam em acordar cedo e pegar o ônibus para o trabalho e preferem ignorar a verdade por trás do sistema em que estão inseridos, caminhando em uma rotina estressante e sem perspectiva de futuro. A ignorância é incentivada em nossa sociedade desde a infância do indivíduo, aprisionando-o por toda a vida.
A forma como lidamos com os problemas do dia a dia diz muito sobre como será o nosso futuro. À medida que assumimos a responsabilidade por nossa vida mais poder adquirimos para mudá-la. Infelizmente, muitos preferem se acomodar e buscar a auto-compaixão e o conforto como válvula de escape para os problemas que começam a surgir. O melhor cenário é aquele em que as pessoas assumem a responsabilidade de criarem os seus próprios futuros, construindo pontes capazes de levá-las a um futuro melhor. “Enquanto alguns choram outros agarram a oportunidades para vender lenços”.
Ao tomar a iniciativa e assumir o risco de fracassar tem-se uma maior chance de sucesso em comparação a se acomodar e esquivar-se do risco, o que consequentemente, reduz a chance de ser bem sucedido. O fracasso, por sua vez, deve ser nosso professor, ao invés de nosso coveiro. Dentre as razões mais comuns para o fracasso estão o mau planejamento ou a má implementação de um plano ou dos recursos, a má gestão de pessoas, a falta de capital necessário, falta de iniciativa ou de inovação, subestimação da concorrência, tornar-se sobrecarregado com funções e imprevistos e, principalmente, não aprender com os fracassos anteriores.
"A verdade o libertará!"
Empreender é antecipar corretamente as demandas dos consumidores e do mercado e direcionar os recursos e capitais presentes de modo a produzir bens ou serviços que atenderão aos desejos dos consumidores e do mercado no futuro. Basicamente é criar valor oferecendo algo inovador ou oferecendo algo que já existe mas de uma maneira diferenciada e inovadora. Em outras palavras, é criar uma demanda nova ou aproveitar a demanda existente. Para isso, criam novos produtos ao inovar processos que irão substituir os antigos e ao descobrir oportunidades ainda não percebidas de lucro.
Empreendedorismo é perceber oportunidades e desenvolver melhor maneira de alocar recursos de forma eficiente para atendê-las. Inovar, criar valor, superar os rivais e aumentar as receitas e os lucros, esse é o tipo de comportamento empreendedorial. É a capacidade de saber resolver problemas, e não a implantação de soluções mecânicas, que gera uma renda alta. É assim que trabalhadores se tornam líderes e patrões.
Obviamente, não é uma tarefa fácil e são poucos os que estão dispostos a enfrentarem os riscos e a se dedicarem a este processo, mas é através da perseverança e do estudo que se tornarão capazes de converter os trabalhos monótonos em trabalhos criativos, que lhes possibilitarão além de maiores retornos perceber as oportunidades que surgem no mercado, tornando-se capazes de entenderem todo o ambiente no qual estão inseridos e, acima de tudo, capazes de entenderem-se psicologicamente como seres humano através da reflexão sobre as suas frustrações e as suas neuroses, males que minam nossos potenciais e liberdades e que nos afastam da compreensão da nossa própria existência.
Portanto, compreender a sua situação atual e as suas possibilidades o ajudará a definir o melhor caminho a ser seguido para melhor alcançar os resultados desejados. A compreensão da realidade e a capacidade de adaptação são essenciais para enfrentar e superar os desafios que a realidade impõe. Esse é o espírito que impulsiona o progresso. Procurar transformar desafios em vitórias.
Para prosperar antes se torna essencial passar a ter um orçamento equilibrado, sabendo o quanto ganha, o quanto gasta, o quanto pode investir todo mês e, principalmente, viver apenas com o que recebe todo mês ao invés de tornar a razão da sua vida trabalhar para pagar dívidas e juros, o que além de prejudicar a sua capacidade de poupar ainda deprecia as suas riquezas, as quais serão drenadas pelos bancos.
Isso significa simplificar o seu padrão de vida para que se ajuste ao que você ganha todo mês, fazendo compras de modo apropriado e não apenas como um ato de consumismo. É viver um estilo de vida aceitável e que permita que você e sua família se mantenham nesse padrão ao longo dos anos. Dessa forma, você conseguirá não somente poupar e enriquecer, mas também manter a riqueza que acumulou, tendo muito mais qualidade de vida, liberdade e segurança.
"Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir a sua vida e você continuará chamando-o de destino".
Cícero
Ganhar dinheiro é difícil, requer tempo e trabalho, contudo, gastá-lo é fácil e rápido. Porém, uma vida de consumo excessivo é basicamente uma vida de subsistência que não permite o acúmulo de capital e o aumento da produtividade e da renda, muito pelo contrário.
Pessoas financeiramente desequilibradas que não conseguem guardar nada ao final do mês e que vivem constantemente endividadas buscam no mercado de capitais ou em outros investimentos de risco a ilusão do enriquecimento, solução ideal para seus problemas. Contudo, solução que através dessa atitude provavelmente lhes trará problemas maiores ainda. E de fato, às vezes a solução acaba sendo pior do que o próprio problema.
Os ricos fazem dívidas para acumularem ativos que lhes gerarão retornos, os quais serão utilizados para pagar as parcelas dessas dívidas e para investir em mais ativos, os quais por sua vez lhes gerarão maiores retornos e assim por diante, seguindo um ciclo de constante enriquecimento no longo prazo. Já a classe média faz dívidas para adquirir passivos acreditando que são ativos, "investindo" suas economias em coisas que lhe gera mais despesas do que retornos ou que se desvalorizam, prejudicando sua capacidade de poupar e de acumular ativos no longo prazo. E a classe pobre por sua vez só tem dívidas e despesas, as quais na maioria das vezes não permitem que faça qualquer investimento, ou mesmo que consigam poupar no longo prazo.
Antes de se pensar no longo prazo é preciso garantir uma estabilidade financeira no curto prazo. De nada adianta produzir e trabalhar mais para ganhar mais se você não aprende a poupar. Não se trata apenas do quanto você ganha, mas do quanto você consegue poupar e da maneira como você investe as suas economias. Não será um investimento maravilhoso que lhe tornará rico, mas a disciplina de não gastar mais do que pode, de poupar e de investir periodicamente o seu dinheiro, ou seja, adquirir mais ativos do que passivos no longo prazo.
Contudo, o que se percebe é que a maioria das pessoas faz exatamente o contrário. E se você acreditar que não tem controle sobre os seus problemas ou a capacidade de resolvê-los, tendo eles sido impostos sobre você, se sentirá vitimizado e impotente, o que lhe desestimulará a procurar e implementar soluções para eles e a tomar atitudes empoderadoras e proativas que possam melhorar a sua situação. Nossas atitudes no presente irão determinar nossos resultados futuros. Como disse Dave Ramsey, "Você deve assumir o controle sobre o seu dinheiro senão a falta dele irá para sempre lhe controlar."
Os mais espertos aprendem mais com os erros dos outros do que com os próprios erros. Isso faz com que ganhem além da experiência, mais tempo, o qual por sua vez é sinônimo de vida e de dinheiro. Essa atitude proativa lhe permitirá desenvolver um modelo sustentável de vida, eliminando gastos desnecessários e evitando contrair dívidas, de forma a dar mais valor ao que se possui e evitar que os juros compostos ajam sobre você, quando o ideal é que ajam para você através dos seus investimentos. Isso significa seguir um estilo de vida que lhe conduza a acumular patrimônio ao longo dos anos, o qual por sua vez lhe proporcionará uma melhor qualidade de vida e lhe permitirá aproveitar melhor o seu tempo.
"A verdadeira riqueza não precisa de alguém pobre para se manifestar, e há sempre algo que possa ser compartilhado".
Capital e Valor
Acumular patrimônio significa adquirir mais ativos produtivos, os quais podem ser usados para criar mais riqueza ou que apreciem em valor. E para isso é essencial investir o dinheiro ao longo do tempo. Pessoas que constroem patrimônio e acumulam riqueza ao longo dos anos são muito bem “resolvidas” e organizadas, não veem tantas frações nas faturas de seu cartão porque fazem planejamento e vivem de acordo com suas possibilidades. Compram à vista com desconto quando podem e financiam apenas o estritamente necessário.
Com relação aos seus investimentos, poupam e investem parte de seu dinheiro para quitar de uma só vez bens e serviços que precisam usufruir e, sobretudo, estabelecem metas de consumo factíveis, realistas, condizentes com a sua renda e que se encaixam no seu orçamento, o qual por sua vez é sustentável no longo prazo.
Além disso, através do estudo e da determinação essa pequena parte das pessoas consegue identificar boas oportunidades e é capaz de tirar proveitos delas mesmo durante períodos mais difíceis, quando a maioria tende a se desmotivar ou é compelida a desistir e se lamentar. A verdade é que grandes ideias apenas serão transformadas em grandes resultados através de grandes ações e de um grande comprometimento. Ao nos conscientizarmos de que somos responsáveis pelo que somos e pelo que construímos a prosperidade se torna uma questão de escolha.
"O hábito de economizar é em si mesmo um ato de educação: alimenta cada virtude, ensina abnegação, cultiva um senso de ordem, treina a premeditação e assim expande a mente".
T.T. Munger
Portanto, é fundamental ter um padrão de vida que seja sustentável no longo prazo, de forma que se gaste menos do que se ganha. Tal disciplina permitirá a formação de poupança, a qual por sua vez possibilitará a realização de investimentos que irão aumentar a renda. Isso significa remunerar capital existente e reinvestir os resultados desses investimentos, bem como realizar novos aportes nos mesmos.
O seu salário já é muito comprometido com as deduções obrigatórias por lei e outras necessárias para evitar situações de emergência, tais como plano de saúde e seguro de carro. Em alguns casos as mordidas do Leão e do INSS juntas chegam a comer quase 45% de um salário bruto, de forma que o saldo final líquido que entra na conta representa uma parcela bem menor do saldo inicial bruto. Diante disso, não prejudique ainda mais o seu salário se afundando em dívidas.
Liberte-se da escravidão dos financiamentos e dê uma injeção de liquidez em seu plano de independência financeira. Liberte-se da rotina das massas e não seja mais um escravo de um sistema que não proporciona uma verdadeira ascensão social e intelectual. Se você não tomar essa atitude hoje, estará na mesma situação amanhã.

“Existem duas maneiras de conquistar e escravizar uma nação. Uma é pela espada… a outra é pela dívida”.
John Adams