Indicadores da Tendência dos Preços
Indicadores de tendência foram desenvolvidos para seguir a tendência do preço. Possuem uma inércia natural, ou seja, não foram projetados para sinalizar mudanças de forma rápida assim como fazem os osciladores. Funcionam bem quando o preço de um ativo está numa tendência definida, porém, não antecipam mudanças nos preços, apenas indicam se estão subindo ou caindo, não sendo tão úteis durante as fases de acumulação e de distribuição.
Em função disso, definem o momento de entrada e saída com certo atraso. Assim como os rompimentos de linha de tendência, esses indicadores geram sinais de compra e de venda alguns dias após o preço do ativo já haver mudado de tendência. Isso faz com que o investidor perca parte do movimento, entrando ou saindo do mercado com atraso e negociando a preços menos favoráveis.
Diminuir o período do indicador fará com que seus sinais acompanhem melhor os movimentos dos preços. Mas infelizmente, fará com que gere um maior número de sinais precipitados de compra e venda. Logo, não se pode ter uma coisa sem a outra, o que é o grande defeito de todos os indicadores de tendência. A melhor saída então é conjugar uma gama de ferramentas de análise e diferentes indicadores, identificando convergências e divergências entre seus sinais e o movimento da linha do preço.
É Importante deixar claro que os sinais dos indicadores, candlesticks, formações e demais indicadores da análise técnica não devem ser interpretados como a causa de um determinado movimento do preço. São as variações nos preços dos ativos que indicam determinados padrões e sinais nesses indicadores, não sendo estes a causa propriamente dita dessas variações, assim como aparenta ser quando um determinado sinal de um indicador consegue prever com sucesso determinado movimento do preço.
Ocorre que a qualquer momento o "humor" do mercado pode mudar, visto que há um universo de informações muito maior no processo de tomada de decisão dos investidores institucionais o qual não está plotado num gráfico de preço. A verdade é que o preço de qualquer ativo, no médio e, principalmente, no longo prazo, segue os fundamentos e acontecimentos econômicos, sejam eles macroeconômicos, setoriais ou da própria empresa.
“A descoberta consiste em ver o que todos viram e pensar no que ninguém pensou“.
Nagyrapolt
Indicador de Média Móvel
O indicador de média móvel é um dos indicadores mais utilizados. Sua função é seguir o progresso da linha do preço e indicar sinais de que uma nova tendência se iniciou ou de que a tendência atual chegou ao seu fim. O indicador filtra a volatilidade do preço, mostrando os movimentos do preço no gráfico com suavidade, definindo com maior clareza a tendência do preço do ativo. É assim um indicador defasado, mas que apresenta resultados muito positivos em ativos com tendências definidas.
O melhor aviso que a média móvel dá é a inclinação de sua linha, que indica a direção do preço. Uma linha ascendente mostra um ativo em tendência de alta, enquanto que uma linha descendente mostra um ativo em baixa. Quando a linha dos preços se move acima da linha de média móvel, um sinal de compra é gerado. E quando se move abaixo da linha um sinal de venda.
Dessa forma, a linha de média móvel funciona como uma linha de suporte e de resistência. Será interpretada como suporte em um mercado de alta ou como resistência em um mercado de baixa. A ideia é comprar quando os preços estão abaixo da média móvel e começam a subir e vender quando os preços estão acima dela e começam a cair.
Recomenda-se o uso da média móvel exponencial ao invés da média móvel aritmética pelo fato dessa última ser muito sensível às variações do preço. Em uma média exponencial o efeito dos preços antigos permanece e vai desaparecendo com o tempo. Além disso, o dado mais recente possui um peso maior, fazendo com que a média reflita de maneira mais adequada o humor atual do mercado.
Normalmente é calculada sobre o preço de fechamento de cada período do gráfico, mas quando possível pode-se utilizar o preço médio de cada período para seu cálculo. O número de períodos para o cálculo da média móvel é o parâmetro a ser ajustado em busca de melhores resultados. Um intervalo pequeno, menor que 10 dias, gera falsas indicações.
Porém, irá gerar sinais de compra e venda mais cedo do que um intervalo maior. Quanto maior o período maior será a lentidão na reação da média. Contudo, num período curto demais a média responderá diretamente às variações de preços perdendo sua utilidade como seguidora de tendência.
"A inovação é o que distingue um líder de um seguidor".
Steve Jobs
De forma sucinta, a média móvel é uma representação suave da tendência, uma vez que ela filtra oscilações menores. É também uma região de suporte e resistência e uma das formas de se operar com este indicador é comprar quando a linha de preços cruzar acima da média e vender quando cruzar abaixo desta.
É preciso tomar cuidado com o período de dias para o cálculo da média. O mais indicado é o uso de 2 ou 3 médias móveis, uma longa, uma média e uma curta, buscando observar o cruzamento entre as médias. O ideal é associar o período para cálculo da média ao intervalo entre os eventos de relevância para o ativo. Logo, no mercado de ações o mais coerente seria ajustar o período para o intervalo de:
• Curtíssimo prazo: aproximadamente 5 dias, representando uma semana de negociação da ação.
• Curto prazo: aproximadamente 21 dias, representando todos os pregões do mês.
• Médio prazo: aproximadamente 60 dias, representando os pregões do intervalo entre a divulgação dos resultados trimestrais.
• Longo prazo: aproximadamente 245 dias, correspondente a um ano de pregões.
No gráfico temos um exemplo do uso da média móvel com período de 8 candles. O sinal de compra é dado quando os preços se movem acima da média, similar a uma quebra de resistência. O sinal de venda é dado quando os preços se movem abaixo da média, similar a uma quebra de suporte.
“Não arrisque mais do que você pode perder, mas arrisque alto o suficiente para que um eventual ganho tenha relevância”.
Ed Seykota
Uma outra possibilidade é utilizar o cruzamento de médias móveis. Por exemplo, pode-se plotar 3 médias com diferentes períodos, sendo os mais comuns 4-9-18. Esse indicador utiliza 3 médias, uma linha de 4 períodos, uma de 9 e uma de 18. Sinais de compra são produzidos quando as três médias se movem numa tendência ascendente. Sinais de venda, ao contrário, são produzidos quando as três médias se movem numa tendência descendente.
Numa tendência de baixa a média de 4 períodos ficará abaixo da média de 9, que por sua vez ficará abaixo da média de 18. O sinal de compra acontece quando a média de 4 períodos cruza acima da média de 9. O sinal é confirmado quando as médias de 4 e 9 cruzam acima da média de 18.
Numa tendência de alta a média de 4 períodos ficará acima da média de 9, que por sua vez ficará acima da média de 18. O sinal de venda acontece quando a média de 4 períodos cruza abaixo da média de 9. O sinal é confirmado quando as médias de 4 e 9 cruzam abaixo da média de 18.
No gráfico temos um exemplo do uso do cruzamento de média móvel com períodos 4-9-18 dias. O sinal de compra é dado quando a linha 4 cruza acima da linha 9 e confirmado quando ambas cruzam acima da linha 18, similar a uma quebra de resistência. O sinal de venda é dado quando a linha 4 cruza abaixo da linha 9 e confirmado quando ambas cruzam abaixo da linha 18, similar a uma quebra de suporte.
"Eu sou rico apenas porque sei quando erro. Eu basicamente sobrevivi ao reconhecer meus erros".
George Soros
Os indicadores de média móvel representam a tendência, contudo, em razão de incluírem em seu cálculo preços antigos não possibilitam a antecipação das mudanças nas tendências, seus sinais são mais lentos se comparados a outros indicadores. Seus sinais de compra são indicados após o preço do ativo já ter subido consideravelmente e seus sinais de venda também vêm com atraso. Em razão disso, o investidor acaba perdendo parte do movimento de reversão e parte do lucro potencial.
A grande proeza está na determinação do número de períodos para o cálculo da média móvel, tentando torná-la mais sensível aos movimentos do preço para que os sinais não sejam muito defasados, mas não tão sensível ao ponto que pequenas correções de preço tirem o investidor do mercado.
Este indicador coloca o investidor sempre do lado correto da tendência do mercado. Mas é preciso entender que os preços dos ativos mudam seu comportamento com o tempo, ficando mais ou menos voláteis. Portanto, o número de períodos de uma média móvel pode funcionar bem num ativo e não tão bem em outro, ou mesmo, não muito bem num mesmo ativo em momentos diferentes.
Em 2006 o estudo Faber comparou o desempenho da estratégia de negociar com a média de 200 dias e a estratégia de comprar e manter em carteira (buy and hold) no índice S&P 500 sobre um período de cem anos. Basicamente, a estratégia era comprar quando a cotação do S&P 500 cruzar acima da sua média móvel de 200 dias e vender quando cruzar abaixo dela.
O resultado apontou que, no caso específico do S&P 500, a estratégia de investir 100 US$ em 1900 e manter em carteira por cem anos resultaria num retorno de 2 milhões de US$, enquanto que a estratégia de negociar com a média de 200 dias resultaria num retorno de 5 milhões de US$.
“O futuro pode ser encontrado no passado”
Steven Achelis
Indicador MACD – Moving Average Convergence Divergence
O MACD é um oscilador de média móvel que utiliza a relação entre 2 médias móveis exponenciais de 12 e 26 períodos. Uma média móvel de 9 períodos chamada de linha MACD é utilizada como gatilho para os sinais de compra e venda.
O sinal de compra é gerado quando a média móvel de 12 períodos (a mais rápida) cruza de baixo para cima a média de 26 períodos (lenta), estando abaixo da linha de gatilho (média de 9 períodos da diferença entre as médias 12/26). O sinal de venda por sua vez é disparado quando a média móvel mais rápida (12) cruza para baixo da média mais lenta de (26), estando acima da linha de gatilho.
O grande diferencial do MACD é funcionar como um indicador de tendência e um oscilador ao mesmo tempo, fazendo com que seus sinais reajam rapidamente às mudanças no preço do ativo. A função de oscilador antecipa os movimentos do preço indicando se o ativo está super-comprado quando as linhas estão muito acima do zero e, se o ativo está super-vendido, quando as linhas estão muito abaixo do zero.
Os cruzamentos acima da linha zero e abaixo dela podem ser utilizados como indicadores de compra e venda. Apesar disso, em relação aos demais osciladores o MACD demora mais para indicar reversões no preço ou oportunidades de compra e venda próximas aos fundos e topos do mercado.
Quando a linha de preço e a linha MACD seguem juntas o mesmo sentido, isso indica que os preços continuarão na sua tendência. Uma divergência entre o sentido da linha de preço e da linha MACD indica uma possível reversão de tendência. Numa tendência de alta uma divergência de baixa ocorre quando os preços continuam subindo e a linha MACD na região super-comprada começa a cair. Numa tendência de baixa uma divergência de alta ocorre quando os preços continuam caindo e a linha MACD na região super-vendida começa a subir. Essas divergências indicam topos e fundos.
No gráfico temos um exemplo do uso do MACD. O sinal de compra é disparado quando a linha MACD, abaixo do zero (super-vendido), cruza acima da média móvel. O sinal de venda é disparado quando a linha MACD, acima do zero (super-comprado), cruza abaixo da linha de média móvel. É possível visualizar um engolfo de baixa no dia em que o sinal é disparado, o que acontece antes dos preços quebrarem o suporte.
“Adoro as coisas simples. Elas são o último refúgio de um espírito complexo”.
Oscar Wilde
Histograma do MACD
É uma variação do MACD que consiste na média da diferença entre uma média móvel de curto período e uma de longo período, visualizada através de barras dentro do campo de um histograma. O oscilador será positivo se a média curta estiver acima da média longa e será negativo se a média curta estiver abaixo da média longa. O grande diferencial que este indicador oferece é antecipar a reversão do mercado, pois indica com antecedência o cruzamento das médias do MACD.
O melhor sinal de venda acontece quando as barras do histograma MACD estão acima de zero e começam a cair (diminuir). Ao ultrapassar a linha zero temos a confirmação da reversão da tendência de alta. O melhor ponto de compra acontece quando as barras do histograma MACD estão abaixo de zero e começam a subir (diminuir). Ao ultrapassar a linha zero temos a confirmação da reversão da tendência de baixa.
No gráfico temos um exemplo do uso do histograma MACD. O sinal de compra é disparado quando as barras abaixo da linha zero começam a diminuir, antes mesmo dos preços quebrarem a resistência. O sinal de venda é disparado quando as barras acima da linha zero começam a diminuir, antes mesmo dos preços quebrarem o suporte.
"Alguém está sentado na sombra hoje porque alguém plantou uma árvore há muito tempo atrás".
Warren Buffett
O histograma antecipa pontos de reversão e indica topos e fundos de mercado. A tendência dos preços é indicada pelo tamanho das barras e, portanto, é fundamental observar se o tamanho das barras está aumentando ou diminuindo. Quando o histograma está positivo e começa a diminuir para zero a tendência de alta está se enfraquecendo. Quando o histograma está negativo e começa a aumentar para zero a tendência de baixa está chegando ao fim.
Quando a linha dos preços acompanha as barras do histograma MACD é sinal de que a tendência continuará seu sentido (convergência). Mas quando há divergência, ou seja, se os preços continuam subindo e o histograma gera barras menores, temos um sinal de fraqueza na tendência de alta e uma reversão pode estar próxima. E na tendência de baixa se os preços continuam caindo e o histograma começa a gerar barras menores temos um sinal de fraqueza na tendência de baixa e de uma possível reversão.
O histograma MACD pode ser utilizado em gráficos semanais para identificar a tendência principal dos preços do ativo. O simples fato da diferença de tamanho entre as barras estar diminuindo indica uma possível mudança no sentido dos preços. Se estiver positivo e a próxima barra formada for menor em relação à anterior temos um sinal de venda. Se estiver negativo e a próxima barra formada for menor em relação a anterior temos um sinal de compra. Tendo sido determinada a tendência principal dos preços parte-se para a análise do gráfico diário do ativo.
Divergências entre o movimento da linha de preço e o do histograma MACD são importantes para antecipar mudanças na direção dos preços. Uma divergência baixista ocorre quando a linha do preço sobe e o histograma MACD forma uma barra menor (estando ambos positivos), indicando que um possível topo está próximo. Uma divergência altista ocorre quando a linha do preço cai e o histograma MACD forma uma barra menor (estando ambos negativos), indicando que um possível fundo está próximo.
“Não confie na sua própria opinião e detenha os seus julgamentos até que o movimento do mercado confirme o seu prognóstico”.
Jesse Livermore
Indicador SAR (Sistema Parabólico Stop and Reverse)
O SAR é um indicador de tendência cujo objetivo é definir pontos de reversão, servindo como parâmetro para posicionar ordens stop. Este indicador projeta pontos no gráfico que funcionam como uma projeção para os preços. Quando a linha do preço atinge esses pontos é disparado um sinal de compra ou de venda ou Stop and Reverse (SAR).
À medida que os preços se movem o SAR marca um ponto em cada período do gráfico. Quando os pontos aparecerem abaixo da linha dos preços o SAR indica compra, ou manter uma posição comprada no ativo. Quando os pontos aparecem acima da linha dos preços o SAR indica venda, ou manter uma posição vendida. O espaço entre os pontos mede a aceleração dos preços. Quanto mais definida a tendência maior a sua confiabilidade.
No gráfico temos um exemplo do uso do SAR. O sinal de compra é disparado quando o SAR muda a posição dos pontos para abaixo dos preços. O sinal de venda é disparado quando o SAR muda a posição dos pontos para acima dos preços.
O SAR só deve ser usado em ativos com tendência definida. Fases de acumulação e de distribuição (mercado lateral) fazem com que o indicador gere diversos sinais não confiáveis. Quando a linha do preço cai e atinge o limite inferior do SAR é sinalizada a venda, e quando a linha do preço sobe e atinge o limite superior do SAR é indicada a compra.
Conforme dito, o SAR também funciona como limite para ordens stop. Numa tendência de alta o ponto abaixo do atual pode ser utilizado como um limite de perda em uma ordem stop loss para liquidar uma posição comprada e o ponto acima do atual pode ser utilizado como limite de perda em uma ordem stop loss para liquidar uma posição vendida.
Além disso, numa tendência de alta caso apareça um ponto abaixo da linha dos preços este valor pode ser utilizado como um limite de ganho em uma ordem stop gain para liquidar uma posição comprada e, numa tendência de baixa, caso apareça um ponto acima da linha dos preços este valor pode ser utilizado como um limite de ganho em uma ordem stop gain para liquidar uma posição vendida.
“Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância”.
Sócrates