O que são Índices de Ações e ETFs ? O que é o Ibovespa ?
Um investidor antes de tomar qualquer decisão precisa avaliar tendência atual do mercado. Uma forma de fazer isso é acompanhando os índices, os quais servem para indicar a tendência geral do mercado e seu provável sentido. Atualmente existem inúmeros índices e cada um expressa uma parcela específica do mercado. Cada investidor tem preferência por um ou outro, de acordo com sua composição e de acordo com o setor de interesse.
Um índice de ações é um indicador do desempenho de uma carteira teórica de ações. Os índices têm por finalidade servirem como indicadores do comportamento médio do mercado ou de um segmento econômico específico, como é o caso dos índices restritos e setoriais. É o referencial que indica se o mercado está em alta ou em baixa. Cada bolsa monta os seus próprios índices, formados por um conjunto de ativos.
O resultado diário que a bolsa divulga é a média tirada do comportamento individual desses títulos. O índice também lhe servirá de parâmetro para avaliar se seus investimentos estão rendendo acima, abaixo ou perto da média do mercado, bem como para definir qual é a tendência de longo e de curto prazo do mercado em geral.
Assim, tanto o índice geral da bolsa, o Ibovespa no caso brasileiro, como o índice que representa o setor da empresa, além de servirem para avaliar o desempenho das ações, servirão também para identificar os setores que estão apresentando desempenhos acima ou abaixo da média. Tendo identificado os setores cujo desempenho está acima da média do mercado, o investidor irá selecionar dentro destes as empresas que vêm apresentado os melhores desempenhos.
Os dois mais importantes índices nos mercados de ações globais são o índice Dow Jones e o S&P 500. O investidor deve estar sempre acompanhando esses índices, buscando identificar a tendência geral do mercado. De maneira geral, os demais índices mundiais acompanham o S&P 500 e o Dow Jones, e no mercado brasileiro a relação entre o Ibovespa e eles costuma ser muito forte. Isso se deve ao fato de que os grandes bancos e fundos estrangeiros (famosos tubarões) giram em média 2/3 do volume total de um pregão diário da Bovespa, em outras palavras, esses investidores institucionais fazem o mercado acontecer.
“Não se torne totalmente baixista ou altista em relação ao mercado todo só porque uma ação dentro de um grupo em particular reverteu o seu curso em relação à tendência geral do mercado”.
Jesse Livermore
A evolução dos índices das Bolsas é uma informação de extrema importância para os analistas, investidores e especuladores na avaliação de seus investimentos, servindo como um padrão de desempenho para estes. Quando se diz que a bolsa fechou “em alta”, isso quer dizer que o preço de fechamento do Ibovespa de determinado pregão é superior ao preço de fechamento do pregão anterior.
Logo, diz-se que a bolsa fechou “em baixa” quando o preço de fechamento do Ibovespa de determinado pregão é inferior ao preço de fechamento do pregão anterior, e “estável” quando o preço de fechamento está no mesmo nível do preço de fechamento do pregão anterior. Os principais índices do mercado são:
Dow Jones Industrial – O índice Dow Jones foi criado em 1897 por Charles H. Dow que foi o primeiro a observar que as ações tendem a se moverem juntas, seguindo a trajetória das mais representativas, sendo assim é possível medir a tendência do mercado em geral através de uma média da intensidade das oscilações. Seu critério de seleção das ações do grupo é extremamente conservador.
O cálculo deste índice é bastante simples, sendo baseado na cotação das ações das 30 maiores e mais importantes empresas dos Estados Unidos. O índice Dow Jones (DJIA) é ao lado do Nasdaq Composite e do Standard & Poor’s 500, um dos principais indicadores dos movimentos do mercado americano.
Dos três índices, o DJIA é o mais largamente publicado e discutido, entretanto, ele não é um bom medidor de mercado em relação ao S&P500 porque é calculado sobre poucos ativos e cujos pesos são desbalanceados. É a sua fama que o faz tão importante, o que acaba fazendo com que influencie os movimentos dos mercados em geral.
S&P 500 – O índice S&P 500 foi criado no final da década de 50 pela agência de Notícias e Pesquisas Econômicas Standard & Poor’s Co. Trata-se de um índice composto por 500 ativos (ações) qualificados devido ao seu tamanho de mercado, sua liquidez e sua representação de grupo industrial. Estas ações representam 86% do valor agregado total das ações mais importantes do mercado. Consequentemente, o índice acaba se tornando um indicador geral do mercado de ações norte-americano.
Ibovespa - O Índice Bovespa é o mais importante indicador do desempenho do mercado de ações brasileiro, pois retrata o comportamento das principais ações negociadas na B3. As ações que fazem parte do índice representam mais de 80% do número de negócios e do volume financeiro do mercado à vista. Como as ações que integram essa carteira têm grande representatividade, pode-se dizer que se a maioria delas estiver subindo o mercado está em alta e, se estiver caindo, o mercado está em baixa.
“Investir com sucesso é antecipar a antecipação dos outros.”
Keynes
IBrX – Índice Brasil- é um índice de preços que mede o retorno de uma carteira teórica composta por 100 ações selecionadas entre as mais negociadas na BOVESPA, em termos de número de negócios e volume financeiro.
IBrX-50 – É um índice que mede o retorno total de uma carteira teórica composta por 50 ações selecionadas entre as mais negociadas na B3 em termos de liquidez, ponderadas na carteira pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação. Ele foi desenhado para ser um referencial para os investidores e administradores de carteira, e também para possibilitar o lançamento de derivativos (futuros, opções sobre futuro e opções sobre índice).
MLCX – Índice Mid-Large Cap – O índice têm por objetivo medir o comportamento das empresas de maior capital listadas na B3. As empresas que, em conjunto, representarem 85% do valor de mercado total da Bolsa são elegíveis para participarem do índice MLCX. As demais empresas que não estiverem incluídas nesse universo são elegíveis para participarem do índice SMLL. Não estão incluídas nesse universo empresas emissoras de BDRs e empresas em recuperação judicial ou falência.
SMLL – Small Cap – O índice tem por objetivo medir o comportamento das empresas de menor porte listadas na Bolsa. As ações componentes serão selecionadas por sua liquidez, e serão ponderadas nas carteiras pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação.
Há anos presentes nos mercados internacionais, os índices setoriais têm o objetivo de oferecer uma visão segmentada do comportamento dos mercados de ações. Eles são constituídos pelas empresas abertas mais significativas de setores específicos, representando uma medida do comportamento agregado do segmento econômico considerado.
IEE – Índice de Energia Elétrica: Primeiro índice setorial criado BOVESPA. Mede o desempenho dos papéis mais líquidos desse setor. Atualmente formado por 13 ações, tem como importante característica o fato de ser um índice em que todas as ações apresentam igual participação – em termos de valor – na composição da carteira. Dessa forma, constitui-se em um instrumento que permite a avaliação da performance de carteiras especializadas nesse setor.
INDX – Índice do Setor Industrial – Foi desenvolvido com o objetivo de medir o desempenho das ações mais representativas do setor industrial, importante segmento da economia brasileira. Sua carteira teórica é composta pelas ações mais representativas da indústria, que são selecionadas entre as mais negociadas na B3 em termos de liquidez e são ponderadas na carteira pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação.
ITEL – Índice Setorial de Telecomunicações – Tem por objetivo oferecer uma visão segmentada do mercado acionário, medindo o comportamento do setor de telecomunicações. O índice inclui tanto ações de empresas de telefonia fixa quanto de empresas de telefonia celular listadas na B3.
IMOB – Índice B3 Imobiliário – Tem por objetivo oferecer uma visão segmentada do mercado acionário, medindo o comportamento das ações das empresas representativas dos setores da atividade imobiliária compreendidos por construção civil, intermediação imobiliária e exploração de imóveis. As ações componentes são selecionadas por sua liquidez, e são ponderadas nas carteiras pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação.
IFNC – Índice BM&FBOVESPA Financeiro – Tem por objetivo oferecer uma visão segmentada do mercado acionário, medindo o comportamento das ações das empresas representativas dos setores de intermediários financeiros, serviços financeiros diversos e previdência e seguros. As ações componentes são selecionadas por sua liquidez, e são ponderadas nas carteiras pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação.
IDIV – Índice Dividendos - Tem por objetivo oferecer uma visão segmentada do mercado acionário, medindo o comportamento das ações das empresas que se destacaram em termos de remuneração dos investidores, sob a forma de dividendos e juros sobre o capital próprio. As ações componentes são selecionadas por sua liquidez e ponderadas nas carteiras pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação.
O IDIV é composto pelas empresas listadas na B3 que apresentaram os maiores “dividend yields” nos últimos 24 meses anteriores a seleção da carteira. Não estão incluídas nesse universo empresas emissoras de BDRs e empresas em recuperação judicial ou falência.
"Para o mercado: notícias boas podem ser ruins e notícias ruins podem ser boas. Tudo depende se você quer comprar ou vender".
Paulo Bittencourt
Nos últimos anos foram introduzidos no mercado brasileiro os ETF (Exchange Traded Funds) que funcionam como fundos de índices de ações negociados em bolsa. ETFs são negociados de forma semelhante às ações, tais fundos replicam índices de ativos, como o Fundo do Índice Ibovespa (BOVA11), por exemplo.
Os fundos de índices (ETFs) podem ser atrelados a índices como o Ibovespa e S&P 500 ou índices mais específicos, como os setoriais, os de empresas que pagam altos dividendos, de empresas com alto nível de governança corporativa e de empresas com baixo valor de mercado (small caps). Há inclusive ETFs sobre ativos como ouro, índice de fundo imobiliário e índices de empresas do mercado dos EUA, da Europa e da China, ou mesmo, ativos de renda fixa.
Ao investir em um ETF o investidor está comprando uma cota em um pacote de ações que aquele fundo de índice representa. Teoricamente, essa estratégia costuma ser vista como uma forma de diversificação, de forma a evitar o risco de se investir todo o capital numa só empresa.
Contudo, conforme fora dito, historicamente a diversificação excessiva tende a gerar rentabilidades abaixo do desempenho das melhores ações, ao custo da proteção contra o risco de se investir todo o capital em uma péssima empresa e sofrer um prejuízo catastrófico. Ainda que o preço de mercado das ações de algumas das empresas atreladas a um ETF desvalorize, seu impacto será reduzido em razão da valorização das demais (caso isso ocorra).
Além disso, empresas que ao longo do tempo têm problemas financeiros e/ou operacionais, chegando à beira da falência, são retiradas dos índices e, consequentemente dos ETFs, o que acaba por reduzir parte do prejuízo máximo potencial em comparação a se investir diretamente nas ações dessas empresas. As cotas ETFs são negociados em unidades e não em lotes como as ações. Ex BOVA11 - Cota do ETF com exposição ao principal índice de ações brasileiro Ibovespa.
Os gestores de ETF não buscam superar o desempenho do índice de mercado que o mesmo acompanha através da gestão ativa de portfólio assim como acontece em alguns fundos de investimento. Logo, costuma-se dizer que um ETF é tão bom quanto o seu índice, visto que seu objetivo é seguir determinado índice. Além disso, no caso dos ETFs de ações de países estrangeiros o capital investido também fica exposto à variação da moeda do país em relação ao real.
Cabe ressaltar que no caso dos ETFs os dividendos recebidos são reinvestidos automaticamente, o que é vantajoso em razão da praticidade e da economia com taxas e corretagens. Contudo, do ponto vista tributário os ETFs são desvantajosos para os pequenos investidores, pois a incidência do IR chega a 15% sobre o lucro da venda, mesmo que o valor da venda seja de até R$ 20 mil no período de um mês, a qual para a negociação de ações até esse valor é isentado.
Mas apesar disso, os ETFs são melhores alternativas em relação a fundos de índice de ações, sobre os quais incidem taxas de performance e cujas taxas de administração são maiores, sem contar a incidência de IR semestral (come cotas). Além disso, estudos estatísticos têm mostrado que os ETFs ao longo dos anos apresentam rentabilidades acima da média da grande maioria dos fundos de investimento, especialmente em relação aos fundos de ações e mais ainda em relação a fundos que utilizam derivativos.
Como disse Warren Buffett, o investimento num ETF de índice que tenha tarifas baixas superará o investimento administrado por um investidor amador ou por um investidor profissional. Assim, um ETF de índice cujas tarifas são baixas torna-se o investimento acionário mais sensato para a grande maioria dos investidores.
Por último, ETFs podem ser utilizados em operações de aluguel. Dessa forma, para investidores de longo prazo que pretendem manter seus ETFs em carteira a renda recebida como taxa do aluguel aumentará a rentabilidade do investimento. Além disso, ETFs podem ser utilizados como margem para operações no mercado a Termo e de Futuros.
“Sempre acreditei que o bom investidor não é o que foge do risco, mas o que sabe arriscar na hora certa”.
Jorge Paulo Lemann
Além de todos esses exemplos, existe uma vasta gama de diferentes índices nas bolsas ao redor do mundo, principalmente na NYSE, onde é possível encontrar um índice para cada setor da economia. Dado que a Bovespa opera praticamente no mesmo horário das bolsas americanas, através do acompanhamento dos índices dessas bolsas é possível identificar como um setor específico de empresas está se comportando durante o pregão, sendo muito comum que haja reflexo nas cotações das ações brasileiras.
Assim, para se obter uma perspectiva do desempenho de um ativo em relação aos demais recomenda-se acompanhar os índices mais amplos ou o índice do setor ao qual pertence. No entanto, tenha em mente que um índice não representa o mercado como um todo, apenas determinado setor ou grupo de empresas. Ações de empresas de maior porte têm maior influência na composição de um índice, e como resultado este tende a acompanhar melhor as oscilações destas em relação às oscilações do preço das ações de empresas de menor porte.
Além disso, a composição dessas carteiras teóricas é alterada regularmente, quando são retiradas aquelas empresas que passaram a não mais atender aos requisitos para integrar determinado índice, e ao mesmo tempo são acrescentadas novas empresas, cujas ações passaram a atender a tais critérios. Tal mutabilidade acaba fazendo com que um índice reflita apenas momentaneamente o comportamento de um grupo de empresas. E ao ter sua composição alterada passará a refletir de maneira diferente o comportamento médio das ações que o compõem.
As mudanças na composição dos índices também oferecem boas oportunidades, pois devido ao regulamento e às normativas que regem os fundos de renda variável quando uma empresa passa a compor um índice estes são obrigados a incluir suas ações em suas carteiras, o que pode ser favorável para uma posição comprada. Da mesma forma, a partir do momento em que uma empresa deixa de fazer parte de um índice, os fundos são obrigados a se desfazerem de suas posições nestes ativos, ou pelo menos reduzi-las, o que pode se mostrar desfavorável para uma posição comprada, muitas vezes indicando uma boa oportunidade para uma posição vendida.
O estudo da tendência dos índices é muito útil para definir momentos de entrada e de saída do mercado, além de proporcionar uma perspectiva do comportamento futuro dos preços. Contudo, não se deve tomar análises históricas de preço como certezas absolutas em relação ao futuro, mas como bons parâmetros para a comparação e a avaliação do desempenho de uma carteira de ações ou demais investimentos e para a realocação dos ativos que os compõem. Entretanto, é essencial que o investidor tenha ciência de que uma estratégia de investimento de longo prazo não deve ser baseada apenas em operações de curto prazo.
“O investidor de longo prazo é o de perfil mais agressivo”.
Warren Buffett