Análise do Setor Industrial

Indústria (Setor Secundário)
A indústria é o setor com maior capacidade de gerar riqueza para toda a economia, não apenas na produção e na arrecadação, mas especialmente na geração de empregos, demonstrando uma capacidade de encadeamento das mais diversas indústrias que os demais setores não possuem. A produção industrial também é o maior determinante da renda real e do padrão da população de um país. Maior produção industrial significa maior oferta de produtos, o que pressiona os preços para baixo ou pelo menos contribui para que se mantenham.
Logo, uma maior oferta de produtos a preços contidos significa aumento da renda real da população consumidora ao longo do tempo. Adicionalmente, maior produtividade necessariamente implica maiores salários para os trabalhadores dessa indústria. É exatamente a produtividade o que permite aumentos salariais. Portanto, maior produtividade beneficia tanto os trabalhadores da indústria quanto toda a população consumidora.
A indústria é capaz de gerar mais riquezas do que o agronegócio, pois os produtos manufaturados têm maior valor agregado e geram mais inovação tecnológica do que os agrícolas. Ao mesmo tempo, cada indústria estimula uma série de outras cadeias produtivas e sustenta um grande número de empregos indiretos. Foram os investimentos na indústria que tiraram países asiáticos como Japão, Singapura e Coreia do Sul do atraso econômico e social, e mais recentemente a partir de 1980 a China, que por sua vez possui a maior produção de mais de 40% dos 500 principais produtos industriais.
Contudo, a política econômica brasileira faz exatamente o contrário, busca a reprimarização da economia. A agricultura vem condicionando a dinâmica econômica do Brasil, inclusive com influência marcante sobre a desvalorização do câmbio e a destinação do crédito público.

"O fato de que muitos políticos de carreira são mentirosos descarados e compulsivos não é apenas uma característica inerente à classe política; é também um reflexo do eleitorado. Quando as pessoas querem o impossível, somente os mentirosos demagogos podem satisfazê-las. Quem não entende o completo cinismo que existe na política não entende nada de política."
Thomas Sowell
O BNDES foi criado em 1952 pelo governo com a missão de alavancar o parque industrial brasileiro, no intuito de assegurar os investimentos necessários à indústria, que era e continua sendo o setor mais dinâmico, inovador e estratégico de qualquer economia. Contudo, desde 2018 o banco vem financiando mais a agropecuária do que a indústria. Em 2021 o banco destinou 16% dos seus recursos aos empresários industriais e 26% aos produtores rurais, os quais já contam com os empréstimos do Banco do Brasil e possuem uma maior facilidade de crédito.
O agronegócio está fazendo uma forte pressão política sobre o poder público e conseguindo avançar sobre os recursos do banco. Os produtores industriais solicitaram no ano passado R$ 37,4 bilhões, mas o BNDES liberou R$ 11,2 bilhões (30%). Os produtores rurais, por sua vez, pediram R$ 22,5 bilhões e conseguiram R$ 18 bilhões (80%). Não existe na história mundial país algum que tenha se desenvolvido contando predominantemente com o agronegócio.
Essa política tem contribuído para o processo de desindustrialização do país. A área industrial hoje responde por cerca de 20% do produto interno bruto (PIB) do país. Desde a criação do BNDES, a participação do setor na riqueza nacional nunca foi tão baixa. A indústria impulsionou o “milagre econômico brasileiro”, entre o fim dos anos 1960 e o início dos anos 1970, e chegou a contribuir com quase 50% do PIB. Mas desde 1980 o parque industrial vem encolhendo. O Brasil está passando por um processo agudo de desindustrialização, com fábricas fechando as portas e multinacionais deixando o país.

Um estudo da Brasscom indicava um hiato de 115 mil profissionais em 2012, e outro da Softex previa uma demanda de 280 mil profissionais superior à oferta disponível em 2012. Muita burocracia legal e carga fiscal elevada tornam o Brasil pouco competitivo como plataforma de exportação. Há um fraco ambiente de financiamento à inovação, o que pode ser explicado em parte pelas taxas básicas de juros elevadas no Brasil.
E, por fim, há comparativamente um baixo grau de empreendedorismo; a cultura de abrir o seu próprio negócio ainda não é tão forte no Brasil como a de prosperar como funcionário dentro de uma grande empresa. Mas também, para parte da indústria, as exportações representam parcela significativa de sua receita, como no caso de carnes, suco de laranja, açúcar e das esmagadoras de soja. A participação das importações no mercado interno é pequena e restrita a alguns segmentos.
Historicamente a competitividade da indústria brasileira baseou-se nos setores produtores de commodities, que operam com grandes escalas de produção, são intensivos em mão de obra e energia e recursos naturais com baixa transformação industrial. A análise do comportamento da indústria no período recente revela um aprofundamento da estrutura industrial e do padrão de especialização vigente desde a década de 1970. Em todos os complexos industriais mais sofisticados, com grau mais elevado de agregação de valor e maior dinamismo tecnológico, verificou-se um eventual retrocesso, caracterizando o período como uma etapa de especialização regressiva da indústria brasileira.
O país se mantém, ao longo dos anos, deficitário em produtos com elevado grau tecnológico, o que corrobora o argumento da especialização de nossa indústria. A indústria de bens de capital se concentrou na produção de bens de menor conteúdo tecnológico, ao passo que os produtos mais sofisticados eram importados e, para tal, contavam com diversos estímulos fiscais e cambiais.
O processo de desindustrialização atinge patamares preocupantes e reflete no aumento do desemprego e no atraso tecnológico do país, enquanto o extrativismo exercido pelas grandes corporações que exploram o agronegócio de exportação e a mineração predatória avança e nos remete à reprimarização econômica.
Apesar dos lucros estratosféricos, o extrativismo não tem contribuído para o financiamento do Estado, pois usufrui de incentivos fiscais e outras benesses tributárias e creditícias, e ainda apresenta um potencial de geração de empregos inferior ao dos setores industrial e de serviços. Portanto, além de receber uma grande quantidade de recursos públicos, o agronegócio gera menos emprego, menos renda e paga menos imposto do que a indústria e os serviços.
"Pouco mais é necessário para erguer um Estado, da mais primitiva barbárie até o mais alto grau de opulência, além de paz, de baixos impostos e de boa administração da justiça. Havendo isso, todo o resto ocorre por conta do curso natural das coisas."
Adam Smith
• Bens de capital – São bens usados na produção de outros bens, especialmente bens de consumo, embora não sejam diretamente incorporados ao produto final. São as máquinas, equipamentos e instalações de uma indústria, veículos e material de transporte. Alguns autores consideram bem de capital como sinônimo de bem de produção. A indústria de bens de capital é dividida em 2 segmentos:
– Bens seriados – São produzidos em larga escala, de forma padronizada. Representam 80% do mercado de bens de capital. Sua produção é feita a partir de projetos padronizados, em lotes médios ou grandes. A fabricação desses equipamentos se dá no curto prazo. Vale destacar que este segmento é um dos primeiros a ser afetado por crises econômicas e também um dos últimos a reagir com a retomada da atividade da economia.
– Bens sob encomenda – A produção é realizada a partir de projetos específicos para determinadas unidades produtivas ou também a partir de projetos padronizados de produtos cuja fabricação é sob encomenda. Este segmento opera com carteira de pedidos de médio e longo prazo, o que lhe confere alguma margem de manobra para enfrentar mudanças no ritmo de crescimento da economia. Possuem características próprias, por isso dependem de tecnologia.
– Sazonalidade: A indústria de bens de capital apresenta um volume maior de produção e de vendas entre março e novembro, apresentando redução de dezembro até fevereiro.
Os principais custos de produção do segmento de máquinas e equipamentos são matérias-primas (50% do total) e mão-de-obra (30%). Em sua maioria, os insumos de produção são produtos transformados do aço, alumínio e outros minerais metálicos, além de componentes eletrônicos, plásticos e borracha.
Os principais fornecedores encontram-se no mercado interno, entre eles: siderurgia e metalurgia, indústria de plásticos, energia elétrica e combustíveis. O principal fornecedor externo é do segmento de componentes eletrônicos e de informática (hardware e software), cuja intensidade de utilização pode ser tomada como indicador da evolução tecnológica do setor e da indústria em geral.
O Setor dependente do nível de investimentos da economia. Assim, quanto maior o patamar das taxas de juros reais, menor é a atração para a realização de novos investimentos. A desvalorização no câmbio afeta a competitividade dos bens de capital importados, acirrando a concorrência no mercado brasileiro e reduz as exportações dos fabricantes nacionais – parcela significativa da produção nacional é destinada ao mercado externo.
O faturamento médio do setor nos últimos 5 anos encontra-se estável, assim como as exportações e as importações. Assim, o setor é favorecido pelo aumento dos investimentos, refletindo a melhora da confiança, pela queda dos juros e pela expansão do mercado de crédito.
As barreiras à entrada de novas empresas no setor são elevadas, seja por custo, diferenciação de produto ou grau de desenvolvimento tecnológico. As principais deficiências identificadas no setor de bens de capital no País são a baixa escala produtiva, o pouco conteúdo tecnológico e a falta de certificação para colocação dos produtos nos mercados dos países desenvolvidos.
Nos últimos anos houve um aumento da participação das importações de máquinas e equipamentos na formação bruta de capital fixo e na pauta de importações em um contexto de baixo crescimento. Tal fato revela, portanto, a substituição entre produção doméstica e bens importados.
“Não ache um culpado, ache uma solução”.
Henry Ford
• Autopeças - A indústria fabrica uma grande diversidade de produtos utilizados pela cadeia automotiva (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus), pela indústria de tratores e máquinas agrícolas e pela indústria de motocicletas. 90% da produção são destinados ao mercado interno, sendo 70% vendido para montadoras de veículos.
Os custos de produção do setor variam conforme o tipo de produto fabricado, normalmente são compostos por 60% de matéria-prima, 22% de mão-de-obra e 10% de energia elétrica. Há componentes cujos preços são influenciados pelo câmbio como: alumínio, cobre, aço, plásticos, borracha, vidro, componentes eletrônicos e tintas. Apresenta um volume maior de produção e de vendas entre março e novembro, havendo redução de dezembro até fevereiro. Os setores fornecedores para a indústria de autopeças são: siderurgia, metalurgia, plásticos, alumínio, tintas, componentes eletrônicos, vidros e borracha.
Risco China – todas as grandes montadoras multinacionais já estão instaladas na China. Esse mesmo caminho está sendo trilhado pelas indústrias de autopeças. Com o elevado nível de competitividade chinesa, as matrizes das montadoras poderão passar a comprar autopeças das unidades fabris da China, levando o Brasil a perder mercado. Além disso, é um setor exportador, dependente do comportamento da taxa cambial. O faturamento do setor tem diminuído nos últimos 5 anos, bem como o índice de produção.
• Tratores e máquinas agrícolas – Cerca de 16% da produção são destinados ao mercado externo, sendo 20% destes destinados à Argentina. As importações de tratores representam 2% das vendas internas. O índice médio de nacionalização de peças é de 80%. O setor é dependente de juros e financiamentos. Também é dependente do nível de atividade na construção civil, embora em menor nível do que da agricultura.
Os fatores determinantes de demanda por parte do agrobusiness são as expectativas geradas pelo governo para a política agrícola, o volume de financiamentos liberados pelo BNDES, incentivos para a exportação e a cotação das commodities no mercado externo, que influem no nível de capitalização do produtor e, assim, na relação de troca trator/produto agrícola.
- Sazonalidade: Em torno de 64% das vendas se concentram entre os meses de março e setembro, período de maior capitalização dos produtores de grãos, de cana de açúcar, de laranja e de café. As vendas internas e a produção do setor têm aumentado. As exportações têm diminuído.
• Caminhões e Ônibus – 85% da produção de caminhões e 76% da produção de ônibus são destinados ao mercado interno. 46% das exportações são destinadas à argentina, 10% para o Peru e 13% para o Chile. 67% dos custos de produção são gastos com matérias-primas – aço, tinta, plástico, borracha, autopeças e 6% com mão-de-obra.
Setor exportador, dependente do comportamento do câmbio. Grande parte das matérias-primas são commodities com formação externa de preços como o aço e ligadas à cadeia petroquímica como borracha e plástico. O setor dependente de financiamento de longo prazo, da atividade industrial e da safra agrícola. As montadoras costumam conceder férias coletivas entre os meses de dez e jan em razão da baixa demanda e dos altos custos de produção. A demanda interna e as importações nos últimos 5 anos estão estáveis.
• Automóveis – 85% da produção de automóveis são destinados ao consumo interno, sendo 17% importados. As vendas de automóveis são maiores no segundo semestre, ocorrendo o pico em dezembro. Durante os meses de janeiro e fevereiro ocorre uma significativa queda na demanda.
A Argentina responde por 55% das exportações de carros para o Brasil, seguida do México 24%. A Argentina também é destino de 76% das exportações de automóveis fabricados no Brasil. O setor é exportador, dependente do comportamento do câmbio, do financiamento de longo prazo, emprego, renda e confiança do consumidor. As vendas de automóveis novos tanto nacionais quanto importados vêm diminuindo no último ano, juntamente com a importação e a exportação. Contudo, a produção ainda tem aumentado.
A indústria automotiva tem alta relevância para a economia brasileira, possuindo uma cadeia produtiva bastante densa a montante. Em 2012, respondeu por 21% do PIB industrial e por 5% do PIB. O faturamento líquido no segmento de veículos ultrapassou US$ 83,6 bilhões em 2012.
No mesmo ano, as montadoras empregaram diretamente 129.907 pessoas e estima-se que os empregos diretos e indiretos em toda a cadeia do setor automotivo sejam de aproximadamente 1,5 milhão de pessoas. A estrutura produtiva do país é composta por 21 fabricantes de veículos (associados à Anfavea), incluindo automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Há cerca de 500 autopeças e de 5 mil concessionárias.
A conjuntura internacional exerce impacto considerável no setor. Tanto no segmento de autopeças como no de veículos, a corrente de comércio é bastante expressiva, e o dinamismo da economia mundial, assim como o câmbio, interfere nas compras e vendas ao exterior.
• Aeroespacial - A indústria aeronáutica tem natureza e mercados globais, sua alta concentração decorre do processo de globalização ocorrido nas últimas décadas. O impacto da conjuntura internacional sobre o desempenho do setor é bastante significativo. Assim, os fabricantes Airbus (fábricas na Alemanha, Espanha, França e Inglaterra) e Boeing (Estados Unidos) dividem ao meio o mercado de aeronaves comerciais com mais de 150 assentos. Na faixa da Embraer (70 a 120 assentos), a Embraer tem de 50% a 60% do mercado e a canadense Bombardier, de 20% a 40% (dependendo do ano considerado).
A capacidade do setor de mobilizar outras atividades (efeitos de encadeamento) é bastante limitada no caso do Brasil. Isso porque, como visto, trata-se de um setor com elevada dependência de investimentos em P&D e os fornecedores de bens de capital para o setor estão localizados, em sua maioria, no exterior. Assim, o nível de nacionalização ainda é relativamente reduzido e no caso brasileiro o obstáculo básico é a dificuldade de se atraírem investimentos de risco para prazos de retorno superiores a uma década.
Os investimentos do setor têm dois condicionantes básicos: (i) as demandas do mercado (como em qualquer outro setor); e (ii) os elevados montantes envolvidos para a amortização gradual ao longo dos longos ciclos dos produtos – em geral, de 15 a 25 anos.
“Não existe esse negócio de investimento sólido independentemente do preço pago.”
Benjamin Graham
• Bens de Consumo - O setor comporta as empresas que se beneficiam diretamente com o aumento de renda, ou seja, o desempenho dessas ações está ligado ao ciclo salário, emprego e renda, principalmente da diminuição da inflação e redução dos juros. Assim, esses papéis tendem a exibir uma valorização toda vez que houver um reaquecimento da economia, que vai provocar uma retomada dos empregos e recuperação na renda do trabalhador. São setores como o comércio varejista, de alimentos, de vestuário, e bens de consumo etc.
Consumo Não Cíclico – As empresas que fazem parte deste setor são empresas voltadas à agropecuária, alimentos processados, bebidas, cosméticos e saúde. O setor de consumo não cíclico possui empresas que têm um faturamento mais homogêneo dentro do ano, diferentemente das empresas de consumo cíclico que possuem faturamentos diferenciados de acordo com a época do ano.
Consumo Cíclico – Determinadas empresas possuem desempenho caracterizado como cíclico, porque o preço dos seus produtos apresenta variações expressivas em função de forte aumento da demanda ou produção. Atualmente, por exemplo, o crescimento econômico da China tem gerado uma alta no preço das commodities. Esse movimento tem um reflexo direto na cotação das ações dessas empresas, que experimentam um período de altas consecutivas.
A compra de ações dessas empresas no início do ciclo de alta do preço de seus produtos e a venda desses papéis no início do ciclo de baixa do preço é determinante na rentabilidade da operação. Mas pode ser difícil antecipar-se a estes ciclos. São empresas ramo de vestuários, tecidos, utilidades domésticas, lazer e hotéis e restaurantes.
O setor de varejo responde por 12,7% do PIB e é um dos setores que mais emprega, participando com 20% da mão-de-obra. Também é um dos primeiros a sentir os impactos causados por mudanças na conjuntura econômica. As vendas do setor são dependentes de variáveis como: nível de renda do consumidor, nível de emprego, juros, condições e prazos de financiamento ao consumidor.
Geralmente, durante o 1º trimestre do ano, o nível de atividade no comércio é baixo, pois nesse período há concentração de pagamentos como IPTU e IPVA, o que comprime a renda da população. Nesse período, as lojas costumam fazer a reposição dos estoques.
Com a lançamento do Bolsa Família e a melhora de renda nas regiões Norte e Nordeste do país houve aumento das redes varejistas no consumo. – Sazonalidade: A maior demanda no comércio ocorre nas datas comemorativas, maio – dia das mães, junho – dia dos namorados, agosto – dia dos pais, outubro – dia das crianças, sendo mais expressiva em dezembro – natal e ano novo. Contudo o volume de vendas do varejo vem apresentando uma tendência de queda nos últimos 5 anos.
• Eletrodomésticos e eletroeletrônicos – Os custos com Matéria-prima correspondem a 47,3% e com mão-de-obra 17%. Setor altamente dependente da valorização cambial, mais de 70% das matérias-primas adquiridas pelas fabricantes de eletroeletrônicos são importadas. O preço do aço responde por 15% do preço final da média dos produtos.
O Brasil importa quase 20% dos eletroeletrônicos consumidos no mercado interno, sendo que 68% são provenientes da China. Os produtos portáteis respondem por 38% das importações (notadamente panelas e ferramentas elétricas). O Brasil exporta 4% dos eletroeletrônicos produzidos no país. A cadeia desses produtos também é global, logo, variações no câmbio impactam fortemente os custos finais de todos os produtos.
Sazonalidade: Há maior concentração de vendas no 2º trimestre do ano (dia das mães e maior incidência de casamentos) e no 4º trimestre (natal e recebimento do 13º salário), por isso, a indústria antecipa a produção. A indústria apresenta um volume maior de produção e de vendas entre março e novembro, apresentando redução entre dezembro e fevereiro. O faturamento da indústria vem aumentando nos últimos 5 anos.
A indústria tem aumentos de custos em caso de desvalorização do câmbio ou então com a alta dos preços de produtos como o aço, alumínio e plástico. A demanda do setor é influenciada pelo nível de renda, emprego e condições de financiamento (disponibilidade de crédito e prazo para o pagamento).
• Produtos de Informática – Das vendas de computadores no país 50% são de notebooks, 25% tablets e 25% desktops. As principais matérias-primas das empresas produtoras de hardware são plástico, borracha, metal e, principalmente, componentes eletrônicos, cuja maior parte é importada da China 50% e do sudeste da Ásia 25%. A mão-de-obra qualificada é um custo relevante nos segmentos de software e serviços.
O setor tem grande dependência do câmbio, já que grande parte dos componentes utilizados no setor de informática é importada e/ou cotados em dólar, da renda da população, das condições de crédito (uso residencial) e do nível de atividade econômica (uso empresarial). Há Forte concorrência com o mercado informal, com a pirataria e o contrabando. Sazonalidade: A indústria apresenta um volume maior de produção entre março e dezembro, apresentando redução entre janeiro e fevereiro. O faturamento dos fabricantes tem aumentado nos últimos 5 anos. As exportações do setor estão estáveis.
“As pessoas que vencem neste mundo são as que procuram as circunstâncias de que precisam e, quando não as encontram, as criam”.
Bernard Shaw
• Indústria de alimentos – A indústria de alimentos se destaca por ser um dos setores mais dinâmicos da economia brasileira. Além de atender à demanda doméstica por alimentos, o setor tem papel de destaque no comércio exterior do país: em 2013, o agronegócio exportou cerca de US$ 100 bilhões, gerando um superávit comercial de aproximadamente US$ 82 bilhões. Dado o aumento da demanda interna e externa, o setor deve investir na ampliação da capacidade produtiva e no fortalecimento de suas marcas, principal fator de diferenciação e agregação de valor nessa indústria.
Atualmente, há uma tendência internacional de consolidação no setor, com as maiores empresas adquirindo as menores, no país de origem ou em outros. Cerca de 75% da produção de alimentos industrializados no país são destinados ao mercado interno, sendo os segmentos atacadistas e supermercadistas os grandes clientes da indústria alimentícia, respondendo por 70% da demanda.
O setor tem o seu desempenho vinculado ao do setor agropecuário e apresenta um volume maior de produção e de vendas ao longo do segundo semestre. O principal gargalo/obstáculo à ampliação dos investimentos do setor é a infraestrutura logística deficiente.
O setor é bastante afetado pela conjuntura internacional, pois não só seus insumos (produtos agropecuários) são influenciados pelas cotações internacionais. O comportamento dos preços das commodities agrícolas determina grande parte dos custos de produção. Outros custos importantes são: mão-de-obra, embalagens, energia elétrica, transporte e logística e distribuição. As importações de alimentos são pouco expressivas representando 2% do consumo aparente do setor. As exportações da indústria de alimentos representam cerca de 25% do faturamento do setor, com destaque para o segmento de carnes, responsável por 36% das exportações de alimentos.
O setor sofre dependência da renda da população, está sujeito às pressões de custos das commodities agrícolas (soja, milho, trigo, etc.), sofre impacto da taxa de câmbio nos custos de produção (insumos dolarizados) e nas receitas de exportações. A importação de alimentos vem aumentando nos últimos 5 anos. As exportações encontram-se estáveis. O faturamento do setor é crescente, sendo um mobilizador de outras atividades econômicas, tanto para frente como para trás.
• Indústria de bebidas – O Brasil é o terceiro maior produtor e consumidor de cervejas e refrigerantes do mundo, sendo esses dois produtos os principais itens da indústria brasileira de bebidas.As embalagens participam com 44% dos custos na produção de cervejas e refrigerantes e as matérias-primas com 29% (Malte 70% importado e Lúpulo importado). A indústria de refrigerantes importa o concentrado à base de cola.
A produção nacional se destina predominantemente para o mercado interno. Por não ser um item de primeira necessidade, o consumo de bebidas é dependente da renda da população, sendo que elevações de preços ou queda na renda levam os consumidores à substituição de bebidas de marca por outras mais populares.
A produção da indústria brasileira de bebidas é destinada ao consumo interno, que apresenta baixíssima penetração de importações, assim como coeficientes de exportação irrelevantes. Dessa forma, a conjuntura internacional não tem reflexo direto na demanda do setor. Por outro lado, fatores como câmbio e cotações internacionais dos insumos commodities impactam diretamente nos custos de fabricação dos produtos.
O câmbio afeta parte dos custos do setor tais como: embalagens, combustíveis, malte para cerveja, xarope de cola para refrigerantes. Os preços de commodities como o açúcar também afetam os custos de produção. Sazonalidade: O consumo de cerveja e de refrigerantes é mais elevado no período de verão, nas festas natalinas e no Carnaval. Cerca de 40% das vendas de cerveja são realizadas entre dezembro e fevereiro.
Outro ponto sensível ao desempenho da indústria se refere à tributação da cerveja. O Brasil é o país que aplica as maiores alíquotas na América Latina, acima de países congêneres, como México, Argentina e Chile. Com a elevação real do nível de tributos federais prevista para os próximos anos, o Brasil se aproximará do grupo de países que tributam as bebidas alcoólicas de forma relativamente elevada, como Noruega, Finlândia, Suécia e Coreia do Sul. O elo da cadeia responsável pela distribuição e a comercialização também apresenta números consideráveis de geração de emprego.
• Tecidos, vestuário e calçados – O Brasil é o 5º maior produtor de têxtil e de confecções, mas a maior parte de sua produção é destinada ao mercado interno. O país exporta 8% da produção nacional do segmento têxtil, principalmente para a Argentina e os EUA. O nível de demanda desse segmento também é sensível ao nível de preços e nível de renda da população. Suas principais matérias-primas, ligadas à cadeia petroquímica, têm os preços dolarizados (borracha e plástico) e dependem das cotações do mercado internacional.
O setor sofre forte concorrência com a China em produtos de baixo valor agregado. 65% dos custos de produção do setor são compostos por matéria-prima e 30% por mão-de-obra. As importações brasileiras do segmento têxtil respondem por 26% do consumo interno, vindas notadamente da China 43%, Indonésia 8% e Índia 12%. No segmento de confeccionados, as importações respondem por apenas 6,4% do mercado interno, sendo originadas notadamente da China. As importações provenientes da China vêm aumentando. A produção e o consumo interno estão estáveis.
Os custos do setor de calçados ligados à cadeia petroquímica – plásticos e borracha sintética – são dolarizados. É um setor intensivo em mão-de-obra – principalmente na produção de calçados de couro. A maior concentração das vendas ocorre no 2º semestre do ano. 85% da produção de calçados no país são destinados ao consumo interno, perceber-se uma diminuição na exportação e um crescente aumento da demanda interna. No setor têxtil a maior concentração de vendas ocorre no período de março a novembro.
• Artigos farmacêuticos e cosméticos – Entre os principais custos de produção de medicamentos estão os farmacoquímicos (matéria-prima), embalagens, logística de distribuição, propaganda e mão-de-obra. As exportações de fármacos representam 61% da produção interna, com destino mais pulverizado (destaque para Estados Unidos e Argentina). O volume de vendas do setor tem crescido nos últimos 5 anos, apresentando uma tendência de alta, juntamente com o valor médio dos medicamentos.
Sazonalidade: A indústria apresenta um volume maior de produção e de vendas entre março e dezembro, apresentando redução em janeiro e fevereiro. O setor é altamente dependente da renda e do emprego e do risco cambial em função da forte dependência de importações de fármacos. A exportação de medicamentos se encontra estável.
Atualmente, a cadeia produtiva da indústria farmacêutica apresenta baixo grau de adensamento produtivo, importando entre 80% e 90% dos insumos, notadamente os de síntese química. Apesar do crescimento da participação das empresas de capital nacional no mercado brasileiro, na última década, a base industrial brasileira não tem sido capaz de atender plenamente à demanda doméstica por medicamentos, o que se expressa em saldos negativos crescentes na balança comercial, que atingiram US$ 8 bilhões em 2013.
“Várias das grandes fortunas do mundo foram feitas por pessoas que eram donas de um único e maravilhoso negócio. Quando você entende do negócio você não precisa ser dono de muitos.”
Warren Buffett
Materiais básicos - São empresas que trabalham normalmente com exploração de matérias-primas, normalmente estão ligadas a extração de minérios, vegetais ou a primeira manufatura dos mesmos. Englobam-se neste setor as empresas de mineração, siderurgia e metalurgia, químicos, madeira e papel e embalagens. São empresas normalmente focadas em produtos para outras empresas, normalmente são materiais com base em madeira, produtos químicos, ligas e metais.
• Petróleo e derivados – O setor é considerado estratégico para o crescimento econômico por ser a principal fonte de energia no mundo e no Brasil (39% da matriz energética). O petróleo responde por 33% do consumo global de energia, seguido do carvão 30% e do gás natural 24%.
O setor de petróleo e derivados é o 2º maior exportador do Brasil, respondendo por 12,8% das exportações brasileiras. As empresas do setor têm seu desempenho atrelado ao aquecimento da economia global, por isso são consideradas companhias cíclicas. Assim como as indústrias do setor de siderurgia, seus resultados estão intrinsecamente relacionados ao preço da commodity em questão, nesse caso o preço do barril de petróleo.
O Brasil exporta cerca de 27% da produção de petróleo. Os principais compradores são EUA 28,5% (quase ¼ do consumo mundial), China 23% e Índia 17,3%. Cerca de 72% do óleo processado nas refinarias brasileiras é nacional (petróleo pesado). 21% dos derivados de petróleo consumidos no país são importados. A América do norte é o principal fornecedor de derivados, com destaque para os EUA.
O petróleo pesado, mais utilizado para o refino de óleo combustível e asfalto – petróleo brasileiro, tem uma defasagem de preço em relação ao preço do petróleo leve, de melhor qualidade, utilizado para o refino de nafta, GLP, óleo diesel, gasolina A e gasolina de aviação. Não há sazonalidade na produção de petróleo e na produção de derivados. A demanda é influenciada diretamente pelos níveis de estoques dos EUA e da China.
Os maiores custos para a extração de petróleo estão ligados tanto à contratação de prestadores de serviços como a pessoal empregado. No caso do refino, os maiores custos estão ligados á matéria-prima (preço do petróleo) e à contratação de prestadores de serviços. É um setor exposto ao risco geopolítico, principalmente no Oriente Médio, e à valorização cambial. Além de ser um setor intensivo em capital, no país há um “Controle” do Governo sobre os de preços de derivados através da Petrobras.
O Oriente Médio detém 48,5% das reservas provadas mundiais e 33% da produção mundial de petróleo. O atual sistema de exploração de petróleo no Brasil é o de concessão. Contudo, devido a fatores de infra-estrutura (antes da privatização), a Petrobras continua sendo a principal empresa na extração de petróleo no Brasil.
No refino, a Petrobras também é líder absoluta, com 98% da capacidade de processamento nacional de petróleo. A produção brasileira de petróleo está estável nos últimos 5 anos, o consumo ainda aumenta. A produção e o consumo de derivados continuam aumentando. A exportação de petróleo e derivados tem diminuído e as importações se encontram estáveis.
Estimativas da Petrobras indicam uma reserva entre 40 e 70 bilhões de barris de petróleo na camada pré-sal, localizadas nas Bacias de Santos, Campos e Espírito Santo. Confirmada reservas de 40 bilhões de barris, o Brasil passaria a deter aproximadamente 3,5% das reservas mundiais (hoje possui 0,9%).
Por isso, o Brasil passou a ser visto como uma das mais promissoras fontes de óleo cru nos próximos anos. Caso se mantenha estável a produção dos outros países, o Brasil poderá responder por 4,8% da produção mundial, alcançando a 6ª colocação no ranking de produção mundial –atualmente ocupa a 13ª colocação.
O principal motivo para a concentração no processamento de óleo é o fato das refinarias da Petrobras não praticarem necessariamente os preços de mercado, uma vez que a empresa tenta não repassar a volatilidade das cotações internacionais do petróleo para os preços de alguns derivados, como gasolina, havendo assim uma falta de competitividade no setor. O foco da Petrobras está na exploração, e sem adição de capacidade de refino, o país contará cada vez mais com derivados importados.
• Distribuição de combustíveis - As despesas financeiras representam a maior parcela dos custos das distribuidoras. Outros custos relevantes são: impostos, aluguel e royalties. Cerca de 17% dos derivados de petróleo consumidos no mercado interno são importados. Quase 50% das vendas de combustíveis são realizadas no Sudeste. O estado de São Paulo sozinho detém 27% das vendas internas de combustíveis. Aproximadamente 15% dos derivados de petróleo produzidos no Brasil são exportados, notadamente para a América Latina. Os EUA importam cerca de 60% do etanol produzido no Brasil.
Como os preços de petróleo são cotados em dólar no mercado internacional, os combustíveis derivados de petróleo têm seus preços atrelados tanto ao câmbio como à volatilidade desses preços. Porém, nem todos os preços de combustíveis seguem variação de mercado dada pelos custos e pelo grau de concorrência do setor. Assim, é observado algum tipo de “controle” de preços pela Petrobras.
Sazonalidade: As vendas de combustíveis e gás GLP são concentradas no segundo semestre do ano, quando a atividade econômica é mais intensa. A indústria apresenta um volume maior de produção e de vendas entre março e dezembro, apresentando redução em janeiro e fevereiro. As vendas de diesel, gasolina e GLP são crescentes, a de GNV estável e a de etanol vem caindo nos últimos 5 anos, estando atualmente estável. As exportações de açúcar também se encontram estáveis, juntamente com o consumo interno. A produção interna de açúcar e de etanol se encontra estável.
A produção de álcool é sazonal, com colheita e moagem da cana entre os meses de abril e novembro. Isso faz com que o consumo de álcool também esteja atrelado à sazonalidade dos preços do álcool anidro (usinas).
“Otimismo significa esperar o melhor, mas confiança significa saber como se lidará com o pior. Jamais faça um investimento por otimismo apenas”.
Max Gunther
• Química e petroquímica – A matéria-prima predominante no setor é o Nafta 92%, sendo 33% importada, e o gás natural 8%. É um setor eletro-intensivo e intensivo em capital, que demanda elevados investimentos em tecnologia. É um setor cíclico em função do longo período de maturação dos investimentos realizados no setor, o crescimento da produção ocorre periodicamente e em grandes volumes, ao passo que a demanda não cresce na mesma proporção, levando o setor a desequilíbrios, alternando-se dessa forma, períodos de preços elevados no mercado internacional e fases de margens comprimidas.
Este é um fator de elevado risco, pois no período de baixa do ciclo as empresas continuam arcando com elevados custos fixos inerentes da indústria petroquímica. As empresas do setor têm endividamento atrelado ao dólar.
As empresas químicas têm diversos clientes, dos quais o maior é a própria indústria química. A indústria tem fortes encadeamentos na economia, principalmente à frente. Entre seus principais clientes, estão empresas de virtualmente todos os setores da economia, como: as indústrias têxteis, eletrônica, elétrica, de transportes, automobilística, construção civil, aço, papel e o agronegócio, entre outras.
O Brasil importa 22% do seu faturamento e exporta 10%. O faturamento do setor vem aumentando nos últimos 5 anos, bem como a produção interna de produtos químicos. Contudo, a produção nacional de nafta vem diminuindo neste período, apesar do seu consumo estar aumentando. As importações de nafta vêm aumentando. O nafta representa 70% dos custos das centrais petroquímicas. O preço da nafta fornecida pela Petrobras está atrelado às cotações ara (amsterdã, roterdã e antuérpia) e à taxa de câmbio.
A indústria petroquímica brasileira tem reduzida competitividade no mercado Internacional. Por outro lado, a indústria petroquímica tem elevada capacidade de repasse de preços, porque o produto petroquímico é essencial para diversos outros produtos industriais e a base de setores compradores é larga, ao passo que os fornecedores são apenas 4 centrais. A Braskem detém as quatro centrais petroquímicas no Brasil.
No Brasil, as vendas da indústria totalizaram US$ 162 bilhões em 2013, o que a torna o 6º maior mercado do mundo.Apesar de sua importância, a indústria química brasileira necessita aumentar sua competitividade a fim de enfrentar a concorrência acirrada com os produtos importados, que tem resultado em déficits crescentes na balança comercial do setor.
• Minério de ferro - 87% produção nacional de minério de ferro é destinada à exportação. Dado que o minério de ferro é uma commodity internacional, os preços do minério praticados no mercado doméstico são balizados no mercado externo, descontadas as despesas portuárias. A Vale negocia o valor trimestralmente, tomando como referência para o reajuste o Iodex (Iron Ore Index), tendo a China como seu maior cliente, responsável pela demanda de 65% do minério de ferro extraído mundialmente.
Os principais insumos do setor são: Insumos – níquel, alumínio, minério e pelotas, serviços de manutenção e transportes, peças para manutenção de equipamentos, insumos como explosivos e calcário, pneus, correias transportadoras. Em razão do baixo valor agregado do minério de ferro, a eficiência da logística de escoamento da produção é fundamental para a competitividade da mineradora.
Por essa razão o minério destinado à exportação é, em sua maioria, transportado por ferrovia. O setor tem dependência do comportamento do setor siderúrgico no Brasil e no mundo, bem como uma dependência do câmbio alto.
Sazonalidade: A indústria apresenta um volume maior de exportações entre julho e dezembro, apresentando redução em janeiro e junho. A produção mundial e nacional de minério de ferro vem crescendo nos últimos 5 anos, apesar da produção chinesa se encontrar estável. A tendência também é de alta para o preço do minério.
“O que a história do mercado diz é que os melhores investimentos são feitos quando as coisas parecem muito ruins.”
William Bernstein
• Siderurgia – O aço brasileiro é competitivo no mercado internacional em razão da logística, pois as principais siderúrgicas estão localizadas próximas dos portos de embarque e próximas das minas de minério de ferro. Esse complexo é todo interligado por ferrovias especializadas em transporte de minério e aço. Há um reduzido custo da mão-de-obra em relação aos outros países produtores, sem contar que o minério de ferro brasileiro é altamente competitivo internacionalmente por ter alto teor de ferro e custo reduzido.
As exportações normalmente são concentradas em produtos semi-acabados de aço, como as placas, que são laminadas nos países mais próximos dos grandes centros consumidores, como Europa, EUA e Ásia. 38% dos produtos siderúrgicos importados pelo Brasil vem da China. Os EUA importam 44% dos produtos siderúrgicos produzidos no Brasil.
Contudo, o mercado de aço é caracterizado, atualmente, por uma situação de sobreoferta e de margens reduzidas, tanto no Brasil quanto no mundo. Assim, vários investimentos siderúrgicos foram postergados ou definitivamente abandonados. É uma indústria altamente intensiva em capital, que necessita de investimentos em ativos destinados a projetos de longo prazo de maturação, precisando de grandes barreiras à entrada e à saída. Cabe destacar que a capacidade produtiva brasileira atual é praticamente o dobro do consumo aparente interno, o que não estimula novos investimentos em aumento de capacidade direcionados para o mercado interno.
Há uma tendência de melhora nas margens, nos próximos anos, mais pela diminuição dos custos de produção do que pelo aumento dos preços dos produtos siderúrgicos. Os custos de produção variam de acordo com a especialidade de cada empresa, o carvão mineral (100% importado) responde em média por 25%. Os contratos de compra de minério de ferro são de longo prazo (de 5 a 10 anos), são fixadas as quantidades dentro de bandas podendo ser ajustadas de acordo com a maior ou menor necessidade de fornecimento.
Dado que o minério de ferro é uma commodity internacional, os preços do minério praticados no mercado doméstico são balizados no mercado externo, descontadas as despesas portuárias. A negociação de preços entre siderúrgicas e empresas consumidoras ocorre a cada trimestre. Não há sazonalidade na produção de siderúrgicos, pois os alto-fornos operam ininterruptamente.
O processo de transformação do alumínio é intensivo em energia elétrica e, por isso, as indústrias são consumidoras diretas das usinas produtoras de energia elétrica (muitas produzem energia). Os gastos com energia elétrica podem chegar a mais de 40% dos custos da indústria do alumínio. As importações de alumínio respondem por 25% do consumo aparente, sendo a Argentina, China e Venezuela os principais países de origem. O Brasil exporta 36% da produção de alumínio primário. A demanda por alumínio é crescente.
O setor é intensivo em capital e em recursos naturais, como o minério de ferro, com grande disponibilidade no país e de boa qualidade e o carvão mineral, que é escasso no país e tem baixa qualidade, razão pela qual a maior parte do carvão utilizado é importada. O segmento de aços longos é mais sensível à redução dos investimentos e à contenção do crédito, pois os produtos são destinados basicamente a setores sensíveis a estas variáveis como construção civil e bens de capital. Já o segmento de aços planos é mais sensível à variação da oferta de crédito e renda, pois está mais ligado à produção e vendas do complexo automotivo e linha branca.
Assim, o setor produtor de bens intermediários é bastante sensível ao desempenho da indústria geral, sendo diretamente afetado pelo nível de atividade econômica e ao nível de investimento. É um setor exportador – dependente do câmbio e do nível de atividade econômica mundial.
O cenário global afeta toda a cadeia do aço, não só pelo fato do setor externo ser um forte demandante, principalmente a China, como também por ser um forte ofertante, podendo manipular bruscamente a cadeia de aço global. O câmbio afeta alguns custos básicos de produção como o coque e o carvão mineral. Tanto a produção quanto as vendas internas do setor estão estáveis. As exportações vêm diminuindo e as importações estão estáveis.
• Cimento e Materiais de Construção - Praticamente não há concorrência com produtos importados, pois 98% do cimento produzido no País se destina ao consumo interno. Cabe ressaltar ainda que 96% do cimento produzido são despachados por transporte rodoviário, havendo um elevado custo de transporte. O setor apresenta pouca sazonalidade, mas o primeiro trimestre é o mais fraco, em razão das chuvas de verão, e o segundo semestre é historicamente mais forte devido ao aumento do nível de atividade econômica.
A indústria de cimento é eletro-intensiva, pois mais da metade de seus custos são gastos com energia, sendo 80% desde com combustíveis e 20 com energia elétrica. O setor dependente do nível de atividade da construção civil e de indicadores como renda e emprego que exercem grande influência nas vendas de cimento, uma vez que há grande participação do consumidor pessoa física. O consumo interno de cimento é crescente, juntamente com a produção.
“A diversificação é uma proteção contra a ignorância, faz pouquíssimo sentido para quem sabe o que está fazendo”.
Warren Buffett
• Papel e celulose - O Brasil é o maior produtor mundial de celulose de fibra curta, pois o clima brasileiro favorece o plantio de eucalipto. O Brasil é auto-suficiente na fabricação de papel, porém ainda é dependente da importação de papel imprensa. O Setor é voltado à exportação, fazendo com que o preço da celulose e o câmbio expliquem 80% da margem EBITDA do setor, sendo os maiores consumidores mundiais de papel EUA e China. 61% da produção de celulose 20% da produção de papel são destinados à exportação.
O setor é diretamente afetado pelo câmbio, sendo a maior parte de suas receitas, bem como de suas dívidas, em dólar. Além disso, demanda muito investimento, visto que além das florestas as empresas operam plantas industriais, sendo assim um setor com alto endividamento em dólar.
Por se tratar de um segmento que atua basicamente em commodities, a competição ocorre por custos, sendo a madeira o principal fator de competição. O Brasil é um país altamente eficiente na produção de celulose, e a razão do alto crescimento da produção nacional advém dessa alta competitividade, que por sua vez é oriunda de condições climáticas altamente favoráveis e um longo histórico de investimento em pesquisa e desenvolvimento florestal.
Adicionalmente, o contínuo aumento da demanda por celulose solúvel no mundo traz oportunidades para os produtores brasileiros. O segmento de celulose é bastante concentrado, pois a escala de produção é elevada, sendo intensiva em capital. O segmento de papel é mais pulverizado, pois existem pequenos fabricantes de papel. O custo de produção de celulose no Brasil é o mais baixo do mundo.
Apesar de as plantas produtivas serem voltadas para a fabricação de um único produto, a celulose, observa-se uma nova tendência no setor, que é a utilização de subprodutos e resíduos obtidos ao longo do processo produtivo, passando a tratar a planta como uma biorefinaria voltada para a produção de bioprodutos e energia.Mais de 65% de toda a energia consumida pelo setor é auto gerada no processo de produção de celulose, por meio da queima do licor negro, produzindo vapor.
Quase a metade do papel consumido no Brasil é reciclada. Os principais custos de produção de celulose são: madeira 44% e produtos químicos 23%. O setor de papel e celulose é bastante competitivo no Brasil, por possuir o menor custo de produção do mundo. A maior parte da madeira comprada pela indústria é de produção própria, em torno de 90%. O segmento de celulose é bastante concentrado, pois a escala de produção é elevada, sendo intensiva em capital.
Sazonalidade: A indústria apresenta um volume maior de produção e de exportações entre julho e dezembro, apresentando redução em janeiro e junho. As exportações de papel vêm diminuindo nos últimos 5 anos. Contudo, o consumo interno vem crescendo bastante, juntamente com a produção.
Tanto o consumo interno quanto as exportações de celulose vem crescendo. Estima-se que entre 2007 e 2013, o segmento de celulose tenha contribuído para cerca de 17% do saldo da balança comercial brasileira e em 2013, o setor gerava 128 mil empregos diretos, sendo 79 mil na indústria e 51 mil em atividades florestais, e 640 mil empregos indiretos.
É um setor cíclico em função do longo período de maturação dos investimentos realizados no setor. O crescimento da produção ocorre periodicamente e em grandes volumes, ao passo que a demanda não cresce na mesma proporção, levando o setor a desequilíbrios. Dessa forma, alternam-se períodos de preços elevados no mercado internacional e fases de margens comprimidas, havendo um alto endividamento em moeda estrangeira das empresas do setor.
Vale dizer que o setor de celulose é diretamente dependente da demanda por papéis, que costuma se relacionar de forma próxima com o PIB, à exceção dos papéis gráficos, que, em anos recentes, passaram a crescer menos do que o PIB em função da concorrência mais intensa com a mídia digital. Portanto, pode-se dizer que um bom desempenho econômico global costuma se refletir em boa demanda por celulose de mercado.
• Pneus e borracha – Cerca de 2/3 da borracha natural consumida no país é importada do sudoeste da Ásia. A borracha sintética (ou elastômeros) é produzida na 2ª geração petroquímica. O Brasil importa e exporta borracha sintética. As importações respondem por 40% do consumo doméstico e as exportações respondem por 40% da produção nacional. O consumo interno de pneus se encontra estável. As exportações de borracha natural têm aumentado.
Cerca de 56% dos custos de produção de pneus correspondem à matéria-prima (borracha natural e sintética), o restante é composto por Nylon, poliéster, produtos químicos – produzidos pela indústria química e petroquímica, os preços desses insumos são dolarizados, assim como o aço – fornecido pela siderurgia.
A demanda por pneus é dependente de renda, juros e financiamentos, visto que os maiores demandantes são a cadeia automobilística e o mercado de reposição. É setor exportador – dependente do comportamento do câmbio e de matéria-prima importada (borracha natural), que tem custos dolarizados.
• Fertilizantes – 70% do consumo interno de fertilizantes é importado. A Petrobras e a Vale são algumas das principais empresas fornecedoras de matéria-prima para o setor. 76% do consumo de fertilizantes está concentrado em 4 culturas: soja, milho, cana e café. Em média, 70% das matérias-primas são importadas, e há produtos, como o enxofre e o potássio, que são 100% importados. Os principais custos são ligados à cadeia petroquímica e sofrem os efeitos dos preços do petróleo e da desvalorização cambial. O Setor é dependente da renda agrícola e do pacote agrícola do governo.
Sazonalidade: 60% das vendas de fertilizantes se concentram entre os meses de julho e novembro, que é o período de plantio de grãos na safra de verão. A importação de fertilizantes é crescente, assim como a demanda interna, contudo, a produção tem diminuído.
“Eu não quero um monte de bons negócios; Eu quero poucos excepcionais”.
Philip A. Fisher
• Saneamento - O setor responde por um conjunto de serviços que compreende abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem pluvial e limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos. O consumo de energia costuma ser um dos componentes de maior custo para as companhias de água e esgoto.
O Brasil ainda se encontra distante da universalização dos serviços de saneamento e atrasado quando comparado com o cenário internacional. Dados levantados pelo Sistema Nacional de Informações do Saneamento (SNIS), em 2012, indicam que 82,7% da população brasileira possui acesso a redes de abastecimento de água e 48,3% possuem acesso a redes de coleta de esgoto. Por sua vez, somente 38,7% do esgoto gerado no Brasil recebe algum tipo de tratamento.
Os serviços de saneamento estão estruturados na forma de monopólio natural, distinguindo-se dos demais modelos concorrenciais pela exclusividade da prestação de serviço, que se caracteriza como condição de viabilidade econômica. A pressão concorrencial é mais notória no momento de determinação da concessionária dos serviços, tendo em vista a natureza do mercado, caracterizado como monopólio natural, e os prazos previstos nos contratos de concessão, o que acaba por criar barreiras de entrada para outras empresas.
Apesar de a disponibilidade de recursos pelo governo federal ter aumentado significativamente nos últimos sete anos, existe uma série de gargalos nos investimentos que atrasam o alcance da universalização dos serviços. Grande parte dos investimentos destina-se a grandes projetos de infraestrutura com retorno financeiro de longo prazo, a participação do mercado financeiro privado como agente financiador ainda é pequena.
Além disso, a definição da política tarifária praticada pelas empresas sofre forte influência política, principalmente nas companhias estaduais, desconsiderando muitas vezes o equilíbrio econômico-financeiro.
• Elétrico - A hidroeletricidade ainda é a principal fonte na expansão do setor, com 23,3 GW em projetos em execução. Porém, começa a dar lugar às demais fontes renováveis e à energia termelétrica. Em segundo lugar, cabe destacar a energia eólica, que se tornou competitiva. Atualmente, existem 4,1 GW em operação comercial e mais de 10 GW em construção. Atualmente, o Brasil possui cerca de 40 GW em termelétricas, sendo 12,5 GW movidos a gás natural, que é a principal fonte fóssil de eletricidade do país.
O setor conta com uma indústria local de bens de capital que provê máquinas e equipamentos para seus três principais segmentos (geração, transmissão e distribuição). Contudo, nos últimos anos o setor observou a elevação da participação das importações na composição dos bens de capital adquiridos. O setor é menos afetado pelo risco de crédito, visto que os contratos são de longo prazo e existe uma maior estabilidade regulatória em relação aos demais.
Os custos de energia elétrica variam conforme a fonte adotada. Fontes não renováveis tendem a ter um custo mais elevado devido aos combustíveis que utilizam (derivados de petróleo e carvão mineral). a concentração da geração hidráulica torna o setor dependente do ciclo de chuvas, dada a necessidade de armazenagem de água para a geração.
As demais fontes alternativas, necessárias durante o período de escassez de chuvas, apresentam um custo maior, além de possuírem um fornecimento incerto e variável ao longo do ano, como no caso da energia solar e eólica. Ainda no campo de fontes alternativas, a biomassa (bagaço de cana) depende do desempenho da safra de cana-de-açúcar, sendo também influenciada por fatores climáticos. A dificuldade na obtenção de licenças ambientais retarda os investimentos e aumenta as incertezas sobre a geração futura.
Os principais condicionantes para esses investimentos são: as políticas de revisão e reajuste tarifário, executadas pelo regulador (Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel), ou seja, os riscos regulatórios além do tributário, e as condições de financiamento aos investimentos e aos custos operacionais do segmento. Atualmente, o segmento de distribuição passa por uma necessidade de gastos expressivos, por conta do acionamento das termelétricas flexíveis para complementar a operação das hidrelétricas.
Os investimentos no setor elétrico contam com prazos de maturação longos e, em geral, pouco sensíveis a mudanças macroeconômicas de curto prazo. A perspectiva de investimentos para o setor no horizonte de 2015-2018 é de R$ 192,2 bilhões. Essa estimativa tem por base os leilões de geração e transmissão de energia já realizados. O destaque é a geração de energia elétrica, cujos investimentos foram estimados em R$ 118,8 bilhões, entre os quais R$ 56,3 bilhões referentes a empreendimentos hidrelétricos, sendo mais da metade já contratada por leilões públicos.
• Construção Civil - Todos os setores da economia são ligados à construção civil, que responde por 6% do PIB. As obras na construção pesada (grande porte) são geralmente realizadas por empreiteiras, as obras de infra-estrutura correspondem a 44% do valor da produção do setor, as obras industriais e comerciais 15%, os serviços especializados 17% e obras residenciais 22%, e 2% incorporação. As incorporadoras, donas do empreendimento, contratam uma consultoria de engenharia para realização do projeto, uma empreiteira para a execução da obra e uma imobiliária para venda das unidades.
O setor é bastante intensivo em mão-de-obra, principalmente de mão-de-obra não qualificada. A mão-de-obra participa com 52% dos custos da construção, sendo 40% restante despesas com o material. O setor emprega cerca de 8% da mão-de-obra no País, mas a geração de empregos vem caindo nos últimos 5 anos. As obras encomendadas/realizadas pelo setor público respondem por 44% da construção civil, enquanto o setor privado responde por 56% das obras. O déficit habitacional brasileiro soma 5,244 milhões de domicílios.
A região Sudeste é que possui a maior necessidade de moradias (2 milhões), seguida pela Nordeste (1,7 milhões). As estimativas do IPEA apontam que 70% do déficit habitacional está concentrado nas classes mais baixas, que tem renda de até três salários mínimos (faixa de renda do programa minha casa minha vida). A região sudeste responde por 51% do pib da construção civil e por 49% da mão-de-obra empregada no setor.
Sazonalidade: O primeiro trimestre do ano é mais ameno em razão das chuvas, por isso historicamente 60% dos lançamentos de imóveis são realizados no 2º semestre do ano. O período de férias (janeiro e julho) são os mais fracos para a venda de imóveis. O setor dependente de financiamento de longo prazo e de política habitacional do governo. É sensível a taxa de juros, renda e emprego. As despesas do Governo com obras de infra-estrutura vêm aumentando. Por outro lado, o crédito habitacional vem diminuindo nos últimos 5 anos. As vendas da indústria de materiais de construção estão estáveis.
“Não será a economia que derrubará os investidores, serão os próprios investidores”.
Warren Buffett