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Como Investir em Fundos de Investimentos?
Aprenda a investir e analisar o mercado com nosso conteúdo de análise fundamentalista, análise técnica e estratégias de inves

Um fundo de investimento compreende uma comunhão de recursos, constituída sob a forma de condomínio, destinado à aplicação em títulos e valores mobiliários, bem como em quaisquer outros ativos disponíveis no mercado financeiro e de capitais. Os investidores são cotistas e centralizam a administração de seus recursos no gestor do fundo, que tem por objetivo aplicar o patrimônio do fundo, de forma a maximizar o retorno e minimizar o risco da carteira de ativos constituída.

Os fundos abertos são aqueles em que os cotistas podem solicitar o resgate de suas cotas a qualquer tempo. Nos fundos fechados as cotas somente são resgatadas ao término do prazo de duração do fundo. Neste caso, as cotas poderão ser negociadas em mercado secundário.

Os fundos de renda fixa são regulados pelo Banco Central, enquanto a CVM é responsável pela regulamentação dos fundos de ações. Isso porque para ser regulado pela CVM um fundo deve ter pelo menos 51% dos seus recursos aplicados em ações de empresas de capital aberto.

 

Um fundo de investimento é classificado conforme as composições de seu patrimônio. As classificações “Renda Fixa”, “Ações” e “Cambial” são definidas a partir do principal fator de risco associado à carteira do fundo. Este nada mais é do que um índice de inflação, a taxa de juros, um índice de ações ou o preço do ativo cuja variação produza, potencialmente, maiores efeitos sobre o valor de mercado da carteira do fundo.

Os fundos classificados como “Referenciado”, “Renda Fixa”, “Cambial”, “Dívida Externa” e “Multimercado” poderão ser adicionalmente classificados como “Longo Prazo” quando o prazo médio de sua carteira supere 365 dias e seja composta por títulos privados, públicos federais, pré-fixados ou indexados à taxa SELIC ou a outra taxa de juros, a índices de preço ou à variação cambial, ou, ainda, por operações compromissadas lastreadas nos títulos públicos federais.

Já os fundos classificados como “Curto Prazo” deverão aplicar seus recursos exclusivamente em títulos públicos federais ou privados pré-fixados ou indexados à taxa SELIC ou a outra taxa de juros, ou títulos indexados a índices de preços, com prazo máximo a decorrer de 375 dias e prazo médio da carteira do fundo inferior a 60 dias, sendo permitida a utilização de derivativos somente para proteção da carteira e a realização de operações compromissadas lastreadas em títulos públicos federais.

As cotas dos fundos de investimento são marcadas a mercado. Assim, o preço de mercado de cada título que o fundo possui varia diariamente. Portanto, o cálculo da cota de um fundo leva em conta o preço de mercado de cada ativo que compõe sua carteira. Somam-se os valores diários de todos os ativos da carteira e divide-se o resultado pelo número de cotas. Ou seja, nem sempre as variações são condizentes com a rentabilidade contratada, inclusive nos fundos de renda fixa.

Dependendo de como o mercado se comporta, os investimentos podem ser mais ou menos rentáveis. Os fundos de renda variável, como as ações, calculam o preço das suas cotas com base no valor médio diário de negociação dos papéis que compõem sua carteira, conforme divulgado pela B3. Fundos que investem em outros fundos tomam por base os preços das cotas dos fundos nos quais investem.

“Jamais hesite em sair de um negócio se algo mais atraente aparecer à sua frente”.

Os Fundos podem ainda serem classificados como FIFs (Fundos de Investimento Financeiro) e FACs (Fundo de Aplicação em Cotas), sendo que os FIFs investem os recursos do fundo diretamente na compra de ativos financeiros, enquanto os FACs investem em cotas de outros fundos de investimentos.

Os fundos classificados como “Renda Fixa” deverão possuir, no mínimo, 80% da carteira em ativos relacionados diretamente, ou sintetizados via derivativos, ao fator de risco que dá nome à classe. Esses fundos devem aplicar no mínimo 51% de seu patrimônio em títulos de renda fixa (CDBs, debêntures, títulos públicos federais) e, portanto, podem ser pré ou pós-fixados.

No máximo 10% do patrimônio do fundo podem estar investidos em um único título emitido por uma mesma instituição ou sociedades a ela coligadas. Além disso, no máximo 20% dos recursos podem ser aplicados em papéis (vários títulos) de uma única instituição ou sociedades coligadas a ela.

Os principais fatores de risco da carteira de um fundo classificado como “Renda Fixa” deve ser a variação da taxa de juros doméstica ou do índice de inflação, ou ambos. Os fundos de renda fixa podem ser agrupados em três categorias: os Referenciados, os Não Referenciados e os Genéricos (mistos). Essa classificação surgiu para ajudar o investidor a distinguir as diferenças entre o perfil de risco dos títulos de renda fixa.

Os fundos de cotas classificados como “Renda Fixa” podem investir, até o limite de 10% do patrimônio líquido, em cotas de fundo de investimento imobiliário, em fundos de investimento em direitos creditórios e em fundos de investimento em cotas de fundos de investimento em direitos creditórios desde que previsto em seus regulamentos.

Fundos de Renda Fixa Simples: 95% do patrimônio investido em títulos públicos federais, operações compromissadas (com o compromisso de recompra em determinada data ou rendimento) com títulos de instituições financeiras com risco de crédito no mínimo equivalente ao risco de crédito do Brasil.

Fundo de Renda Fixa Curto Prazo: Investem em Títulos públicos federais ou títulos privados com rendimento pré-fixado que sejam classificados como de baixo risco de crédito, ou em Cotas de Fundos de Índices (ETF) que investem em Fundos de Renda Fixa Curto Prazo, Operações compromissadas em títulos públicos federais, ou seja, quando o vendedor assume o compromisso de recomprar os títulos em data ou com remuneração pré-estabelecida e podem utilizar derivativos apenas para proteção da carteira. O vencimento dos títulos em carteira não deve ser superior a 375 dias, portanto, são considerados conservadores quanto ao risco e compatíveis com objetivos de investimento de curto prazo, pois suas cotas são menos sensíveis às oscilações das taxas de juros.

Fundo de Renda Fixa Longo Prazo: Investem títulos públicos federais, títulos privados com rendimento pós-fixado e com rendimento pré-fixado. Devem possuir em sua carteira títulos que vençam em mais de 375 dias, portanto são mais afetados por variações na taxa de juros, de forma que a sua rentabilidade aumenta diante da redução da taxa de juros, pois as taxas dos títulos na carteira do fundo se tornam mais vantajosas, sendo o contrário também verdadeiro, de forma que a sua rentabilidade diminui diante do aumento da taxa de juros, pois as taxas dos títulos na carteira se tornam menos vantajosas.

 

Assim, os títulos chamados pós-fixados, geralmente atrelados ao CDI, sofrem pouca oscilação de preço frente à oscilação dos juros. Já os títulos prefixados e híbridos (IPCA+) podem sofrer grandes variações de preços frente à oscilação dos juros. Quanto maior é o prazo para o vencimento dos títulos que compõem a carteira de um fundo, maior é o impacto (positivo ou negativo) na cota do fundo.

Fundo de Renda Fixa Referenciado: Buscam acompanhar a variação de determinado indicador de referência (benchmark) definido em seu objetivo. Esse indicador pode ser um índice de mercado ou uma taxa de juros. Para isso, devem manter no mínimo 95% de seu patrimônio líquido investido em ativos que acompanhem, direta ou indiretamente, a variação do indicador de desempenho (“benchmark”) escolhido e ter no mínimo 80% do patrimônio representado por títulos públicos federais, ativos de renda fixa considerados de baixo risco de crédito ou cotas de fundos de índice que invistam em ativos com essas características, podendo utilizar estratégias de hedge com derivativos com o objetivo de proteger posições detidas à vista, até o limite dessas.

O fundo referenciado mais popular é o chamado Fundo DI, cujo objetivo de investimento é acompanhar a variação diária das taxas de juros praticadas no mercado interbancário. Sua carteira é composta por títulos pós-fixados que acompanham as oscilações da Taxa SELIC, como ocorre por exemplo no Tesouro Selic (LFT). São um pouco mais sensíveis às variações nas taxas de juros quando comparados aos de curto prazo, embora ainda sejam considerados de baixo risco.

 

A rentabilidade, contudo, dificilmente será superior a 100% do CDI, tendo em vista as taxas incidentes, portanto, os demais fundos de renda fixa podem apresentar uma rentabilidade maior diante de um cenário de queda dos juros, ao custo de um maior risco em comparação. Dentre os fundos referenciados podemos citar os Fundos DI, cujo retorno está atrelado à variação do CDI, sendo que a indexação é feita por meio de derivativos financeiros como swaps. Esses fundos têm um perfil bastante conservador e são recomendados em cenários de alta da taxa de juros. 

Fundo de Renda Fixa Crédito Privado: Deve ter no mínimo 50% da sua carteira aplicados em títulos privados, tais como debêntures, CDBs (Certificado de Depósito Bancário), CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) e FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios). Podem apresentar um risco maior em relação a outros Fundos de Renda Fixa e, justamente por isso, o ideal é que ofereçam uma rentabilidade superior à estes como prêmio pelo maior risco. A outra metade da carteira pode investir em títulos públicos e derivativos.

A rentabilidade dos fundos de renda fixa também é afetada diante de variações da Selic de uma outra forma, em razão da marcação a mercado da carteira. Assim como ocorre com os títulos públicos, marcar a mercado significa atualizar, em geral diariamente, o preço dos ativos que compõem a carteira e também o valor das suas cotas.

 

Assim, fundos de renda fixa que tenham títulos prefixados ou atrelados à inflação na carteira registram reduções no valor das cotas quando há aumentos na Selic e aumentos no valor das cotas quando há reduções da Selic. Em um caso extremo, dependendo da composição da carteira, um fundo de renda fixa pode chegar a ter rentabilidade negativa em períodos de alta considerável da Selic.

 

"Admira-se o talento, a coragem, a bondade, as grandes dedicações e as provas difíceis, mas só temos consideração pelo dinheiro".
Sébastien-Roch Chamfort

Os fundos classificados como “Ações” deverão possuir, no mínimo, 67% da carteira em ações admitidas à negociação no mercado à vista de bolsa de valores ou entidade do mercado de balcão organizado. Sua renda é proveniente da valorização dos preços das ações que o compõem e complementada pelos rendimentos distribuídos por meio de dividendos e juros sobre capital próprio. O principal fator de risco da carteira desses fundos deve ser a variação de preços das ações que o compõe.

 

Alguns fundos dessa categoria têm sua rentabilidade atrelada à composição de um índice, como o Ibovespa, sendo chamados de fundos passivos. Já os fundos ativos buscam através da montagem de sua própria carteira de ações, superar o rendimento do índice de referência (Ibovespa), o que pode tanto aumentar como diminuir tanto a rentabilidade quanto o risco.

 

Os fundos “Cambiais” deverão possuir, no mínimo, 80% da carteira em ativos relacionados diretamente, ou sintetizados via derivativos, ao fator de risco que dá nome à classe. Nesta modalidade, a rentabilidade da operação é bem próxima à variação da cotação do dólar, já que os ativos na carteira do fundo possuem relação direta ou sintetizada, por meio de derivativos, com a moeda americana. Esses fundos são recomendados para pessoas que querem manter o valor do seu patrimônio constante em dólar, pois em geral aplicam seus recursos em títulos de renda fixa indexados ao dólar como, por exemplo, as export notes.

Cabe ressaltar que a compra direta de moeda em espécie é uma estratégia menos eficiente em relação aos fundos cambiais porque a casa de câmbio vende a moeda estrangeira por um preço maior do que pagou na compra. Já o fundo cambial realiza suas operações sem esse alto spread, se mostrando assim mais vantajoso. Assim, esses fundos são recomendados para pessoas que têm dívidas em dólar ou que acreditam em um cenário de desvalorização do real. O principal fator de risco da carteira de um fundo classificado como “Cambial” deve ser a variação de preços de moeda estrangeira.

Os fundos de Dívida Externa devem aplicar no mínimo 80% de seu patrimônio líquido em títulos representativos da dívida externa de responsabilidade da União, sendo permitida a aplicação de até 20% do patrimônio líquido em outros títulos de créditos transacionados no mercado internacional.

Os fundos classificados como “Multimercado” devem possuir políticas de investimento que envolvam vários fatores de risco, sem o compromisso de concentração em nenhum fator em especial ou em fatores diferentes das demais classes previstas de fundos. O administrador e o gestor deverão acompanhar diariamente o enquadramento aos limites estabelecidos pelo Banco Central e ao fator de risco da carteira do fundo, de forma a manter a classe adotada no regulamento e a política de investimento do fundo.

Os fundos de cotas classificados como “Multimercado” podem investir, até o limite de 10% do patrimônio líquido, em cotas de fundo de investimento imobiliário, em fundos de investimento em direitos creditórios e em fundos de investimento em cotas de fundos de investimento em direitos creditórios desde que previsto em seus regulamentos.

 

Podem também, desde que destinados exclusivamente a investidores qualificados, adquirir cotas de Fundos Mútuos de Investimento em Empresas Emergentes, Fundos de Investimento Imobiliário, Fundos de Investimento em Participações, Fundos de Investimento em Direitos Creditórios e Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios nos limites previstos nos seus regulamentos e prospectos, se houver.

Devido à sua grande flexibilidade, os fundos podem ser mais conservadores que alguns fundos de renda fixa ou muito mais agressivos que os fundos de ações. A categoria dos multimercados contempla todos os fundos que não se encaixam nas demais categorias existentes e a variabilidade dos ativos em carteira, bem como das estratégias utilizadas é enorme.

 

Por isso, ao investir em um fundo multimercado é importante ficar atento ao tipo de estratégia que a gestora do fundo adota, pois o risco tende a ser muito mais alto em comparação a fundos de renda fixa, principalmente quando a estratégia do fundo faz uso de derivativos e alavancagem.

“Antes de arriscar seu dinheiro seguindo a opinião da maioria, pondere e avalie por si mesmo se a decisão é certa ou não”.
Capital e Valor

 

É importante salientar que a criação de novos fundos pode se dar em função do momento econômico ou da capacidade de correr risco de determinados grupos de investidores. É assim que são criadas oportunidades de investimentos nos Fundos Derivativos, que tendem a investir de forma agressiva em mercados mais sofisticados como futuros, opções e swaps de forma a maximizar o retorno.

 

Vale lembrar, que os Fundos Derivativos nem sempre têm como objetivo maximizar o retorno; em alguns casos os derivativos são usados apenas para fazer um hedge na carteira do fundo, nesses casos o risco da carteira acaba se reduzindo com o uso de derivativos. Dado o perfil de risco desses fundos, recomenda-se uma análise ainda mais detalhada do estatuto do fundo.

Por outro lado, os fundos buscam contemplar os perfis identificados, daí oferecerem fundos de natureza passiva, no qual se incluem os fundos cujas estratégias de administração da carteira tem perfil passivo, isto é, o gestor tenta replicar o retorno de um dos índices de ações, como por exemplo: Ibovespa, IBA, IEE, e os de natureza ativa, que têm como objetivo atingir uma rentabilidade superior ao de um indexador de referência, e por isso, têm uma estratégia de investimento mais agressiva, normalmente concentrando seus recursos em ações de determinadas empresas.

Muitos gestores consideram os fundos de índices como investimentos de rentabilidade medíocre em relação aos demais fundos. Entretanto, o que se percebe é que a grande maioria dos fundos de investimento considerados ativos apresenta no longo prazo rentabilidade inferior aos índices de mercado e, consequentemente, também inferior à rentabilidade dos fundos passivos. Isso se deve ao fato de poucos gestores conseguirem obter uma rentabilidade anual superior à média do mercado (índices) nos fundos ativos que administram.

É preciso deixar claro que fundos de índice não oferecem garantia alguma de retorno para seus investidores e não eliminam o risco, especialmente no curto prazo, pois se os índices de mercado se desvalorizarem a performance desses fundos sofrerá um efeito muito similar. Talvez a grande vantagem dos fundos de índice seja o fato de suas carteiras de ações oferecerem uma grande diversificação para o investidor a um custo operacional mais baixo do que o mesmo teria ao montar uma carteira semelhante.

 

Dessa forma, são estratégias adequadas para se obter um retorno médio do mercado a um custo operacional mais baixo. Como disse George Soros, "o problema dos investidores institucionais é que os seus desempenhos geralmente são medidos em relação aos seus pares e não pelo seu valor absoluto. Isso faz com que eles sigam a manada por definição."

Existem alguns fundos que ganham fama entre os investidores quando conseguem obter algum resultado acima da média por algum tempo. Contudo, isso não é garantia de bom desempenho no futuro, visto que no longo prazo raramente conseguem oferecer bons resultados com consistência. Depois de algum tempo, quando os resultados perdem consistência, esses fundos se tornam mais um entre milhares de fundos que temos no país.

Como disse Buffett, existem alguns gestores de investimentos que são muito bons, é claro, embora a curto prazo seja difícil determinar se um bom resultado é devido à sorte ou ao talento. A maioria dos gestores, no entanto, são mais talentosos em cobrar comissões altas dos seus clientes do que gerando retornos altos. Na verdade, sua principal competência é de vendedor.

 

“Um macaco de olhos vendados jogando dardos nas páginas de jornais sobre mercado financeiro poderia selecionar um portfólio de ações tão bom quanto um cuidadoso especialista em investimentos selecionaria.”
Burton Malkiel

Por fim, existem também os chamados fundos de fundos, ou seja, fundos que adquirem cotas de outros fundos escolhidos pelo gestor. Esses fundos podem inclusive investir até 90% do patrimônio em cotas de fundos que são restritos para o investidor pessoa física ou investidores não qualificados. Como exemplo tem-se os fundos estruturados, tais como:

• FIP - Fundos de Investimento em Participações: Investem em Private Equity, ou seja, têm como a principal estratégia adquirir participações societárias em companhias de capital fechado, que estão em fase de maturação, com a finalidade de vendê-las posteriormente, através de um IPO ou para outra empresa, por exemplo. A equipe de gestão do FIP busca ser muito ativa na administração das companhias investidas no intuito de criar valor no negócio e poder vender sua participação na empresa com lucro no futuro. Assim, o FIP pode investir em ações, debêntures simples, bônus de subscrição, ou demais título conversíveis em ações de empresas.

Dessa forma, o potencial de lucro pode ser muito alto caso o negócio da empresa prospere. Contudo, ao risco de uma grande perda caso o negócio fracasse. Outra principal desvantagens do FIP é a falta de liquidez. Este fundo não se comporta como o fundo comum de ações onde o investidor pode simplesmente liquidar suas cotas a qualquer momento e transformá-las em dinheiro. Caso o investidor precise liquidar suas cotas antes do vencimento do fundo de investimento em participações, é possível que não haja compradores no momento ou que o valor oferecido seja baixo em razão disso. O mesmo também pode ocorrer num FIDC e num FIEE.

• FIEE - Fundos de Investimento em Empresas Emergentes: Investem em Venture Capital, ou seja, adquirem participações em empresas privadas no estágio inicial de desenvolvimento, ou seja, muito pequenas ou mesmo startups. Esse é um tipo de investimento de altíssimo risco, pois a maior parte das pequenas empresas não conseguem prosperar. Porém, o retorno nos casos em que as empresas crescem podem ser muito elevados. Logo, a expectativa é de que o retorno do investimento naquelas que consigam crescer compensem as perdas dos investimentos nas empresas que faliram.

 

• FIDC - Fundos de Investimento em Direitos Creditórios: Investem em renda fixa privada, ou seja, adquirem direitos creditórios, ou recebíveis, de diversas empresas, em vários setores da economia. Esses recebíveis são créditos referentes a transações comerciais, como contas a receber, duplicatas, cheques, ou seja, valores que essas empresas têm o direito de receber de seus clientes no futuro. Assim, o FDIC compra esses recebíveis com desconto, esperando ganhar juros quando os recebíveis forem pagos pelos devedores.

 

• FIAGRO - Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais: Investem em ativos de investimentos do agronegócio, sejam eles de natureza imobiliária rural ou de atividades relacionadas a produção do setor.  Esses ativos são Direitos Creditórios (Fiagro-FIDC), Ativos Imobiliários (Fiagro-FII) ou Participações em Sociedades Agrícolas (Fiagro-FIP). Possuem uma mecânica bastante parecida com os Fundos Imobiliários, pois os rendimentos recebidos com venda ou locação de imóveis rurais são distribuídos periodicamente aos seus cotistas e o aumento nos preços dos imóveis do fundo gera a valorização do valor das suas cotas em razão do aumento do patrimônio do fundo, sendo estes isentos de imposto de renda para pessoa física.

Em suma, a administração do Fiagro usa os recursos para vários objetivos, tais como adquirir certificados de recebíveis, comprar, alugar e desenvolver imóveis rurais, cotas de Fundos de Investimentos que apliquem no agro, direitos creditórios de imóveis rurais ou títulos de securitização e comprar ações de empresas do setor. Os ganhos de capital e os rendimentos auferidos na alienação ou no resgate de cotas dos Fiagro sujeitam-se à incidência do imposto de renda à alíquota de 20%. Já os rendimentos distribuídos pelos FIAgros são isentos de imposto de renda.

 

• FII - Fundos Imobiliários: Estes fundos investem a maior parte do patrimônio em ativos imobiliários, que podem ser tanto imóveis, ações de algumas empresas da construção, e também papéis de renda fixa imobiliária (CRI, CRA, LCI, LCA) e cotas de outros fundos imobiliários. Diferente dos demais, as cotas dos FII´s pode ser negociados por qualquer investidor na bolsa de valores assim como as ações de empresas de capital aberto.

 

"A política, a guerra, o casamento, o crime, o adultério. Tudo o que existe no mundo tem algo a ver com dinheiro".
Graham Greene

Vale salientar que além da taxa de administração, alguns gestores também cobram uma taxa pelo seu desempenho ou performance do fundo. A taxa é anual e cobrada sobre a parcela da rentabilidade do fundo que excede a variação de um índice pré-determinado (benchmark). O benchmark muda de acordo com o tipo de fundo. Os fundos de renda fixa normalmente adotam o CDI ou o IGP-M como comparativo, os fundos cambiais usam como benchmark o dólar e os fundos de renda variável costumam adotar o Ibovespa. Em alguns casos é cobrada uma taxa de saída sobre o valor resgatado, caso o investidor queira vender suas cotas antes do prazo padrão estabelecido no regulamento do fundo.

O imposto de renda cobrado possui alíquota de 22,5% regressiva para os fundos de renda fixa e de 15% para os fundos de renda variável; sendo que nos fundos de ações o imposto é cobrado apenas no resgate. Nos fundos de renda fixa existem duas formas básicas de cobrança, dependendo de haver ou não prazo de carência. Para os fundos sem prazo de carência, o imposto é cobrado no último dia útil de cada mês ou no resgate.

Já para os Fundos com prazo de carência, a cobrança é feita apenas nos vencimentos da carência. Nos investimento com classificação tributária de Longo Prazo e Curto Prazo há o recolhimento semestral do Imposto de Renda (IR) incidente sobre os rendimentos obtidos nas aplicações. Para os fundos de Investimento de Longo Prazo, a alíquota é de 15% e para os Fundos de Curto Prazo é de 20%. Esse impacto do desconto de IR semestral pode parecer pequeno, mas no longo prazo é enorme e reduz a força dos juros compostos nestes investimentos.

Fundos classificados como Curto Prazo:


- 22,5% em aplicações que permanecem por até 180 dias.
- 20,0% em aplicações que permanecem 181 dias ou mais.

Fundos classificados como Longo Prazo:
- 22,5% em aplicações que permanecem por até 180 dias.
- 20,0% em aplicações que permanecem de 181 dias a 360 dias.
- 17,5% em aplicações que permanecem de 361 dias a 720 dias.
- 15,0% em aplicações que permanecem por 721 dias ou mais.

Fundos de Investimento em Ações:
-15,0% em quaisquer aplicações, independentemente do prazo.

Diferentemente das ações negociadas diretamente em Bolsa, os Fundos de Ações não estão cobertos pela legislação que isenta a cobrança de imposto caso o valor alienado seja inferior a R$ 20 mil no mês. Alguns fundos de investimento contam com o chamado come-cotas, que nada mais é do que uma cobrança antecipada do Imposto de Renda, que ocorre sempre nos últimos dias úteis dos meses de maio e novembro.

 

Como não ocorre um resgate de fato, a cobrança, neste caso, é feita sobre o número de cotas detidas pelo investidor, e não sobre o montante financeiro, daí o nome come-cotas. Se o fundo é de longo prazo, o percentual cobrado é de 15%. Se de curto prazo, de 20%. Estão sujeitos à cobrança de come-cotas os fundos de renda fixa, os multimercados e os cambiais. Estão isentos, por sua vez, os fundos de ações, os de debêntures incentivadas e os previdenciários.

Esse desconto do imposto antecipado reduz a quantidade total do investimento que receberá o efeito dos juros sobre juros. Com isso, os rendimentos ocorrem para um valor menor no fundo do que no CDB por exemplo, que não tem “come-cotas”. Desta maneira, verifica-se que a incidência de impostos em diferentes momentos provoca efeitos perversos para as aplicações em fundos.

O Come-Cotas não é aplicável, nos casos abaixo:

• Fundos de Ações ou com classificação tributária de Renda Variável (RV)
• Fundos de Debêntures Incentivadas (alíquota zero apenas para Pessoa Física)
• Fundos de Previdência
• FII – Fundos de Investimento Imobiliário
• Fundos de Investimento em Participação

Os fundos de renda fixa com liquidez diária sofrem a incidência de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de acordo com uma tabela regressiva até o 29º dia da aplicação, estando isentos a partir do 30º dia. O IOF incide sobre o ganho da aplicação. É importante ressaltar que no caso específico dos Fundos de Investimentos, mesmo nos de renda fixa, ao contrário das aplicações mais comuns de renda fixa, eles não contam com nenhum tipo de proteção do FGC, a qual permite recuperar, até um limite máximo determinado, os depósitos ou créditos mantidos em instituição financeira, em caso de sua falência ou liquidação.

 
"Dinheiro é apenas uma ferramenta: te levará aonde quiser, mas não te substituirá como o condutor."
Ayn Rand

Muitos investidores ao escolherem um fundo de investimento utilizam como critério de seleção apenas rentabilidade histórica do fundo. Buscam o que apresentou a maior rentabilidade nos últimos anos e investem seu dinheiro sem estudarem as suas regras e o que é mais importante, a sua composição.

 

Um estudo feito no mercado de fundos de investimento americano utilizando essa estratégia mostrou que não existe qualquer correlação entre a rentabilidade passada de um fundo e sua rentabilidade futura. Mesmo aqueles que durante um curto período obtiveram uma rentabilidade superior aos índices de mercado não a mantiveram no longo prazo, a maioria inclusive apresentou rentabilidade inferior.

Já no Brasil, um estudo da S&P Global, o Scorecard SPIVA da América Latina, mostrou que em 2023 cerca de 88% dos fundos de gestão ativa de renda variável do Brasil perderam para os seus índices de referência, como o Índice Bovespa por exemplo. E a incapacidade de superar o mercado não é um caso pontual, pois em horizontes mais longos, como 10 anos, a situação piora. Num período de 10 anos, 91,6% dos fundos de renda variável brasileiros, de gestão ativa, ficaram abaixo dos seus benchmarks.

Esse desempenho inferior também é observado na renda fixa. Cerca de 40% dos fundos de dívida privada do Brasil perderam para o seu benchmark em 2023, enquanto que 78% os fundos de títulos de dívida pública do Brasil tiveram desempenho inferior ao benchmark, como o CDI por exemplo.​ E em períodos mais longos, as taxas de desempenho inferior aumentaram significativamente: 92% dos fundos de dívida corporativa do Brasil e 86% dos fundos de dívida pública do Brasil não conseguiram bater os seus benchmarks no período de 10 anos encerrado em 2023.

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O Scorecard SPIVA da América Latina mede o desempenho de fundos mútuos de gestão ativa no Brasil, Chile e México, em comparação com seus respectivos benchmarks em diferentes horizontes de tempo, fornecendo estatísticas de taxas de desempenho superior aos índices, taxas sobrevivência e dispersão no desempenho dos fundos.

Corretoras e bancos costumam ganhar muito dinheiro oferecendo fundos de investimento aos clientes e essas instituições, além de seres gestoras de diversos fundos, são donas, sócias ou patrocinadoras dos principais sites de notícias sobre finanças e investimentos no Brasil. Além disso, seus assessores de investimentos ganham comissão e bônus quando conseguem convencer investidores a investir em fundos de investimento oferecidos pelo banco ou corretora onde trabalham, bem como têm metas de vendas a cumprir. Como disse Warren Buffett, "nunca pergunte ao barbeiro se você precisa cortar o cabelo".

Portanto, rentabilidade passada não é garantia alguma de rentabilidade futura, pois o passado não prediz o futuro. A única correlação encontrada foi que os fundos que cobram elevadas taxas de administração tendem a apresentar performances inferiores aos índices de mercado no longo prazo, conforme a figura acima.

Caso decida investir num fundo, procure aquele que tenha uma política de investimento adequada ao seu perfil e que cujas taxas de administração, de performance, etc, não consumam toda a rentabilidade juntamente com os descontos de IR. Investir em um fundo apenas em razão da sua rentabilidade passada pode lhe trazer grandes arrependimentos. E por último, procure acompanhar os seus investimentos, consultando periodicamente a rentabilidade e comparando sua rentabilidade com as demais opções de investimento.

Avalie sempre os seus objetivos, os quais mudam ao longo do tempo dependendo da fase da vida em que você se encontra, bem como a sua tolerância ao risco. Defina o horizonte do seu investimento e organize seus recursos em aplicações de curto, médio e longo prazo. Não se assuste com pequenas correções de preço, investimentos de longo prazo tendem a trazer um maior retorno, pois neutralizam movimentos sazonais.

"Cunhado sempre sabe o que fazer com o seu dinheiro, mas não com o dele"
Mauro Calil

A política de investimentos de um fundo está relacionada aos objetivos e à forma como o gestor aplica os recursos disponíveis, o que implica diferentes graus de risco dependendo dos ativos escolhidos e da forma como o Fundo opera. Lembre-se de que um maior retorno normalmente está associado a um maior grau de risco.

A variável que mais contribui para rentabilidade do investimento em fundos é o desempenho do valor da cota, que está diretamente relacionado à composição da carteira do fundo de investimento e, consequentemente, à estratégia do gestor do fundo. Quando decide a alocação da carteira do fundo, o gestor tem como objetivo minimizar o risco da carteira através da diversificação dos ativos para um determinado objetivo de retorno. Por exemplo, se o objetivo de rentabilidade do fundo for CDI + 10% o gestor deve alocar a sua carteira de forma a identificar a composição de menor risco que possibilita esse retorno.

Em razão disso, antes de investir em um fundo é preciso avaliar a qualidade dos ativos e da sua administração, ou seja, se o gestor está seguindo a estratégia e atingindo os objetivos detalhados no estatuto do fundo. O foco não deve estar apenas na rentabilidade do fundo, pois uma estratégia mais agressiva pode levar a uma rentabilidade mais alta, mas os riscos associados também devem aumentar e, eventualmente, podem ocorrer períodos de “rentabilidade negativa”.

Alguns acreditam que os fundos de renda variável são os instrumentos certos para quem não tem perfil de investidor, que não quer estudar e aprender a investir por si mesmo, mas isso não é verdade. Apesar dos fundos de ações terem gestão terceirizada, ou seja, o investidor entrega seu patrimônio para um profissional gerenciar, não há garantia alguma que tal profissional obterá um desempenho melhor do que se o investidor estivesse investindo por si só, ou mesmo, será garantia alguma de rentabilidade.

 

Alguns fundos de ações durante a crise de 2008 tiveram perdas de 80% em sua carteira, sendo que a maioria das ações não caiu mais do que 50% naquele ano. Portanto, está longe de ser verdade que a escolha de um bom fundo de investimento não requeira também um investimento de tempo, de investigação e de estudo.

 

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“Acredito que o público em geral quer ser levado, instruído a fazer o que é mandado. Querem a ilusão da segurança. Por isso, sempre se moverão como as massas, buscando a segurança do rebanho. Terão medo de se impor e agir de forma independente porque a sua tendência natural é se proteger no rebanho, e não ser o bezerro afastado do grupo na planície desolada, perigosa e  patrulhada pelo lobo da opinião contrária."
Jesse Livermore

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