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Análise do Setor Agropecuário
Aprenda a investir e analisar o mercado com nosso conteúdo de análise fundamentalista, análise técnica e estratégias de inves

Um setor é caracterizado por agrupar empresas que possuem uma estrutura produtiva semelhante ou que oferecem bens e serviços similares. Quanto melhor for conhecido o ambiente de atuação da empresa melhor ela poderá ser avaliada.

 

Portanto, é imprescindível que o investidor realize um estudo macroeconômico, onde devem ser levados em conta os elementos conjunturais que servem como pano de fundo para a performance da empresa analisada, considerando que ela é parte de um contexto maior de atividades integradas e que interagem com cadeias produtivas, arranjos concorrenciais, dentre outros condicionamentos setoriais.

O segundo passo é a avaliação do setor no qual a companhia se insere, as suas potencialidades, estatísticas de evolução dos últimos anos, comparações com outros países, condições de concorrência, barreiras protecionistas internas ou externas, facilidade de obtenção dos insumos de produção, formação de preços e tudo mais que possa interferir nas condições normais de atividade do setor, fornecendo informações e identificando tendências que possam impactar os resultados do seu negócio.

 

A análise setorial consiste em correlacionar o desempenho da indústria com o desempenho da economia, isto é, identificar a tendência macroeconômica e sua relação com o setor econômico. Avalia-se o tamanho e representatividade do setor, as barreiras de entrada e de saída, a concorrência e o nível de competição, o efeito da regulação do governo, os impactos tecnológicos e estruturais, o seu faturamento e os fatores que influenciam na demanda por seus produtos e/ou serviços, a sua tendência de crescimento e os principais fatores que a influenciam, bem como o seu histórico e a sua variabilidade ao longo dos anos e, principalmente, a expectativa do mercado em relação ao seu futuro.

E por fim, correlacionar o desempenho da empresa com o desempenho do setor. Este tipo de análise comparativa tem resultados bastante fidedignos, pois as empresas atuam num mesmo setor e, provavelmente, atendem ao mesmo público e estão submetidas da mesma forma às mesmas variáveis e influências internas e externas.

 

Em termos práticos implica em avaliar o número de empresas que compõe o Setor, seus percentuais de participação e a concentração no mesmo, o que pode ser indicado verificando o percentual que a receita líquida de cada empresa representa frente a receita líquida do setor, as tendências de seus lucros, patrimônios líquidos, bem como a eficiência operacional, de forma a identificar aquelas que estão ganhando e perdendo espaço no setor.

Assim, pode-se determinar o posicionamento e o potencial de desenvolvimento de uma empresa em relação ao seu setor de atuação. Para isso, são analisados fatores conhecidos como forças competitivas, tais como o nível de concorrência, a ameaça de novos entrantes ou de produtos substitutos e o poder de barganha dos consumidores e fornecedores.

 

Essas forças permitem identificar se existem mais oportunidades ou ameaças para a empresa, procurando quantificá-las sob a forma de premissas para a realização de projeções quanto à: preços praticados, estrutura de demanda, estrutura de oferta, estrutura mercadológica, concorrência, fornecimento, tecnologia empregada e qualidade da mão de obra.

Isso permite ao investidor conhecer o contexto econômico em que a empresa está atuando e, principalmente, as suas concorrentes, possibilitando-o avaliar as oportunidades e as fraquezas e identificar tendências que possam impactar nos negócios do setor, bem como os indicadores macroeconômicos que o influenciam diretamente.

 

Fornece informações que permitirão identificar fatores de risco e oportunidades de investimentos, além da avaliação do desempenho dessas empresas, servindo de base para a análise microeconômica e para estimativa de projeções e de cenários futuros. A mensuração da estratégia competitiva da empresa e dos principais direcionadores do seu setor também facilita avaliar se seus resultados atuais são sustentáveis.

 

“Grandes oportunidades de investimentos surgem quando empresas excelentes estão cercadas de circunstâncias incomuns que fazem com que suas ações sejam subvalorizadas.”

Warren Buffett

Suponha que as perspectivas de um determinado setor de atividade econômica sejam bastante promissoras, neste caso a análise comparativa entre as empresas deste setor poderia determinar a decisão sobre em qual das empresas investir. A análise setorial ajuda o investidor a entender melhor a dinâmica da economia e o impacto dos indicadores macroeconômicos, das commodities e das influências econômicas de outros países nas atividades das empresas, mostrando-se uma importante análise para auxiliar o processo de tomada de decisão. O ciclo econômico é formado por um padrão recorrente de recessões e de recuperações da economia em que os diferentes setores são afetados de maneiras diferentes.

É importante identificar e saber separar o risco que afeta temporariamente o preço de uma ação, dos riscos inerentes ao gerenciamento e à operação do negócio. Os riscos que afetam os negócios podem ser permanentes. E neste caso, mesmo com prejuízos, a venda das ações pode ser a única alternativa.

 

Assim, reconhecer a sensibilidade do setor é crucial para a realização da análise, uma vez que cada um pode reagir de maneiras diferentes, o que irá interferir na definição de uma previsão adequada para o setor analisado. Para se determinar isso, são analisados fatores como os impactos sobre o lucro nos diferentes ciclos econômicos, os impactos sobre as vendas, a alavancagem operacional e alavancagem financeira.

Cada setor da economia tem a sua própria dinâmica e responde de maneira diferente às variações no cenário macroeconômico e político. Assim, torna-se imprescindível que o investidor conheça as tendências para a oferta e para a demanda no segmento de atuação da empresa em que pretende investir, para os mercados consumidores de seus produtos e serviços, para os preços dos produtos/serviços que vende, para os setores aos quais pertencem seus principais fornecedores e a tendência dos preços dos principais insumos que afetam a sua margem de lucro.

Também é importante conhecer a estrutura concorrencial do setor, se é um setor monopolista ou cartelizado, ou se a concorrência é pulverizada, havendo assim uma maior competição, e se os seus produtos/serviços são exclusivos ou diferenciados, de forma que não hajam concorrentes ou substitutos para eles.

 

Por exemplo, no setor de combustíveis e gás é importante acompanhar a tendência para o preço do barril de petróleo no mercado externo, os níveis do consumo interno e externo, a capacidade de produção diária, a ameaça de interferência governamental ou regulatória, dentre outros aspectos específicos. 

 

Além disso, é importante comparar a taxa de crescimento do setor ao crescimento do PIB, visto que se as empresas de um determinado setor estão crescendo a taxas menores que o PIB podem haver problemas estruturais no setor que o impedem de acompanhar o crescimento da economia como um todo. Outras razões seriam interferências políticas e regulamentares que prejudicam o setor e obsolescência tecnológica dos seus produtos, o que pode além de substituí-los, extinguir o seu negócio.

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"Os beneficiários de políticas protecionistas e de políticas de subsídios são sempre muito visíveis. Já suas vítimas são invisíveis. Os políticos adoram esse arranjo. E o motivo é simples: os beneficiados sabem em quem devem votar em agradecimento ao arranjo; já as vítimas não sabem quem culpar pelo desastre."
Walter Williams

 

Em 2019 o Brasil apresentou um PIB de 4,16 trilhões de Reais em valores reais, descontado o efeito da inflação (R$ 7,3 trilhões em valores correntes). Sendo o PIB um produto, o mesmo pode ser interpretado sob o ponto de vista da oferta e da demanda, identificando dessa forma os setores que mais contribuíram para a produção de valor e os setores que mais contribuíram no consumo do valor produzido. Assim, pela ótica da oferta, temos um panorama geral sobre tudo o que é produzido dentro de um país. Do lado da oferta, entram os Setores:

- Serviços: É o setor que tem a maior participação no PIB. Em 2019 o setor respondeu por 63,25% do PIB. É composto pelos subsetores:
Comércio - Respondeu 18,56% da produção do setor de serviços 
Transporte, armazenagem e correio, 5,84%
Informação e comunicação, 4,63%
Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados, 9,28%
Atividades imobiliárias, 13,44%
Outras atividades de serviços, 23,88%
Administração, saúde e educação públicas e seguridade social, 24,37%

 

- Indústria: Soma toda a produção de bens manufaturados no Brasil. Em 2019 o setor respondeu por 17,92% do PIB. É composto pelos subsetores:
Indústrias de transformação, respondendo por 52,67% da produção da indústria
Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, 15,22%
Indústrias extrativas, 14,39%
Construção, 17,72%

 

- Agropecuária: Mede as atividades de cultivo agrícola e criação de animais. Em 2019 o setor respondeu por 4,44% do PIB.

 

- Impostos líquidos sobre produtos: Representa o valor total dos impostos indiretos (impostos sobre consumo) descontados os subsídios. Em 2019 representou 14,39 % do PIB.

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"Um fator chave nos investimentos é lembrar que ações não são bilhetes de loteria!"
Peter Lynch

 

O principal setor da economia são os serviços, respondendo por 63% da geração de valor, com peso relevante das atividades imobiliárias, comércio, setor público e das 12 atividades que compõem o grupo outros serviços, como alojamento, alimentação, educação e saúde privados, cultura e esporte. Entre os serviços, um dos principais componentes são os aluguéis, com participação de 8% no PIB (mais que a agropecuária).

O segundo maior setor é a indústria, respondendo por 18% do PIB de 2019. A indústria de transformação (fabricação de alimentos, têxteis, máquinas, automóveis etc.) representa mais da metade do setor. A outra metade se divide em três partes praticamente iguais: construção 3%, segmento extrativo (como petróleo e mineração) e produção e distribuição de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana.

O valor adicionado pela agropecuária corresponde a 4,4% do PIB de 2019. O dado é apurado a partir de pesquisas do próprio IBGE para agricultura, pecuária, produção florestal e pesca e aquicultura, não incluindo todos os setores industriais do agronegócio, o qual na totalidade representa 21,4%. Ao valor adicionado pelos três setores é somado o imposto líquido sobre a produção, que é parte do preço do produto.

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Já pela ótica da despesa é possível conhecer a soma de todos os gastos que levam à expansão da economia, ou seja, o destino do que foi produzido, indicando a demanda ou o poder de compra no país. Nesse caso, trata-se da soma da despesa de consumo de bens e serviços das famílias e do governo, da parcela destinada ao investimento e das exportações, descontadas as importações. Do lado da demanda entram os Setores:

- Despesa de consumo das famílias: Soma todas as despesas de consumo da população no mercado interno (supermercado, transporte, aluguel, crédito etc). Em 2019 representou 64,94 % da demanda do PIB.

 

- Gastos do governo: A despesa de consumo do governo não corresponde ao gasto público total, mas ao custo dos serviços oferecidos por União, estados e municípios, como insumos, salários de servidores, programas sociais e a Previdência Social. Não inclui investimento, nem transferência de renda. Em 2019 respondeu por 20,28% da demanda do PIB.
Seguridade social e os serviços da administração pública 11% da demanda do setor
Educação pública 5%
Saúde pública 3%
Saúde privada e produtos farmacêuticos 1%

 

- Investimento Privado: Soma das despesas em investimentos das empresas como a ampliação de fábricas (construção não residencial) ou a compra de equipamentos para expandir a produção (bens de capital), bem como a variação de estoques e matérias-primas. Em 2019 respondeu por 15,11% da demanda. 
A construção responde por metade do investimento, 8% da demanda do PIB. 
Máquinas e equipamentos também têm participação relevante 6%. 

O restante são produtos de propriedade intelectual e outros ativos, como equipamentos bélicos e recursos biológicos 2%.

O setor privado responde por 84% dos investimentos; o governo (nas três esferas), por 11%; e as estatais, por 5%.

 

- Exportação de bens e serviço: Em 2019 respondeu por 14,32% da demanda do PIB. A diferença entre importações e exportações representam a balança comercial. Caso as exportações sejam maiores que as importações, tem-se superávit comercial, em caso contrário, déficit comercial. As exportações são afetadas por 5 variáveis: preços internos, preços externos, taxa de câmbio, PIB externo e PIB interno. Como parte do investimento e do consumo de famílias e governo são produtos e serviços importados, que não foram produzidos no Brasil e, portanto, fazem parte do PIB de outro país, é necessário subtrair o valor das importações (14,65%) para que o PIB da ótica da demanda seja igual ao PIB da ótica da oferta.

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“No momento em que todas as pessoas acreditarem em algo a oportunidade já haverá passado”.
Michael C. Thomsett

Existem vários exemplos de produtos e serviços maravilhosos feitos por empresas que têm um péssimo negócio, em que todo ou quase todo o valor é revertido para os impostos e para os seus fornecedores, colaboradores e consumidores, e pouco ou nada é auferido pelo produtor. A análise setorial ajudar a compreender como as variações nos indicadores macroeconômicos irão influenciar um determinado setor da economia e, principalmente, uma determinada empresa.

 

A desvalorização cambial, por exemplo, tende a ser favorável para os setores e as empresas cuja maior parte de suas receitas provenham das exportações. A forma como a macroeconomia afeta uma determinada empresa ou um setor tende a influenciar diretamente nas cotações, havendo grande correlação entre as variações nos indicadores econômicos que beneficiam o resultado da empresa e as variações no preço de suas ações.

A análise por múltiplos também deve ser aplicada à análise setorial. Apesar de ser mais trabalhosa, visto que é necessário calcular os índices de todas as empresas que compõe o setor para então calcular as médias setoriais, estas servirão como importantes benchmarks para avaliar e comparar a performance, o risco e o valor tanto do próprio setor como das empresas que o compõem.

 

Servirão também como parâmetro de comparação com os demais setores. Assim, o investidor buscará dentre os diferentes setores aqueles que vêm apresentando as melhores performances e os menores riscos de acordo com os valores e as tendências dos seus indicadores de rentabilidade, liquidez e endividamento.

Tendo selecionado os melhores setores de acordo com a sua avaliação, o investidor irá selecionar dentre as empresas que compõe o setor aquelas que vêm apresentando performances acima da média e riscos abaixo da média. A partir daí, através dos Índices de preço (P/L, PSR, VPA, P/VPA, EV/EBITDA) e da análise dos preços de mercado através da análise técnica o investidor irá avaliar o melhor momento para investir nessas empresas, de forma a evitar a compra em momentos em que essas empresas estiverem sobreavaliadas pelo mercado e ao mesmo tempo acompanhar a evolução desses indicadores de forma a identificar oportunidades que venham a surgir.

Seguindo essa mesma lógica, as médias dos indicadores do mercado, ou seja, as médias da bolsa de valores como um todo, servem como benchmark para avaliar e comparar as rentabilidades, os riscos e os valores tanto das empresas quanto dos setores em relação ao mercado como um todo. Logo, as médias dos indicadores de rentabilidade, de liquidez, de endividamento e de preço setoriais e do mercado irão complementar a análise dos indicadores macroeconômicos e setoriais, o que além de agregar valor à análise do investidor possibilita a avaliação e a comparação.

 

“Se você acha que a instrução é cara, experimente a ignorância.”

Derek Bok

Os setores econômicos apresentam diferentes características, dependendo dos objetivos das empresas que os integram e do estágio de desenvolvimento em que elas se encontram. É preciso estar atento para as variáveis setoriais, eventos que afetam especificamente o setor de atividades em que a empresa atua.

 

Por exemplo, um aumento no preço internacional da celulose afeta positivamente as ações do setor (aumento de receitas e lucro potencial). Outras variáveis são possíveis inovações tecnológicas, um processo produtivo mais eficiente, por exemplo, mudanças nos preços de matérias primas, mudança no perfil dos concorrentes internacionais, mudanças na legislação que afetem a venda para outros países. Assim, podemos classificar os setores econômicos em diversas categorias:

• Exportadoras - As empresas exportadoras se caracterizam por ter uma forte receita em moeda estrangeira. Por isso, o investimento em ações de empresas exportadoras é particularmente interessante em cenários de desvalorização cambial ou de recessão no mercado interno. Por terem sua receita relacionada com a cotação de uma moeda estrangeira, essas ações são consideradas um hedge (proteção) contra a alta dessa moeda.

 

Mas cuidado, pois as receitas de empresas exportadoras também dependem da demanda externa para os seus produtos, bem como dos preços de seus produtos no mercado internacional, não apenas da cotação da moeda estrangeira. Podemos citar como exemplo o setor de mineração, que se beneficia com a desvalorização cambial em razão da maior parte da receita provir das exportações, e também com o aumento da demanda de países como a China.

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• Importadoras – Assim como as empresas exportadoras, as empresas importadoras apresentam grande exposição ao câmbio, porém, de maneira inversa. Essas empresas se beneficiam durante momentos de valorização cambial, pois se torna mais barato importar.
 
A desvalorização cambial, por outro lado, desfavorece as importações e favorece as exportações. Neste caso, a indústria nacional ganha competitividade e a tendência é que as ações das empresas exportadoras se valorizem, desde que não tenham dívidas elevadas em divisa estrangeira. Além disso, mesmo os bens produzidos no Brasil contam, na maioria das vezes, com insumos advindos do exterior. Se o preço dos insumos aumenta é de se esperar que o preço do produto final também aumente.
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“O sucesso é ter o que você deseja, e a felicidade é desejar o que você já tem”.
Warren Buffett

 

Agropecuária (Setor Primário)

 

O setor envolve as atividades humanas destinadas ao cultivo da terra (agricultura) e à criação de animais (pecuária). Abrange não só a produção de alimentos destinados ao consumo humano, mas também à alimentação de animais e à produção de matérias-primas industriais, como as voltadas à produção de energia, de celulose, têxtil e de borracha. A agropecuária destaca-se por ser um dos setores mais dinâmicos da economia brasileira.

 

Além de atender à demanda doméstica por alimentos e matérias-primas industriais, o setor é o grande responsável por equilibrar as contas externas do país: em 2013, o agronegócio exportou quase US$ 100 bilhões, gerando um superávit comercial de quase US$ 82 bilhões. Dadas as perspectivas de aumento das demandas interna e externa, o setor deve continuar investindo tanto em aumento da capacidade produtiva e de armazenagem quanto em ganho de produtividade.

O Brasil tem a maior produção mundial de soja (95 milhões de toneladas por ano), e a produção chega a superar a soma de todos os países da OCDE. O Brasil tem uma área plantada bastante grande, superando a soma de todos os países da OCDE e com uma área próxima a área plantada dos EUA. Em 2o lugar vem a produção de milho (93 milhões de toneladas). A produção brasileira, por outro lado, é bem menor que a produção americana, que chegou a mais de 386 milhões de toneladas em 2019. O Brasil também aparece como um dos maiores compradores de pesticidas do mundo.

A principal força das empresas agropecuárias brasileiras é o custo de produção mais baixo em relação aos concorrentes estrangeiros, em razão do clima favorável, da ampla disponibilidade de terras cultiváveis e da existência de instituições de pesquisa agropecuárias renomadas. A principal fraqueza é a infraestrutura logística deficiente, que impede, em muitos casos, o aumento da produção, por falta de capacidade de escoamento e armazenagem. Contudo, a importância do setor como mobilizador de outras atividades é muito grande, tanto para frente como para trás.

 

O principal gargalo/obstáculo à ampliação dos investimentos do setor é a infraestrutura logística deficiente. A falta de armazéns para estocar as crescentes safras agrícolas, bem como de rodovias, ferrovias e portos adequados ao escoamento dessas safras, encarece demasiadamente o custo dos fretes e inviabiliza economicamente a produção em determinadas regiões do país.

Os principais produtos da pauta de importação do agronegócio brasileiro de janeiro a novembro de 2021 foram: trigo (US$1,54 bilhão, contabilizando 5,8 milhões de toneladas), papel (US$797,0 milhões) e milho e malte (US$611,1 milhões cada). A figura apresenta os dez principais produtos que representam 45,9% (US$5,68 bilhões) do total importado (US$14,10 bilhões).

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O principal investimento do setor é a aquisição de terras, ao lado da abertura e do preparo de áreas para exploração econômica. Além da terra, os principais investimentos diretos são em infraestrutura nas propriedades (estradas internas, pontes, armazéns, galpões etc.) e maquinário. Dessa forma, a capacidade de produção está diretamente vinculada à área disponível de exploração.

 

No que se refere à área cultivada, o Brasil tem uma das maiores do mundo (236 mil hectares), ainda que perdendo para China e Estados Unidos. O crescimento da produtividade em toda região foi impulsionado por investimentos em P&D (pesquisa e desenvolvimento) e automação dos processos.

 

Dentre os riscos estão o fato de que o setor apresenta grande parte de duas dívidas em dólar, os efeitos climáticos sobre a produção, a imagem desgastada do país no que diz respeito à responsabilidade ambiental podem fechar portas, as disputas comerciais e regulatórias com outros países e conflitos geopolíticos envolvendo as grandes economias globais que podem prejudicar o comércio do Brasil com a Ásia, Europa e EUA.

O setor é profundamente afetado pela conjuntura internacional, por envolver a produção de commodities que são comercializadas internacionalmente. Os preços praticados no mercado interno seguem, em maior ou menor grau, os internacionais, com algumas diferenças provocadas pelo custo do frete (no caso de produtos exportados) e de tarifas de importação (no caso de produtos como leite, trigo e arroz).

 

Os custos de produção também são cotados em dólar e o setor é dependente da matéria-prima petroquímica importada (fertilizantes e defensivos agrícolas). Por fim, o crescimento maior da economia mundial tende a afetar positivamente a agropecuária, aumentando não só a demanda pelas commodities, mas também seus preços.

O principal desafio ao maior adensamento da cadeia produtiva agropecuária está ligado à estrutura tributária brasileira. Enquanto o produto primário pode ser exportado praticamente sem impostos desde a Lei Kandir, os exportadores de industrializados não conseguem recuperar todos os impostos incluídos em seus produtos, gerando favorecimento à exportação dos produtos primários em detrimento dos industrializados. Esse fato, combinado com a “preferência” que os países desenvolvidos dão à industrialização de matérias-primas em seus territórios, reforça a posição do Brasil como exportador de produtos primários.

A tabela abaixo apresenta os valores e os volumes exportados dos principais produtos do agronegócio brasileiro em 2020 e 2021. O complexo soja apresenta a maior participação (41,3%), sendo que a China representa 58,1% das compras desse grupo, seguida por União Europeia (14,7%) e Tailândia (5,0%); os demais países importadores somam 22,3%. O grupo de carnes tem a segunda posição na pauta brasileira 16,2%, sendo a China a maior compradora (34,7%). A celulose é o terceiro 19,6%, sendo Estados Unidos o maior comprador 27,0%, seguido da China (22,3%) e União Europeia (18,3%). Em quarto lugar vem o açucar 9.9%, sendo a China a maior compradora, seguido do café 5%, sendo a União Europeia a maior compradora 44,1% e do milho 3,8%, sendo a China a maior compradora.

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"Para alcançar algo que você nunca conseguiu você terá que fazer algo que você nunca tentou."

Apesar das exportações da agropecuária terem alcançado a cifra de US$ 96 bilhões em 2019, segundo a Receita Federal o setor de agropecuária arrecadou em 2019 cerca de R$ 6 bilhões em impostos, e quando subtraídos os valores previdenciários restam cerca de 2 bilhões de reais de arrecadação, valor muito inferior aos R$ 112 bilhões arrecadados pelo comércio varejista e aos R$ 60 bilhões arrecadados do setor de educação privada. O principal motivo para essa baixa arrecadação são as diversas isenções tributárias para a agropecuária de exportação, a qual é isenta inclusive do ICMS, o que gera uma perda de R$ 22 bilhões para os Estados.

Como consequência desse subsídio fiscal, nas últimas décadas tem-se observado uma corrida por substituição de culturas alimentares para produção de commodities de exportação, resultando na redução da área ocupada para o cultivo dos principais produtos da cesta básica (arroz, feijão, mandioca) de 24,7% da área total destinada ao plantio no país em 1988 para 7,7% em 2018, mesmo tendo a área total de plantio aumentado nesse período, devido predominantemente à expansão do cultivo de soja, milho e outras commodities de exportação.

A maior parte dos recursos públicos em créditos, incentivos, isenções tributárias, perdões de dívidas e demais subsídios no Brasil são destinados para o Agronegócio de exportação. Ao vender a soja bruta por exemplo, o Brasil abre mão da oportunidade de gerar empregos no processamento do grão, gerando trabalho e renda nos países compradores.

 

Essa política ainda estimula e a primarização da economia e contribui para a desindustrialização do país, gerando o aumento da dependência da economia brasileira na produção e na venda de matérias-primas de baixo valor agregado, concentradas em 3 ou 4 commodities e, por outro lado, a dependência na importação de produtos industrializados de outros países para suprir a demanda interna de mercadorias manufaturadas.

Entre os anos de 2015 e 2020 registrou-se o fechamento de uma média de 17 fábricas por dia no Brasil. Em 2015 haviam 384,7 mil estabelecimentos industriais e, em 2020, a estimativa era de que o número tinha caído para 348,1 mil. Outro indicativo é a redução da participação do setor industrial na formação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Em 1985 correspondia a 47,9% do PIB, em 2005 caiu para 28,4%, em 2013 para 24,8% e em 2019 para 22%. No caso da participação da indústria de transformação brasileira no mundo, em 1990 participava com 2,2% da industrialização mundial, em 2000 com 1,9%, em 2014 com 1,6% e em 2019 com 1,1%.

Além disso, nas últimas décadas a participação da indústria nas exportações também vem decaindo. Em 2008 os produtos manufaturados correspondiam a 48% das exportações, os produtos básicos (matérias-primas) a 38% e os semi-manufaturados a 14%, já em 2018 os produtos básicos assumiram a dianteira com 51% das exportações brasileiras, os manufaturados decaíram para 35% e os semi-manufaturados permaneceram com 14% da pauta exportadora.

Países como a China aumentam os impostos sobre os produtos semi-manufaturados e manufaturados que vêm de fora como forma de desestimular as importações desses produtos, porém mantém baixos impostos para a importação de produtos brutos, sem nenhuma elaboração. Isso faz com que muitas vezes seja mais vantajoso para os exportadores venderem a produção bruta, como é o caso do Brasil.

 

Do lado chinês, a estratégia é comprar o produto bruto, em enormes quantidades e a preços baixos, e processá-lo em seu território, agregando valor à mercadoria para exportar produtos manufaturados e ao mesmo tempo gerar emprego e renda em seu território e para seu povo.

Do lado Brasileiro, o protecionismo estatal ao agronegócio de exportação, principalmente através de crédito subsidiado e isenções tributárias, bem como para os demais setores que exportam matérias-primas, tais como minérios e petróleo, incentiva o desenvolvimento de um modelo de produção voltado à exportação de mercadorias sem nenhuma industrialização, reprimarizando cada vez mais a economia e criando uma enorme dependência industrial, tecnológica e financeira estrangeira, consolidando assim cada vez mais a dependência e o atraso socioeconômico do país.

Nenhum dos chamados países ricos desenvolveu sua economia sem investimentos pesados no setor industrial e de serviço, acompanhado por investimentos mais pesados ainda em educação, ciência e tecnologia, posicionando-se, a partir dessa estratégia, como um competidor na divisão internacional do trabalho, da produção industrial e do comércio.

 

O Brasil por sua vez está no rumo contrário das experiências históricas de desenvolvimento das grandes economias capitalistas. Nos últimos 20 anos, o Estado brasileiro centralizou suas ações para consolidar esse país como grande exportador de matéria-prima. Em 2019 o Brasil ocupa a 79a posição no ranking do IDH em 2019, apesar de ser na época a oitava maior economia do mundo.

Portanto, os argumentos de que o Agro sustenta o Brasil não se sustentam, conforme mostra a baixa arrecadação, a baixa geração de empregos e de renda para os trabalhadores e a baixa participação da agropecuária no PIB em comparação aos demais setores.

 

E dessa forma, o superávit da balança comercial, garantido pelo Agro, não é sinônimo de desenvolvimento econômico e social e está calcado em um modelo econômico reprimarizado, de trocas desiguais, que gera dependência externa e que remete a maior parte do lucro para empresas estrangeiras como Bunge e Cargill, fornecedoras de insumos como sementes, agrotóxicos e fertilizantes, privilegiando assim o investimento no agronegócio voltado à exportação de commodities e não à produção de alimentos. Sem contar que do ponto de vista ambiental, o Agronegócio é o principal responsável pela devastação florestal e pelo envenenamento dos solos, das águas e da população.

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"A humanidade precisa, antes de tudo, se libertar da submissão a slogans absurdos e voltar a confiar na sensatez da razão."

Ludwig von Mises

• Produção de Carnes e Derivados - Apesar de ser um setor exportador diretamente afetado por mudanças nas legislações sanitárias e de importação dos países compradores, 75% da produção é destinada ao mercado interno. Apresenta um volume maior de vendas entre março e outubro, apresentando redução de novembro até fevereiro. O preço do Boi Gordo no mercado interno vem crescendo, os preços de exportação estão estáveis, mas as exportações têm aumentado nos últimos 5 anos, juntamente com a produção brasileira. As exportações de carne de frango e de suínos encontram-se estáveis nos últimos 5 anos, juntamente com a produção.

O Brasil tem o menor custo de produção de carne bovina do mundo. O sistema de criação de bovinos no Brasil é predominantemente a pecuária extensiva, ou seja, o boi criado solto no pasto, alimentado à base de capim. A pecuária bovina tem período de safra e entressafra. A safra bovina ocorre no 1º semestre do ano, no período de chuvas, quando há pastagens abundantes. Com maior oferta de boi para abate, os preços do boi gordo nesse período são menores. A entressafra bovina ocorre no 2º semestre, período da seca, quando o frio e as geadas secam as pastagens. O boi perde peso e há menor oferta de boi para abate e o preço do boi se eleva nesse período. Além disso, a demanda é maior nos últimos meses do ano, influenciando a alta de preços.

O setor de alimentos contribuiu com 16 mil novos empregos em 2019 e com uma participação no Produto Interno Bruto (PIB) de 9,7%. O Brasil é o 3° maior produtor de carne de frango do mundo, 68% da produção fica no mercado interno e 32% vai para exportação. O Brasil é o terceiro maior produtor de carne suína no mundo, ficando atrás da China em 1° e para os Estados Unidos em segundo lugar, 81% da produção fica no Brasil para consumo interno e 19% vai para exportação. O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo e grande parte das receitas do setor a são em dólar.

Dentre os principais riscos do setor estão: clima, a estiagem prolongada afeta as pastagens naturais reduzindo o alimento dos rebanhos. O risco de contaminação de doenças, como a febre aftosa. Dependente da desvalorização cambial e do preço da soja e do milho. O fato de que quase 1/3 das exportações são concentradas num único mercado de destino, a Rússia.

 

“Eu não quero um monte de bons negócios; Eu quero poucos excepcionais”.
Philip A. Fisher

• Leite e derivados – 98% da produção de leite no país se destina ao consumo interno. Os gastos com ração são responsáveis por 50% dos custos de produção de leite, sendo a mão-de-obra responsável por 25%. As importações giram em torno de 10% da produção interna. Os principais riscos para o setor são climáticos e a incidência de pragas e doenças.

A sazonalidade da produção de leite ocorre no período de chuva, ou seja, a produção é levemente maior no período de chuvas, que vai de outubro a fevereiro, e pouco menor no período de seca que se estende de abril a setembro. As exportações do setor estão estáveis. As importações vêm aumentando, juntamente com a produção interna e o consumo.

• Etanol e Açúcar - O Brasil conta com quase 400 usinas de açúcar e etanol. O setor sucroenergético notabilizou-se recentemente por sua capacidade de produzir energia limpa em larga escala. Seu ativo mais estratégico é a própria cana-de-açúcar, planta com elevado potencial de geração de biomassa em ciclos curtos de produção. O etanol de cana-de-açúcar e a bioeletricidade gerada com base no bagaço de cana foram os grandes determinantes das decisões de investimento do setor na última década.

O crescimento da frota de veículos flex, que hoje já representam mais de 60% da frota total de veículos leves do Brasil e aproximadamente 90% das vendas totais desses veículos impulsiona a demanda potencial por etanol combustível. Em termos de empregos gerados, os números da cadeia sucroenergética são expressivos.

 

Na safra 2013-2014 estima-se que a cadeia empregou diretamente 613 mil pessoas, ou 1,3% dos empregos formais do Brasil. Quando são contabilizados os empregos sazonais durante a safra, esse número chega a 988 mil pessoas. Somando ainda os empregos informais e indiretos, o número de trabalhadores empregados pela cadeia sucroenergética chega a 3,56 milhões. A massa salarial correspondente atingiu US$ 4,13 bilhões.

Nos últimos anos, as vendas de açúcar brasileiro para o mercado externo corresponderam a mais de 60% de nossas vendas totais. Por sua vez, o etanol é majoritariamente comercializado no mercado doméstico. Os preços do etanol tendem a seguir os preços da gasolina, refletindo o conteúdo energético em ambos os produtos. Portanto, o preço da gasolina determina o preço-teto para o etanol, ou seja, quando o preço do etanol é superior a 70% do preço da gasolina, não há incentivo à compra do produto pelos consumidores.

Nesse arranjo de mercado, quando os preços internacionais do açúcar caem altera-se a remuneração relativa entre os dois produtos. À medida que os preços do etanol tornam-se mais remuneradores, as empresas do setor desviam gradativamente sua produção para o etanol, alterando o mix de produção da usina. Movimento contrário ocorre quando os preços do açúcar se elevam, tornando-se mais remuneradores que os preços do etanol.

A forte pressão altista sobre os custos de produção é a principal fragilidade do setor. Diversos fatores conjunturais podem explicar essa tendência, como a baixa renovação de canaviais e as adversidades climáticas verificadas nos últimos anos, bem como o endividamento ainda elevado em boa parte dos grupos econômicos do setor. Já os grupos capitalizados não investem em aumento de capacidade por não vislumbrarem suficientes retornos ajustados ao risco do negócio. Alguns grupos em dificuldades financeiras, por sua vez, estão até mesmo encerrando suas atividades produtivas, o que, no futuro, pode induzir a uma nova rodada de fusões e aquisições.

Diante de um contexto de instabilidade e incerteza, estão represados os investimentos em ampliação de capacidade produtiva do setor. Contudo, a cogeração de energia a partir da biomassa da cana ressurge no horizonte como importante fonte de receita. Com a estiagem verificada na safra atual e, consequentemente, com a redução da capacidade de geração das hidrelétricas pelo Brasil, a cogeração de biomassa voltou a ganhar força.

 

“Limite suas avaliações a empresas qualificadas para investimento, excluindo dessa categoria aquelas que não atenderem a critérios específicos de solidez financeira”.

Benjamin Graham

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