top of page
Análise do Setor de Serviços
Aprenda a investir e analisar o mercado com nosso conteúdo de análise fundamentalista, análise técnica e estratégias de inves

Serviços (Setor Terciário)

O setor de serviços é o de maior participação no produto e no emprego no Brasil, responsável por cerca de 66%  do pib e dos empregos brasileiros. A diversidade deste setor dificulta e limita a sua análise. A redução da renda e o aumento de desemprego impactam o setor serviços de forma mais forte do que nos outros setores em razão de ser o primeiro a sentir a queda no consumo. Os gastos do governo, assim como das famílias, também afeta diretamente o setor.

Quanto mais se produz, maior será a atividade do comércio e dos serviços. Quando a economia está crescendo mais agentes tendem a tomar emprestado para investir, antecipar consumo etc. Quanto maior a renda, maior tende a ser o turismo, a compra de seguros, a ida a cinemas, médicos etc. Percebe-se, portanto, que o setor serviços não determina o ciclo econômico, mas é por este determinado.

A terceirização da economia é uma tendência observada mundialmente. Há uma mudança na estrutura produtiva (agropecuária, indústria e serviços) que torna o setor serviços cada vez maior, tanto no que se refere à sua participação no PIB quanto no emprego das economias. Entretanto, o setor aparenta estar sobrecarregado de atividades tradicionais e pouco produtivas, que apresentam menor capacidade de incorporação de progresso técnico e aproveitamento das economias de escala em relação à agricultura e à indústria.

O crescimento da economia brasileira nos últimos 20 anos elevou o consumo das famílias – através da renda – e o consumo da administração pública, proporcionado pela ocupação de uma porcentagem maior de residentes; pelas políticas públicas de redistribuição de renda e pela ampliação dos setores de saúde, educação e administração públicas. O crescimento do consumo está diretamente relacionado com o crescimento dos serviços.

O modelo de crescimento baseado no consumo e na inclusão de trabalhadores foi muito importante para o crescimento do PIB durante a década passada, contudo, findada as características que o possibilitam, a adoção de um modelo de crescimento baseado nas atividades produtivas (produção) e na produtividade pode ser crucial para a continuidade do crescimento. Apesar disso, assim como bens de capitais, os serviços também apresentam uma participação muito baixa nas exportações brasileiras, e a importação de serviços e bens de capitais contribui para o déficit na balança comercial.

Se comparado ao setor agropecuário, o qual nos últimos anos reduziu o número de empregados diante de avanços na produtividade do trabalho, a maior parte dos novos empregos, 80% deles, foram criados em atividades produtivas de serviços, sendo muito superior à geração de empregos da indústria. Entretanto, os empregos gerados pelo setor de serviços apresentam em sua maioria baixa remuneração.

"O resultado do protecionismo será sempre a redução da produtividade do trabalho humano."
Ludwig Von Mises

• Comércio e Varejo - Um dos segmentos mais importantes do setor terciário é o comércio devido ao seu tamanho na economia, a sua capacidade de geração de emprego e renda e por sua capilaridade. O comércio tem sido um dos setores com maior expansão no atual cenário econômico, fortemente apoiado na demanda interna. A forte expansão da oferta de crédito teve um papel fundamental neste processo, tanto pela extensão dos prazos de pagamento oferecidos pelo comércio, quanto pelo seu barateamento.

Com o crescimento econômico dos últimos anos e aumento da capacidade de consumo da população (via aumento do salário mínimo, acesso ao crédito, e aos programas sociais como o Bolsa Família, por exemplo), as empresas passaram a oferecer melhores condições de pagamento/financiamento para produtos de consumo popular brasileiro.

 

O comércio responde por quase 12% do PIB brasileiro. O comércio varejista é responsável por mais de 40% do comércio geral. Cerca de 27% do comércio varejista é de produtos não duráveis, representados pelo comércio em hiper e supermercados e em lojas especializadas de alimentos, bebidas e fumo.

Geralmente, durante o 1º trimestre do ano, o nível de atividade no comércio é baixo, pois nesse período há concentração de pagamentos como IPTU e IPVA, o que comprime a renda da população. Nesse período, as lojas costumam fazer a reposição dos estoques. Normalmente, nos meses de férias (janeiro e julho), há menor nível de atividade do comércio nas regiões metropolitanas e maior atividade nas regiões turísticas. Já o mês de dezembro costuma ser o ápice das vendas do comércio.

 

Cada vez mais o comércio tem se aproveitado de uma oportunidade significativamente rentável para a sua estratégia de crescimento. Sem necessidade de um número alto de empregados e com uma estrutura física mínima para o funcionamento, além do conforto, comodidade e segurança proporcionados ao consumidor, o e-commerce se mostrou um canal alternativo muito eficiente e lucrativo para as vendas das companhias do setor. Além disso, serviços que antes eram típicos do sistema financeiro passaram a ser ofertados e administrados pelo varejo, como vendas dos cartões fidelidade, crédito, financiamento e pagamento de contas.

O comércio é diretamente afetado pelo aumento da inflação (redução da renda), do desemprego e da taxa de juros (restrição de crédito) e demais fatores que desestimulam o consumo, sendo um dos primeiros setores econômicos a ser afetado por períodos de recessão econômica.

 

As adversidades econômicas estão pesando sobre os gastos das famílias, especialmente os não essenciais. Além disso, altas tarifas e flutuações nas taxas de câmbio estão limitando a acessibilidade de bens importados e, portanto, a demanda por eles. A tendência do setor pode ser observada através de indicadores como volume de vendas no varejo, confiança do consumidor e do comércio. 

Com o fim do boom demográfico nos próximos anos, o crescimento do PIB potencial dependerá fundamentalmente da elevação da produtividade do trabalhador. O problema é que a produtividade do trabalho no Brasil encontra-se praticamente estagnada desde 1980. As evidências mostram que a baixa produtividade brasileira é um problema sistêmico e alcançam todos os setores da economia. Aliado a isso, o elevado custo do financiamento, o excesso de tributação, de burocracia e de regulamentações  prejudica tanto o desempenho quanto o investimento no setor.

• Serviços de Tecnologia da Informação TI - Historicamente, no Brasil, o setor de software cresce a taxas superiores a dois dígitos (de 2011-2013, média de 12% ao ano). A indústria brasileira de desenvolvimento e serviços de software deve apresentar faturamento total de cerca de R$ 35 bilhões em 2014. Os principais fatores do crescimento são: aumento dos investimentos de TI de setores tradicionais da economia (como agricultura, transportes, saúde e educação); constante incentivo para terceirizar serviços e infraestruturas internas de TI; difusão de aplicativos móveis; e advento de novas tecnologias (como Internet das Coisas e Big Data).

 

As empresas de TI em geral apresentam alto crescimento, porém, margens menores, devido à necessidade de reinvestimento em seu período de crescimento, seja no desenvolvimento de novos produtos, expansão da sua base de clientes, ou até na aquisição de outras companhias. Suas estruturas costumam ser “asset light”, ou seja, possuem poucos ativos imobilizados, tais como maquinário, pois a maioria é intangível (patentes e direitos), bem como capacidade intelectual dos colaboradores.

 

Necessitam de um alto investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), haja vista que o setor, como um todo, está em constante evolução e seu crescimento ocorre principalmente através de fusões e aquisições. Por outro lado, indústrias de telecomunicações e hardware dependem de fábricas e manutenção de estoque, como qualquer outra indústria.

O Brasil, segundo a associação Brasileira das Empresas de Software (Abes)/IDC, ocupa a sétima posição no ranking internacional dos investimentos em TI (que inclui hardware, software e serviços). Esse mercado movimentou cerca de R$ 62 bilhões em 2013, representando cerca de 2,7% do PIB brasileiro e 3% do total global do setor. Finanças, serviços e telecom representaram praticamente 51% do mercado usuário, seguidos por indústria, governo e comércio.

 

Contudo, é muito difícil prever o futuro da TI, em razão dos seus ciclos econômicos serem muito rápidos, valendo ressaltar que o setor está influenciando cada vez mais todos os tipos de atividades, não só econômicas. Há diversos gargalos que impedem um maior crescimento do setor de TI no Brasil, sendo talvez a falta de oferta de mão de obra qualificada o mais importante.

• Bancos - O setor bancário brasileiro tem apresentado uma rentabilidade substancialmente superior àquelas registradas em setores produtivos nos últimos anos. A rentabilidade obtida atualmente pelos bancos provém de duas grandes fontes: tarifas por serviços prestados e spreads decorrentes da atividade de intermediação. As margens do setor são diretamente influenciadas pelas pressões inflacionárias e da taxa de juros e pela demanda por crédito. O ambiente macroeconômico, portanto, tem papel fundamental na determinação da oferta e das condições do crédito bancário.

O menor crescimento do produto e da renda resulta em menor demanda por crédito, dado o nível mais baixo dos gastos dos agentes (firmas e famílias), além de aumentar a inadimplência por parte dos tomadores de crédito. Alternativamente, o maior crescimento do produto e de renda aumenta a demanda por crédito e diminui o nível de inadimplência, impactando positivamente sobre a avaliação de risco do crédito por parte dos bancos.

Além disso, é importante ressaltar a importância do índice de Basiléia. Quanto maior ele for, melhor, pois maior será a garantia de que o banco terá capacidade de honrar com seus compromissos. Se um banco possui Índice de Basiléia de 15%, significa que, para cada R$ 100,00 emprestados o banco possui patrimônio de R$ 15,00. O índice mínimo exigido pelo Banco Central do Brasil é 11%.

 

Os principais bancos se assemelham em suas atuais estratégias competitivas, que passam pela aquisição de outras instituições, contratação de correspondentes bancários e acordos operacionais com redes varejistas, visando ampliar o crédito para pessoas físicas.

 

Os períodos de maior crescimento do crédito bancário, como 1994-1995 e 2004-2008, coincidem, de grosso modo, com períodos de maior crescimento econômico, uma vez que é de se esperar que as firmas busquem novas fontes de financiamento para expansão de suas atividades, assim como as famílias busquem expandir seus gastos com bens de consumo com crédito, durante as fases de crescimento da renda e do nível de atividade econômica.

Contudo, o Brasil apresenta baixa eficiência da intermediação financeira, a elevada concentração bancária no país leva alguns bancos a possuir parcelas significativas dos mercados de captação e de crédito, concedendo-lhes grande poder de fixação de preços para prestação de serviços financeiros, uma tendência mundial. Além disso, a elevada taxa básica de juros brasileira que, associada com as elevadas necessidades de financiamento do setor público, retiram grande parte do crédito dos setores produtivos, situação que ainda é piorada pelo fato do volume de crédito dos bancos estatais serem superiores aos dos bancos privados.

A grande desvantagem dos grandes bancos em relação aos digitais é o espaço para crescimento. Atualmente, uma das principais vantagens em investir nos grandes bancos, são suas políticas de distribuição de dividendos. Por outro lado, no caso dos bancos digitais, apesar de demonstrarem grande potencial e espaço para crescimento, ainda não é muito confiável a constância de resultados positivos.

“A economia é uma virtude distributiva e consiste não em poupar mas em escolher”.
Edmund Burke

• Imobiliário - Formado por empresas que atuam na administração e na comercialização de bens imóveis (compra, venda e aluguel). O mercado imobiliário tem grande correlação com mercado de credito no Brasil. Credito mais rígido e caro desestimula a compra do imóveis.

 

Os principais fatores econômicos que afetam tanto a demanda como a oferta no setor são o poder de compra da população, a variação na renda das famílias, taxa de desemprego e inflação, crescimento econômico do país, políticas fiscais e monetárias, acesso ao crédito, taxa de juros, investimentos estrangeiros e a atratividade do investimento imobiliário comparado com outras alternativas de investimento. 

Além disso, a estabilidade ou instabilidade política podem causar mudanças nas preferências de investimento, fazendo com que alguns investidores busquem alternativas de maior liquidez. Portanto, o setor imobiliário é cíclico, apresentando momentos de crescimento e de quedas. A taxa de juros impacta diretamente no setor, ou seja, quanto maior os juros pagos pelo capital, menor o interesse em investir em imóveis, sendo o contrário positivo, pois baixos juros tornam o setor atrativo.

 

• Shopping Center - O comércio responde por 13% do PIB, sendo o comércio varejista responsável por 42% do comércio geral. Os Shopping Centers representam 20% do comércio varejista nacional, empregando cerca de 900.000 pessoas. Os principais custos operacionais estão relacionados à mão-de-obra e custos de manutenção. As classes a e b respondem conjuntamente por 79% dos consumidores dos shoppings centers, juntando-se a classe c1, tem-se 93% dos consumidores da indústria. O grupo com 55 anos ou mais responde por 19% do volume de vendas.

 

Os resultados operacionais dos shopping centers dependem das vendas geradas pelas lojas. O comércio varejista é um dos primeiros a sentir os impactos causados por mudanças na conjuntura econômica. As vendas do setor são dependentes de variáveis como: nível de renda do consumidor, nível de emprego, juros, condições e prazos de financiamento ao consumidor. O faturamento do setor vem aumentando nos últimos 5 anos, bem como o número de lojas em shoppings. Há previsão de aumento no número de shoppings para os próximos anos, mas a previsão da taxa crescimento é menor.

• Educação – Há 58,2 milhões de alunos matriculados em escolas no País, 70% na rede pública e 30% na rede privada. No caso do ensino superior, 73% estão nas universidades privadas, cuja demanda do segmento é crescente. No geral, o setor apresenta elevada ociosidade na rede privada – 46% das vagas oferecidas estão ociosas. O movimento de queda de matrículas na educação básica continua, em função da recente redução da população mais jovem.

 

Por outro lado, a educação profissional apresentou crescimento expressivo ao longo de toda a década, em função das políticas direcionadas pelo governo federal. Nos últimos 10 anos a taxa média anual de crescimento do ensino superior, considerando as matrículas foi de 10,1%. O setor educacional privado brasileiro teve um crescimento recente principalmente em virtude das políticas de expansão realizadas pelos governos, principalmente por meio do Programa Universidade para Todos (PROUNI) e do Programa de Financiamento Estudantil (FIES).

Sazonalidade: A geração de empregos no setor ocorre predominantemente nos meses de fevereiro e agosto, sendo os períodos mais baixos dezembro a janeiro e junho a julho. A concorrência acirrada e barateamento das mensalidades comprometem a margem e dificulta o investimento em pesquisa, laboratórios, professores e instalações, comprometendo a qualidade do serviço. O risco de inadimplência é um dos principais fatores de risco para o setor, dado que as mensalidades são a principal fonte de renda das instituições de ensino.

Um cenário de crise econômica leva à redução de renda e ao aumento do desemprego, gerando consequentemente o aumento de inadimplência em todos os níveis de ensino e/ou aumento de descontos concedidos, a migração do ensino privado para público no Ensino Básico, a Menor demanda (captação de alunos) e evasão de alunos de Ensino Superior.  O ensino superior à distância (online) é menos afetado, além de apresentar custos menores.

• Seguro e Previdência - Os mercados brasileiros de seguros, previdência complementar aberta, capitalização e resseguros vêm experimentando grande avanço no que se refere à gama de produtos oferecidos. Nos últimos 16 anos, observa-se um substancial aumento no volume de receitas e uma crescente participação no Produto Interno Bruto (PIB) do país.

 

As empresas seguradoras normalmente têm uma estrutura ‘’leve’’ e trabalham fortemente o lado comercial. O resultado costuma ser uma Rentabilidade Sobre o Patrimônio bastante elevada.  65% da receita da carteira das corretoras de seguros pertencem a segurados pessoas físicas.

 

Atualmente, 17 milhões de veículos e 10 milhões de residências possuem seguro. Além disso, 17 milhões de pessoas (físicas e jurídicas) contam com títulos de capitalização. A região Sudeste tem 61% do faturamento do setor, seguida da Sul, com 18% do total. O percentual médio de renovação de apólices por parte dos segurados supera a faixa de 90%, em 70% das corretoras de seguros.

O setor é afetado pela queda do nível geral de atividade econômica pelo aumento do desemprego, pela queda na produção agrícola, queda nas vendas do comércio e de serviços. Por fim, A queda da renda média da população, como efeito da retração econômica  impacta todos os ramos de seguros do Segmento de Pessoas, especialmente os massificados, como os Seguros de Vida Risco, Prestamista, Planos e Seguros de Saúde Individuais e por Adesão, e o Segmento de Capitalização.

 

• Sistema de saúde privado – 25% da população brasileira têm cobertura de plano de saúde privado. A expansão do número de usuários acompanha a formalização do emprego. Os planos coletivos englobam 80% dos usuários e os individuais 20%. As operadoras de planos de saúde de pequeno porte representam 73,5% do setor, medido em número de usuários, as empresas de grande porte representam 6,7%. Os aumentos de preços dos planos de saúde são controlados e autorizados pela ANS.

 

O setor dependente no nível de emprego e de renda. Há necessidade de constantes inovações tecnológicas. Há o risco de inadimplência dos usuários, além da concorrência acirrada entre os planos de saúde em razão da regulamentação da mobilidade com portabilidade de carência, ou seja, nos planos individuais ou familiares há a possibilidade de troca de operadora com o aproveitamento da carência. Além disso, o setor é dependente do câmbio, pois parte dos equipamentos e dos insumos são importados.

O aumento da expectativa de vida da população vem promovendo maior demanda por serviços de saúde. A precariedade do sistema de saúde público é um impulso à demanda por serviços de saúde privada, juntamente com a formalização do mercado de trabalho e elevação do emprego que promove expansão dos planos de saúde coletivos. O aumento de renda que favorece a expansão dos planos individuais. O número de usuários vem crescendo nos últimos 5 anos, bem como o percentual da população que tem cobertura.

O mercado interno crescente é o principal motivo para que as perspectivas de investimento no setor permaneçam positivas, com algum grau de autonomia em relação ao cenário macroeconômico.Mesmo sob a hipótese de um cenário externo e interno de estagnação, a demanda por produtos de saúde no Brasil tende a continuar crescendo acima da média da economia, impactando positivamente as expectativas sobre os investimentos no setor.

“A economia do tempo é menos vulgar e mais importante que a do dinheiro.”
Marquês de Maricá

• Telefonia fixa e móvel – A telefonia móvel corresponde a 87% dos acessos no Brasil, sendo 83% pós-pago. o quarto maior mercado de serviços de telecomunicações do mundo e o quinto maior número de assinantes de celulares, além de ser o terceiro maior mercado de computadores e terceiro maior número de registros (sites) de internet. Por outro, é um país onde 80% dos telefones são pré-pagos, a receita por usuário caiu de R$ 25 em 2005 para R$ 20 em 2014, apenas 40% dos lares possuem internet e 43% da população utiliza a rede.

O faturamento do setor de telecomunicações atingiu R$ 201 bilhões em 2013, com uma força de trabalho composta por 488 mil empregados diretos. O setor apresenta um alto nível de competição e requer capital intensivo – necessidade de elevados e constantes investimentos em tecnologia. É regulamentado pelo governo, que autoriza o reajuste de tarifa de telefonia fixa.

 

O setor depende do nível de renda da população e do ritmo de crescimento da atividade econômica, havendo o risco de inadimplência. O efeito do câmbio sobre o setor de telefonia é negativo no tocante à elevação dos custos, pois os equipamentos são cotados em dólar. Sazonalidade das vendas de linhas móveis é mais forte no Dia das Mães, Dia dos Pais e Natal. O número de acessos e a demanda para o setor vêm aumentando.

• Transporte aéreo de passageiros – O transporte aéreo responde por 10% do setor de transportes. Os meses que apresentam maior demanda são julho, outubro, dezembro e janeiro. Fevereiro é o mês que apresenta a menor demanda. Dos principais custos do setor o gasto com combustíveis responde por 40%.

 

As importações de querosene para aviação representam 24% do consumo interno. A Tam possui 41% do market share, seguida pela GOL 35%, Azul 14% e Avianca 5%. A demanda do setor é crescente e o número de passageiros transportados vem crescendo, apesar da oferta de assentos se encontrar estável. O consumo e a produção de querosene para aviação se encontram estáveis. Contudo, o seu preço vem aumentando no mercado.

 

O setor dependente do nível de atividade econômica, do nível de emprego, da renda da população e das condições de financiamento. Além disso, o setor dependente da taxa de câmbio, pois as aeronaves são adquiridas por meio de leasing em dólar e as dívidas e custos são atrelados ao dólar. Os custos com combustíveis são atrelados também ao petróleo. É um setor com alto índice de tributação 35%.

• Transporte rodoviário de cargas – O transporte de cargas responde por 70% da Receita do setor e o de passageiros por 30%. Sazonalidade: A indústria apresenta uma maior demanda no segundo semestre entre julho e dezembro. As transportadoras mais ligadas ao transporte de produtos agrícolas têm maior nível de atividade durante o 1º semestre do ano, quando ocorre o período de colheita e comercialização da safra agrícola.

Para o período de 2015 a 2018, as perspectivas são de investimentos da ordem de R$ 177 bilhões nos setores de portos, ferrovias, rodovias e aeroportos, considerando os investimentos privados e públicos (federais). O setor de rodovias abarca 42% do montante previsto, justificado pelo fortalecimento das concessões federais. Outro setor de destaque é o ferroviário, com 27% da projeção de investimento no período, concentrando-se a partir de 2017.

Assim, recentemente a infraestrutura logística tornou-se uma preocupação nacional, o que acarretou, por um lado, a retomada do planejamento no setor e, por outro, a inclusão dos projetos prioritários nos planos de investimento federal, a saber: Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), PAC 2 e PIL.

Os principais custos do setor são: óleo diesel e lubrificantes 33%, mão-de-obra 43%, manutenção, pedágios, IPVA e licenciamento, seguros e sistemas de segurança, peças de reposição e pneus. Os gastos com a manutenção do caminhão representam 50% da renda bruta do caminhoneiro autônomo. O setor dependente do nível de atividade econômica. As transportadoras ligadas à atividade agrícola dependem do volume da safra e as empresas de transporte de concreto dependem do nível de atividade da construção civil.

Em um ambiente de crescimento no mundo e no Brasil, a demanda por serviços de transporte e serviços logísticos integrados deverá se acelerar. Na hipótese de preço elevado do petróleo, o impacto sobre os custos logísticos no Brasil, sem o equacionamento da matriz modal de transportes, será ainda mais intenso, pela preponderância do custo de combustível.

 

• Transporte ferroviário - O transporte ferroviário responde por 20,7% do transporte de cargas no Brasil e por 0,5% do transporte de passageiros. O transporte de passageiros é focado no transporte urbano. O modelo de locomotiva predominante no transporte de cargas brasileiro é a Diesel-elétrica. O modelo elétrico possui um alto custo fixo de manutenção e, por isso, se restringe aos sistemas de transporte metropolitano. 70% dos custos do setor são de mão-de-obra, 22% de combustíveis. A indústria fornecedora de bens de capital para o transporte ferroviário atua sob encomenda.

Não existe competição direta entre as empresas, pois cada linha possui um trajeto específico. Existe uma correlação entre o preço do frete cobrado pelo Transporte Ferroviário e o do Transporte Rodoviário. Isto porque eles são considerados substitutos perfeitos para alguns trajetos e, com isso, passam a ser concorrentes. O sistema ferroviário de transporte de cargas é predominantemente voltado para as commodities, mas é um cenário que está em mudança devido aos grandes avanços técnicos. O volume anualmente transportado se encontra estável, os investimentos têm aumentado nos últimos 5 anos.

O custo fixo da atividade é alto e torna-se ainda maior devido à baixa distância percorrida. Os trens brasileiros percorrem, em média, 500 km quando o ideal é acima de 1.000 km. O setor é influenciado pelo nível de exportações brasileiro, principalmente de commodities, e pelo ritmo de atividade do mercado internacional.

• Turismo e hotelaria – A importância do turismo está no efeito multiplicador exercido em outros setores econômicos. A geração de emprego e a entrada de turistas movimentam o comércio, a construção civil e as indústrias têxtil, de eletroeletrônicos e de alimentos, por exemplo. O período de maior demanda do setor ocorre entre setembro e fevereiro.

Os principais custos do setor hoteleiro são: 40% depreciação – elevado investimento em imobilizado/manutenção, 40% mão-de-obra; 20% – água, energia elétrica, mercadorias em geral (alimentos, produtos de limpeza) entre outros.

A potencialidade do turismo brasileiro é pouco aproveitada em razão dos seguintes aspectos: pouca divulgação no exterior, crises econômicas imagem turística externa negativa, problemas de infra-estrutura como gargalos aeroportuários, violência urbana, infra-estrutura inadequada – esses aspectos do turismo brasileiro vêm melhorando ao longo dos anos, mas ainda é insuficiente para aproveitar toda potencialidade brasileira. Contudo, a demanda para o setor é crescente.

“A maioria das pessoas se interessa pelas ações quando todos estão interessados. A hora de se interessar é quando ninguém mais está interessado. Não é possível comprar o que é popular e se dar bem”.
Warren Buffett

Ao realizar uma análise setorial o investidor deve avaliar se o segmento vem crescendo e, principalmente, se ainda há espaço para mais crescimento. Através dos indicadores macroeconômicos deve procurar compreender os impactos destes no setor, bem como a tendência do preço das commodities que o setor é dependente, seja como consumidor, seja como produtor, e como isso afeta as margens dessas empresas.

 

Sabendo o desempenho geral do setor o investidor pode saber se determinada empresa vem apresentando desempenho “compatível” com os das demais empresas do setor, encontrando assim novas oportunidades e, teoricamente, prever e evitar riscos.

A melhor forma de se fazer isso é realizando uma análise comparativa. Os fundamentos apenas têm valor quando comparados à sua tendência histórica e aos fundamentos das demais empresas. Isso também é importante porque aumenta as opções de investimento.

 

Através de uma análise fundamentalista das principais empresas de um determinado setor é possível definir os valores médios e os padrões que os fundamentos desse setor apresentam. Assim, o investidor poderá, por exemplo, determinar se a evolução do lucro e a margem líquida de uma determinada empresa estão de acordo com os padrões para o setor. Saberá assim se a empresa está apresentando uma performance acima ou abaixo da média do setor, possibilitando ainda definir uma projeção das perspectivas para a empresa e para o setor.

Em suma, através da análise macroeconômica o investidor irá filtrar aqueles setores que acredita que vêm apresentando baixa performance de resultados ou que acredita que serão impactados pela conjuntura econômica, definindo quais são os setores econômicos mais favoráveis para se investir. Para isso recomenda-se acompanhar a evolução das cotações do índice setorial na Bovespa, definindo sua tendência de longo e curto prazo, além de comparar a rentabilidade do índice setorial em relação ao Ibovespa, bem como a rentabilidade das ações do setor em relação a esses.

A partir daí, o investidor deve fazer um levantamento das empresas do setor, definindo as principais líderes do segmento, ao mesmo tempo em que filtra aquelas que vêm apresentando resultados ruins ou abaixo da média das demais empresas do segmento. Para poupar tempo, o investidor deve analisar apenas aquelas que geraram lucro nos últimos 3 anos, retirando aquelas que vêm apresentando prejuízos ou que possuem uma dívida maior que o valor patrimonial, pois em tese, são empresas que perderam o controle da dívida ou são muito alavancadas.

Assim, o investidor irá definir quais são as empresas que mais se destacam no setor utilizando os valores médios dos indicadores do setor, como P/L, Margem Líquida, ROE, DY, Dívida/Patrimônio Líquido, dentre outros, criando assim um ranking do setor. Ao retirarmos as “maçãs podres” do cesto, perceberemos que nem tudo é tão ruim assim, e teremos uma visão melhor do setor. Encontraremos empresas que consecutivamente vêm apresentando trimestralmente lucro líquido positivo, margem líquida positiva, ROE positivo e dívida total sobre o patrimônio menor que um.

“As melhores ações para investimento estão em um ponto intermediário entre as muito ruins e as muito boas”.
Benjamin Graham

O foco dessa estratégia é o investimento em valor e não a especulação. Contudo, é importante frisar que grandes empresas não conseguem crescer nas mesmas proporções que as empresas menores do setor. Elas não conseguem dobrar sua receita a cada 1 ou 2 anos, o que empresas menores podem conseguir fazer. E como o preço de uma ação e a sua variação estão diretamente ligados à expectativa que o mercado tem em relação ao desempenho da empresa, ações de empresas menores que apresentam bons resultados e tem melhor desempenho no setor podem se valorizar mais do que as ações das grandes empresas, já maduras e consolidadas no setor.

Quanto maior a expectativa do mercado em relação ao crescimento, à performance e à rentabilidade da empresa, maior será a valorização de suas ações caso ela consiga realizar bons resultados, e nem sempre essa empresa será a maior ou a líder do setor. Contudo, caso não consiga atingir bons resultados, ou mesmo, haja uma redução na sua performance, é de se esperar que suas ações sejam mais depreciadas em relação às ações das grandes empresas líderes do setor.

 

Sempre tenha consciência da relação entre risco e rentabilidade ao definir em que setor irá investir, filtrando as empresas que vêm apresentando baixo desempenho e selecionando as empresas lucrativas para a realização de uma análise mais aprofundada que levará à escolha da melhor opção de investimento.

Devemos perceber as características de cada setor, tendo cautela ao comparar empresas de setores diferentes, pois cada um tem suas próprias peculiaridades. Por exemplo, o setor de tecnologia de informação quase não possui dívidas e as empresas de utilidade pública têm dívidas que equivalem a mais da metade dos seus patrimônios líquidos, ou ainda o Dividend Yield, que em alguns setores chega a ser menor que 2% e em outros chega a ser maior que a inflação do período.

Portanto, o mais importante é fazer um filtro que elimine as empresas que não se enquadram nos múltiplos mínimos exigidos para o setor. Essa carteira de empresas deve ser periodicamente reavaliada, pois nenhuma decisão em renda variável é definitiva. Fundamentos e tendências de preço mudam, assim como a sua análise deve mudar com o passar do tempo. As decisões tomadas hoje podem não ser mais apropriadas num diferente contexto no futuro.

Esse tipo de análise comparativa demonstra a força ou a fraqueza de determinada empresa em relação às demais do setor. Ajuda a identificar não apenas a empresa líder do setor, a qual não será necessariamente a maior empresa, mas as mudanças na tendência dos fundamentos e na performance da empresa com o passar dos anos.

 

Não devemos assumir que o líder de mercado hoje sempre o será. Mudanças nos fundamentos da empresa são o que determinará sua decisão de comprar, manter, vender ou ficar de fora. Logo, o mais importante é descobrir as mudanças o mais cedo possível para poder agir de acordo e tirar proveito das oportunidades.

“A mudança é a única constante do mercado”.
Capital e Valor
Aprenda a investir e analisar o mercado com nosso conteúdo de análise fundamentalista, análise técnica e estratégias de inves
“As pessoas não querem saber se é um mercado de alta ou de baixa. Querem saber qual ação comprar ou vender. Querem receber algo em troca de nada. Não querem trabalhar. Não querem estudar. Não querem sequer ter que pensar”.
Jesse Livermore

2024 Capital e Valor. Todos os Direitos Reservados.

Ao acessar os serviços do Capital e Valor você estará de acordo com os nossos Termos e Condições. As informações contidas neste site tem o propósito meramente informativo, não representam oferta ou solicitação de compra ou venda de qualquer valor mobiliário ou instrumento financeiro.

Métodos de Pagamentos Aceitos

Aprenda a investir com nosso conteúdo de análise fundamentalista, análise técnica e estratégias de investimentos
bottom of page