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Operações de Spread - Travas com Opções
Aprenda a investir no mercado com nosso conteúdo de análise fundamentalista, análise técnica e estratégias de investimentos

Além da utilização de opções para as estratégias que foram abordadas, existem outras possibilidades mais complexas conhecidas como spreads. Essas estratégias envolvem a combinação entre posições compradas, vendidas ou ambas, dentre opções de diferentes strikes, ou mesmo, entre diferentes opções, para diferentes objetivos.

Spreads são estratégias que permitem ao investidor realizar apostas, direcionais ou não, sobre o comportamento do ativo objeto. A ideia por trás dessas combinações é reduzir o risco de uma compra a seco ou de uma venda a descoberto em opções, o que consequentemente proporcionará menores retornos. E conforme dito anteriormente, caso os riscos envolvidos na operação sejam expressivamente mais altos do que o potencial máximo de retorno, tal operação dificilmente compensará no longo prazo.

 

Em alguns casos o retorno da venda de uma opção irá financiar a compra de outra. E esta por sua vez irá minimizar o risco daquela posição vendida. Em suma, quanto maior o número de diferentes opções envolvidas na estratégia, mais complicada será a sua implementação e o seu desmanche, também serão maiores os custos operacionais e, consequentemente, menor será o seu potencial de retorno, o que não necessariamente diminuirá o risco da estratégia.

Spreads estão dentre as poucas estratégias no mercado em que se é possível determinar com maior precisão os riscos envolvidos. Portanto, antes de montar um spread ou “trava”, o investidor deve ponderar se o risco máximo da operação compensará o seu retorno máximo. Para isso, é fundamental avaliar os custos envolvidos e definir qual será o objetivo da estratégia, ou seja, definir qual será o momento ideal para montar a trava e também para desfazer as posições, de forma que a operação tenha atingido seu lucro máximo.

Um spread entre dois ativos nada mais é do que a diferença de preços entre os dois contratos. O lucro de uma operação de spread será a diferença de preço entre as opções. A partir do momento em que essa diferença aumentar ou, dependendo da estratégia, diminuir, haverá lucro. E assim que o objetivo máximo de lucro da operação for atingido o spread deverá ser desmontado, ou seja, as posições compradas deverão ser vendidas e as posições vendidas deverão ser compradas.

Após isso ter sido feito, o investidor pode decidir se vai ou não rolar o spread, o que significa montá-lo em opções de strikes superiores ou inferiores às do spread original ou, em opções com vencimento posterior, ou seja, em séries seguintes. O investidor poderá ainda aguardar um momento mais oportuno para montar uma nova estratégia, ficando de fora do mercado, ou mesmo, montar uma estratégia diferente. Vale ressaltar que em muitos casos, quando próximo do dia de vencimento poderá compensar mais para o investidor encerrar apenas uma das pontas e exercer a outra.

Portanto, para o sucesso de uma operação de spread é fundamental que o investidor acerte o momento ideal para montá-la. Ao selecionar um determinado tipo de spread, o investidor estará fazendo uma aposta direcional sobre o movimento futuro do preço do ativo objeto, a qual resultará em prejuízo caso sua expectativa não venha a acontecer. Sendo assim, torna-se essencial o domínio das características da estratégia, bem como a compreensão dos fatores que a influenciam.

 
“Não há necessidade de se reinventar a roda, apenas de torná-la redonda”.
Capital e Valor

Existem basicamente dois tipos de operações de spread no mercado de opções. Quando o investidor recebe dinheiro ao montar a trava temos um spread de crédito. É o caso da trava de baixa, em que o valor recebido pela venda da opção é maior do que o valor pago pela compra da outra opção. Caso o spread da operação diminua de valor, haverá lucro, e caso aumente de valor, haverá prejuízo.

Quando o investidor tem que desembolsar dinheiro para montar a trava temos um spread de débito. É o caso da trava de alta, em que o valor pago pela compra da opção é maior do que o valor recebido pela venda da outra. Caso o spread da operação aumente de valor, haverá lucro, e caso diminua de valor, haverá prejuízo.

Assim, num spread de crédito tem-se a venda de valor extrínseco, e num spread de débito, tem-se a compra. Conforme dito anteriormente, a volatilidade no preço do ativo objeto influencia diretamente o comportamento do preço de seus derivativos. Uma diminuição da volatilidade no preço do ativo objeto induzirá à  perda do valor extrínseco no prêmio de suas opções, principalmente nas que estão fora do dinheiro, as quais possuem apenas VE. Consequentemente, os Deltas das opções também irão diminuir.

 

Sendo assim, após um período de lateralização no preço do ativo objeto os seus contratos de opção poderão não acompanhar muito bem aos movimentos do preço do ativo objeto, já que ficam reduzidas as chances de que haja exercício nos mesmos. Isso pode ocorrer nas opções de compra ainda que o preço do ativo objeto esteja subindo, porém de maneira lenta e com baixa volatilidade, ocorrendo o mesmo nas opções de venda quando o preço do ativo cai de forma lenta e com baixa volatilidade. Em ambos os casos, apesar do movimento no preço do ativo objeto, teoricamente, ser favorável à valorização do prêmio das opções, isso não acontece.

Também é de se esperar que o valor extrínseco das opções aumente após um período de grande volatilidade no preço do ativo objeto. Consequentemente, os deltas dessas opções também irão aumentar, fazendo com que acompanhem melhor às variações no preço do ativo objeto. Mas por outro lado, quanto mais “caro” o investidor estiver pagando por uma opção em relação à média histórica do seu preço, maior será o ponto de equilíbrio da operação e, consequentemente, maior será o risco e menor será o seu potencial de retorno.

Podemos concluir que após haver ocorrido uma grande variação no preço do ativo objeto durante alguns dias, ou seja, num período de tempo relativamente curto, essa volatilidade será embutida no preço de suas opções como VE. Se a partir daí o preço do ativo objeto ficar numa congestão, ou seja, passar a apresentar baixa volatilidade, é de se esperar que esse VE seja depreciado, ainda que o preço do ativo objeto se mantenha estável, ou mesmo, tenha uma pequena variação favorável ao spread que fora montado. Essa situação beneficia uma posição vendida em opções (spread de crédito) e prejudica uma posição comprada (spread de débito).

O contrário também pode ser afirmado após um período em que o preço do ativo objeto ficou numa congestão e o VE de suas opções fora depreciado. Essa situação beneficia uma posição comprada em opções (spread de débito) e prejudica uma posição vendida (spread de crédito), pois os preços de mercado das opções estarão mais “baratos” em relação à sua média histórica.

 
"No caráter, na conduta, no estilo, em todas as coisas, a simplicidade é a suprema virtude".
Henry Wadsworth Longfellow 

Em suma, após a operação ter sido montada, mudanças na volatilidade do preço do ativo objeto terão um profundo efeito sobre o potencial de lucro e sobre o risco da operação. Ao montar um spread de crédito num momento em que o VE das opções estiver acima da média histórica ou um spread de débito num momento em que o VE estiver abaixo da média, o investidor estará tomando vantagem da volatilidade e do efeito do Theta sobre o preço das opções envolvidas na estratégia.

 

E vale ressaltar que dentre as opções da série, o prêmio da opção que estiver no dinheiro (ATM) será o mais afetado por variações na volatilidade do preço do ativo objeto e pela depreciação causada pela passagem do tempo, pois dentre a série é a que possui mais valor extrínseco.

Assim, o efeito do Theta e da volatilidade histórica sobre os prêmios das opções do spread pode ser favorável ou desfavorável para o investidor, dependendo da estratégia implementada. Entretanto, é preciso deixar claro que os fatores que mais influenciarão os preços das opções, obviamente, serão as variações no preço do ativo objeto. Isso torna fundamental além da escolha certa do ativo objeto, que o investidor acerte a direção em que o preço do ativo objeto irá se mover no futuro, de forma que a sua estratégia gere lucro.

Desde que o preço do ativo objeto se mova numa direção favorável à estratégia montada, fatores como o delta da opção, valor extrínseco, volatilidade histórica do preço do ativo objeto e o tempo restante até o vencimento, poderão apenas melhorar ou piorar o rendimento da operação. Este por sua vez, ocorrerá de qualquer maneira nesta situação independentemente desses fatores. Mas para que a estratégia atinja o ponto máximo de lucro, uma maior ou menor variação no preço do ativo objeto poderá ser necessária  dependendo da relação entre os VE’s das opções do spread.

 
"O que o dinheiro faz por nós não compensa o que fazemos por ele".
Gustave Flaubert

Uma maneira prática para definir o momento ideal para a montagem de uma estratégia de spread é calcular o spread da trava, ou seja, calcular as diferenças entre os preços de mercado das opções de um determinado ativo durante o pregão, subtraindo o valor de uma opção de um determinado strike pelo preço de outra opção cujo strike está acima (trava de alta) ou abaixo daquela (trava de baixa), e no caso do straddle e strangle, somando o preço da CALL e da PUT. Dessa forma também é possível acompanhar o comportamento dos spreads, bem como a evolução da estratégia após a trava ter sido montada, até o ponto em que o lucro máximo for atingido.

Sabendo como os preços de cada opção do spread poderão se comportar de acordo com a variação ou lateralização do preço do ativo objeto, o investidor poderá identificar dentre a série de opções quais são aquelas que lhe proporcionarão o melhor retorno. E ao comparar os spreads entre diferentes opções num determinado momento, bem como a relação entre risco e retorno oferecido por cada estratégia, o investidor poderá escolher a estratégia que apresentar a melhor relação e montá-la nas opções que apresentarem o melhor retorno de acordo do com os seus VE’s, sejam elas ITM, ATM ou OTM, aumentando assim tanto a probabilidade de sucesso quanto o potencial de retorno da operação.

Contudo, não existe nenhuma estratégia que seja 100% garantida. Ainda que se acerte nove em cada dez vezes na média. Um dia, sem sombra de dúvida, ocorrerá uma situação em que se errará dez vezes em dez operações realizadas. Esses eventos são mais comuns do que a estatística probabilística costuma considerar.

Assim, em razão do exposto, para se obter um efetivo retorno numa operação de spread torna-se primordial que o investidor defina claramente qual será o seu objetivo, bem como o limite máximo de perda para a operação, tendo disciplina para cumpri-los quando algum deles for atingido. Portanto, saiba sempre qual é a sua posição exata, o quanto você está ganhando ou perdendo e o que isso representa para você. Não se iluda, se existe um risco máximo é porque ele pode acontecer.

 

Estratégias de spread não eliminarão o risco, mas em alguns casos permitirão uma redução significativa deste. Existe uma vasta gama de possibilidades para operações de spreads de acordo com a opinião do investidor em relação ao comportamento do preço do ativo objeto e de acordo com a sua tolerância ao risco.

 

A partir da combinação de posições em diferentes opções é possível implementar estratégias para movimentos de alta ou para movimentos de queda no preço do ativo objeto, ou mesmo, para momentos de incerteza, quando se aposta em ambos. Dentre os diversos spreads selecionamos aqueles que apresentam as melhores relações entre risco, retorno e custos operacionais.

 
“Leve o dinheiro deles, antes que eles levem o seu”.
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